Sempre acreditei que esse negócio de esperar príncipe encantado era uma furada. Na verdade, não entra muito na minha cabeça que uma mulher espelhe a sua vida em um casamento e fim. Um relacionamento sempre vai depender das duas pessoas para dar certo e projetar a sua felicidade integral em algo que não depende só de você eu considero meio loucura.
Mas eu não tenho embasamento acadêmico para isso, não tenho formação na área e toda a minha opinião sobre isso sempre foi "achologia". Hoje, na hora do almoço uma psicóloga falava na tevê sobre "A Síndrome de Cinderela" e as palavras dela explicavam exatamente o que eu acreditei a vida toda que era uma doença, mas não tinha tanto embasamento para citar isso.
Então, resolvi me aprofundar no assunto e ler mais sobre. De fato, é um distúrbio e que precisa de terapia para ser tratado.
Basicamente, é isto:
"O complexo da Cinderela foi criado em inícios da década de oitenta, por Collete Dowling uma psicóloga norte-americana. Esta mesma autora descreve, que o “complexo da Cinderela” ocorre quando existe um sistema de desejos reprimidos, memórias e atitudes que tiveram sua origem na infância. Neste fenômeno existe uma crença da menina ou princesa vai ter sempre alguém que a proteja e que a sustente, tal como acontecia com a Cinderela e o príncipe. Independentemente da idade, dentro dessas mulheres, existe uma criança que vive assombrando todos os níveis da sua vida, criança essa que ambiciona ter um “príncipe perfeito” que a proteja e lhe proporcione uma vida sem esforço e sem perigos. Consequência dessa crença, existe uma insegurança em vários níveis da vida, dando origem a todas as espécies de medos e dúvidas. Por consequência desses medos, insegurança e desse príncipe que nunca mais chega, as mulheres que sofrem deste complexo, subestimam-se a elas próprias, sabotando-se e menosprezando-se. Quando de fato encontram alguém ou um “príncipe”, as mesmas crenças que sempre o ambicionaram, podem provocar o seu abandono. Pois devido a essa crença, elas tornam-se extremamente dependentes, ao mesmo tempo que elevam as expetativas ao máximo, esperando que aquele “príncipe” lhe dará o mundo e fará todas as suas vontades. Isso irá provocar, por um lado continuas decepções, ao mesmo tempo que “asfixia” do “príncipe”. Por mais que o “príncipe” a valorize, nunca chegará. Além disso é obvio um sentimento transversal de incompetência e conformismo, pois abdicam de desenvolver as suas competências e conhecimento, por esperarem o “príncipe”. Para mulheres com este complexo, necessitar de trabalhar pode significar, que aquele não é o “príncipe”, pois se fosse, não necessitariam. Este complexo teve origem na educação, na cultura e nas sociedades essencialmente ocidentais. Pois durante muito tempo, o papel da mulher era ficar em casa, não trabalhavam, pois, a sociedade de forma geral, via o trabalho, o estudo e o conhecimento, quase exclusivo para os homens. Assim sendo, desde muito cedo, as pequenas mulheres eram educadas/formatadas para serem “princesas”. Gradualmente a sociedade veio-se alterando e com ela a educação. Atualmente já existem mais mulheres no ensino superior que homens. As mulheres têm acesso à informação, ao trabalho, tal como os homens. Contudo ainda muitas recusam todas essas oportunidades de evolução pessoal e profissional, centrando-se exclusivamente no “casamento de sonho”. As mulheres com esse complexo, possuem baixa tolerância à frustração, pois a sua competência de resolver problemas é muito escassa. Não são educadas para ser independentes e/ou autônomas, mas dependentes de um “príncipe”. Desistem com facilidade de algo que não tenha a ver com o seu “casamento” ou o seu “príncipe”. Não vão à luta, acomodam-se. É importante referir o forte papel na educação, destas crenças. Como estas há crenças de um emprego perfeito, de pessoas perfeitas, amigos perfeitos, dia perfeito. Provocando inevitavelmente continuas desilusões e inseguranças. É necessário ter em conta quais os conceitos que passamos para as nossas crianças, pois elas muitas vezes irão aprender literalmente. E como vimos irá influenciar necessariamente a sua vida futura a todos os níveis." Fonte
E a mulher negra, como fica nessa história?
É muito perigoso quando mulheres negras são afetadas por essa síndrome, já que a nossa objetificação natural na sociedade faz com que sejamos ainda mais vulneráveis a sofrer e desenvolver outros traumas em busca deste "príncipe salvador". Sejamos realistas e sensatas em admitir a nós mesmas que o homem perfeito, seja ele branco, preto, azul ou amarelo não existe e que precisamos lidar com as imperfeições da melhor forma. Estejamos atentas e prontas para pedir ajuda caso seja preciso, aceitar quando seja oferecido, para que estes sonhos não se voltem contra nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário