sábado, 22 de dezembro de 2018

sábado, 15 de dezembro de 2018

CINCO MOMENTOS EM QUE FEMINISTAS BRANCAS FORAM TÓXICAS AO MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS

dezembro 15, 2018 4
A Brazilian family in Rio de Janeiro by Jean-Baptiste Debret 1839
"Vocês querem separar o movimento...", "Estamos todas sob a mesma opressão...", "Eu acho que você não entendeu direito o que eu quis dizer...”
Essas e outras frases são comuns nas falas de mulheres feministas que, embora acreditem estar em defesa de todas as mulheres, ainda tem seu julgamento e atitudes formados por estereótipos racistas, mas é como diz aquele velho ditado: de boas intenções o inferno está cheio!

1 – ELA É QUASE DA FAMÍLIA...

A relação das mulheres brancas – e ricas – com o serviço doméstico é algo que antropologia precisa urgentemente estudar. Em African Woman - A Political Economy, da autora Meredeth Turshen, publicado em 2010, a autora discute como a liberdade das mulheres brancas de classe média levou as mulheres negras das classes mais baixas africanas à outra opressão, a de estarem relegadas a executar as tarefas dentro do lar para aquelas mulheres que alcançaram a sua “liberdade profissional”. Embora esteja clara a intenção de escrever isso, acho interessante explicar que: isso não é sobre querer que as mulheres brancas não saiam de casa e conquistem seus empregos, é sobre dizer que elas precisam logo entender que a liberdade construída em cima da opressão de mulheres negras não contempla as mulheres negras.

2 – ABAIXO O PATRIARCADO OS HOMENS DO MUNDO!

Aqui concordamos em um ponto, a estrutura da sociedade patriarcal não é positiva para nós, mulheres. Isto é um fato. O machismo, que não é o contrário do feminismo, não é positivo e não nos contempla, nos mata, nos fere e nos violenta todos os dias. Nós, mulheres negras, somos provas físicas e numéricas de que o machismo mata. Nos últimos 15 anos, segundo o mapa da violência divulgado em 2016, o número de mortes violentas das mulheres brancas caiu pouco mais de nove por cento, enquanto o assassinato de mulheres negras subiu mais de 50%, então, nós precisamos sim gritar contra o sistema que está posto. Por outro lado, há uma dificuldade de compreender as mulheres negras que ao mesmo tempo que lutam contra o machismo também lutam pelos homens negros. A população carcerária do Brasil cresceu mais de 600% nos últimos 10 anos, em especial após a nova lei “antidrogas” que criminaliza o pequeno comércio e os homens negros são a maioria nas prisões - a autora Juliana Borges discutiu em seu livro O que é encarceramento em massa? (2018) o aumento exponencial da população carcerária e vale a pena a leitura. Estes homens são nossos filhos, irmãos, amigos, companheiros, netos, sobrinhos e somos nós, mulheres negras, muitas vezes a única esperança de alguém lutando por seus direitos aqui fora. Portanto, quando você feminista branca acredita que o problema está unica e exclusivamente nos homens, nós temos muito ainda para lhe mostrar.

Mãe Preta (lLucílio de Albuquerque), tela, c. 1917, Museu de Arte da Bahia

3 – A NUDEZ EMPODERADORA QUE NEM SEMPRE NOS CONTEMPLA

É importante saber que cada uma faz do seu corpo o que quiser, mas, um resgate histórico breve do lugar do corpo da mulher negra em nossa sociedade mostra muito bem onde a nossa nudez foi colocada. O corpo negro, tanto homens quanto mulheres, é historicamente hipersexualizado e, como disse Elza Soares, “A carne mais barata do mercado é a carne negra...”. Esse lugar de peça exposta já foi dado as mulheres negras desde o nosso primeiro sequestro, os estupros praticados pelos senhores ou mesmo os castigos impostos pelas sinhás quando as mulheres negras “seduziam” seus maridos – lê-se, eram estupradas por eles – tudo isso é reflexo da forma como nosso corpo é apresentado e, ainda assim, há várias críticas do feminismo branco à episódios como no caso em que foi – finalmente – vestida a “Globeleza”. Este corpo besuntado de óleo e exposto nu não é mesmo a representatividade que estamos buscando e vestir o símbolo nacional da “mulata do samba” para nós é uma pequena vitória.

4 – OS ESTEREÓTIPOS DE FEMINILIDADE

Ao mesmo tempo que comemoramos o progressivo fim da Globeleza nós ficamos felizes quando mulheres negras vencem o concurso de Miss Brasil. Aí a feminista branca se pergunta, 
“MaS cOmO aSsIm?”.
Então, minhas caras, lhes explico: O lugar de carne barata, da mulher “não mulher”, daquela que tem que lutar para ter sua humanidade e feminilidade reconhecidas sempre foi das mulheres negras. Entendemos que o machismo coloca as mulheres – todas as mulheres – em lugar de inferior ao homem, mas, no caso das mulheres brancas ambos continuam sendo humanos e de nós foi tirada inclusive a humanidade. Angela Davis discute em seu livro Mulheres, classe e raça (2016), como as mulheres negras foram, junto com os homens negros, retiradas da categoria de humanas. O discurso de Sojourner Truth no século XIX (1851) é um grito por existência, humanidade e, porque não, feminilidade. Por isto, entendam, lutar contra os estereótipos de gênero ligados as mulheres brancas – princesinha, sensível, aquela que necessita de cuidados – não é uma pauta que historicamente seja das mulheres negras, afinal, não sou eu uma mulher? Pois bem, ter a nossa humanidade e feminilidade reconhecidas também pode ser então positivo neste sentido. O mesmo sobre as flores do dia da mulher, como disse anteriormente, nós somos a prova física e numérica da violência contra mulher e flores definitivamente não eliminam as nossas mortes, mas, queremos as flores também, queremos a humanidade também.

5 – PORQUE RADFEM NEM É GENTE!

Ah, os memes, estes que se expressam melhor do que eu jamais poderia!
O feminismo radical, que certamente deve ter coisas mais interessantes do que esta parte que menciono, é um bom exemplo de como o feminismo branco – e entendo que podem haver mulheres negras nesse movimento, fazer o quê?! – ainda precisa entender muito sobre recortes. O Brasil é o terceiro país mais perigoso para uma pessoa trans ou travesti, o país que mais mata e mais consome pornografia do gênero, ao mesmo tempo e ainda assim é possível encontrar discursos contra a população transexual dentro desta vertente do feminismo. Se cruzamos os dados teremos então a cor das pessoas trans que mais sofrem. E o mais curioso nisso tudo é que, a raiz do movimento do feminismo radical, veio exatamente da necessidade de acolher os homens trans, bizarro, não?
As mulheres transexuais são diariamente empurradas para a prostituição por motivos óbvios, o racismo é mais um ingrediente da criminalização destes corpos e para completar conseguimos encontrar um movimento feminista que – certamente, entre outras pautas relevantes – se dedica a discriminar estas mulheres. A pergunta que não quer calar é: precisa mesmo?
Toda a problemática de performar gênero e feminilidade já foi respondida no tópico anterior deste texto, se não entendeu, basta voltar um ponto.


Por fim...

Precisamos entender que dizer tudo isto não é uma conclusão de que a vida das mulheres brancas está ótima, um conto de fadas, acabou machismo, nada disto! Mas, reconhecer as diferenças é o primeiro passo para solucioná-las, apagar as diferenças que a raça provoca dentro do gênero e fazer com que estas divergências não sejam discutidas é a maneira mais eficiente de fazê-las permanecer. Só poderemos considerar o feminismo uma luta de todas, quando todas estas pautas  forem discutidas e antes de mencionar que o feminismo não é "mãe" para "resolver todas as opressões", eu te pergunto, "E não sou eu uma mulher?".

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

PRÊMIO LÊDA MARIA MARTINS - SEGUNDA EDIÇÃO

dezembro 11, 2018 0
Equipe do Prêmio, Leda Maria Martins
O Prêmio Leda Maria Martins celebra as produções negras de teatro, dança e performance de Belo Horizonte, de todos os tempos.

Para a segunda edição, a novidade da premiação é a relação da Arte e a Educação. A equipe da premiação é formada por homens e mulheres que, além de artistas, são pesquisadores em Educação na Universidade Federal de Minas Gerais (FaE/UFMG). 

Luciana Matias, Evandro Nunes, Eneida Baraúna, Rikelle Ribeiro, Ana Martins, Denilson Tourinho, Letícia Souza e Guilherme Diniz, compõe a equipe que coordena a premiação este ano.

A premiação acontece no próximo dia 12 de dezembro, quarta-feira, às 18:00. O evento será realizado no Auditório Paulo Camillo – Rua Bernardo Guimarães, 1600, no bairro de Lourdes.

A entrada gratuita, então não tem desculpa para não prestigiar a nossa cultura, não é mesmo? Mas, fiquem atentos, a capacidade de público será reduzida e o espaço sujeito à lotação.

Mais informações através do e-mail: premioledamariamartins@gmail.com.

domingo, 9 de dezembro de 2018

DESODALINA E MONALIZ - SUPLEMENTOS ALIMENTARES PARA EMAGRECIMENTO

dezembro 09, 2018 0
Com a correria do dia a dia e a idade chegando, além de melhorar a alimentação e fazer exercícios, a gente precisa de uma ajudinha extra - sob orientação médica/profissional, claro! É neste sentido que aparecem a Desodalina* e o Monaliz**.

Desodalina e Monaliz - Suplementos alimentares para emagrecimento
Ambos os medicamentos dispensam a necessidade de receita para a compra, o que não quer dizer que você possa utilizá-los sem a supervisão médica (nutricionista ou educador físico, por exemplo). Além disto, a Desodalina e o Monaliz não são indicados para gestantes, nutrizes (mães que amamentam) e crianças Gestantes, nutrizes e crianças de até 3 (três) anos (por motivos óbvios, ? Quem vai dar suplemento alimentar de adulto à uma criança?).

Ambos são considerados complementares na busca pela perca de peso, andam ali de mãozinhas dadas com uma alimentação saudável, uma rotina de exercícios e acompanhamento médico. Então, porque não testar mais este aliado?

As duas caixinhas chegaram aqui em casa esta semana e, depois de uma boa pesagem incluirei estas gracinhas a minha rotina. 

A ideia destes dois é aumentar a sensação de saciedade ou em bom português, inibir o apetite, por isto a necessidade de uma alimentação saudável, afinal, você vai reduzir a quantidade de alimentos que ingere e esta troca deve ser compensada pela qualidade.

Desodalina e Monaliz - Suplementos alimentares para emagrecimento
A sugestão de uso do fabricante para o Monaliz é de um comprimido diário, junto a principal refeição. Já para a Desodalina a recomendação é de duas a quatro capsulas por dia, acompanhadas de no mínimo dois copos d'água, trinta minutos antes do almoço. Uma informação importante é que, para aos alérgicos a frutos do mar a Desodalina não é recomendada, pois contém dericados de peixes e crustáceos.

*Desodalina - suplemento alimentar Sanibras. 30 comprimidos.
**Monaliz - suplemento alimentar Sanibras. 60 cápsulas.

sábado, 8 de dezembro de 2018

"Poxa, nenhuma branca..." OU, SOBRE COMO A BRANQUITUDE NÃO É O CENTRO DO UNIVERSO

dezembro 08, 2018 0
Precisamos parar de existir apenas em contraposição à existência do outro. Isto é urgente.

Quem cria "o outro" é quem o nomeia. Para explicar melhor, o "negro" só existe em contraposição ao "branco", isto está bem explicadinho em Fanon, em Pele Negra, Máscaras Brancas, dá uma lidinha neste clássico, com amor. Em África nós não éramos apenas os negros, eram os Bantus, Congoleses, Zulus, estávamos nos impérios de Gana, Mali, no Egito Antigo. Eram médicos, mestres, homens e mulheres, não apenas negros isto é uma invenção da branquitude, do colonialismo, da dominação, não nossa. E é exatamente por isto que é perigoso continuar existindo apenas dentro desta condição de oposição à este conceito criado pelo colonizador.

Mulheres e homens afro brasileiros são uma multiplicidade de seres. Assim como fomos no período pré-colonial, hoje somos médicos, professores, artistas, escritores, mães, avós, pais, reis, rainhas, pessoas de sorte. E podemos ser tudo isto sem o contraponto branco. Crítica da Razão Negra, livro de Achille Mbembe, discute a formação dessa identidade que surge em contraposição ao branco e busca exatamente resgatar os nossos próprios termos de comparação. Ou seja, é como dizer que nossas referências também podem ser negras, não existe aqui uma disputa ou uma intenção de ocupar o lugar do outro. 

Esta semana, com o lançamento do feat desastroso de Mano Brown e Cléo Pires, surgiram vários comentários defendendo e acusando o cantor – como se coubesse algum tipo de acusação ao fucking Mano Brown – e um deles em particular me chamou atenção. A defesa se baseava em algo mais ou menos assim:

"Vocês estão bravos porque ela não escolheu um branquinho do olho azul pro clipe."

Minha gente, pelo amor de Oxalá.. Quem é que quer ocupar esse lugar!? Representatividade do que?

Participação de Mano Brown no clipe da Música "Melhor que eu" - Disponível no Youtube
Comentários no mesmo sentido puderam ser lidos quando Flávio Renegado, Rapper de Belo Horizonte, colocou mulheres negras – conscientes e de maneira consentida – num clipe simulando sexo, na penumbra – eu odiei! Pronto, bastou isso para que os comentário de “defesa” se baseassem em: “Vocês estão achando ruim porque ele não colocou mulheres brancas do olho azul...”. Querida, eu não! Lembrando que o refrão da música trazia o “acabou o amor, agora é só luxúria”, basta dar uma olhada na carreira do rapper para sabermos onde cabe amor, não é mesmo?

Cena do clipe da música "Luxo Só" - Disponível no youtube
Voltando as contraposições, esta é uma discussão cara e urgente, precisamos parar de existir apenas como contraponto de um outro ou outros. Quando procuramos em marcadores coloniais a nossa afirmação, a nossa existência, o nosso sucesso, não tem como dar certo, não tem como funcionar. 
Pois procurar ser tão bom quanto – insira aqui pessoas que tem uma trajetória totalmente diferente da sua – não faz nenhum sentido, pois, parafraseando Fanon: nós não buscamos ocupar o outro lado, nós queremos destruir o outro lado, nós queremos que não haja lados e só então será possível discutir, só fora da situação colonial é que teremos condições de (re)existir. 

Nós somos bonitos porque somos, porque basta olhar no espelho para ver o quanto nossos traços são maravilhosos. Nós somos fortes porque somos, porque basta ver que o mundo inteiro vem de nós. Nós somos inteligente porque somos, basta ver nossas contribuições para as ciências. Eu sou porque somos porque nós somos.

Nós somos diversos, plurais, múltiplos – sim, se repetir é necessário neste caso – podemos ser nossos próprios contrapontos. Já pensou nisto?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O corpo.

dezembro 03, 2018 0

Parar para pensar no local que o corpo negro ocupa dentro da nossa sociedade, às vezes é uma tarefa mais pesada para os nervos que para o intelecto.

O homem negro, historicamente hipersexualizado e levado ao extremo da humilhação, não se difere da mulher negra na gravidade dos ataques, mudamos a forma como as opressões acontecem, mas, elas continuam existindo. A obrigação de ser sempre o "machão", o "ativo", o "reprodutor" sempre disponível e aqueles que algumas vezes ousam colocar sentimentos a frente desta virilidade imposta  são colocados em lugar de negros com defeito, tudo isso recai sobre o homem preto.

Para a mulher negra sobra o lugar as vezes de corpo invisível, as vezes menos mulher, outras a carne para descarga das outras carnes, sempre assim, um corpo, abusado ou exposto, isso, um corpo.

Pensar no lugar do corpo negro sem falar de amor é negar à nós um novo lugar de humanos, que além de corpos que servem à outros têm sentimentos que podem ser trocados com o outro.

Amor preto cura. Amor preto humaniza. 💓

sábado, 1 de dezembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA NEGRA

dezembro 01, 2018 0
A história ancestral negra é marcada pela oralidade. Assim construímos e solidificamos tradições ao longo dos anos, inclusive os anos de escravidão, tráfico, torturas, violências e depois sobrevivendo ao genocídio, apagamento cultural, políticas de embranquecimento e etc... A oralidade foi e vem sendo a maneira que os negros que foram sequestrados pra cá, ou os que nasceram aqui, encontraram de resistir e fazer sobreviver a nossa cultura.
Por outro lado também vemos a necessidade de registrar nossas histórias ou, como diria Conceição Evaristo, cresce a necessidade e emergência das nossas Escrevivências. A importância da escrita negra vem sendo cada vez mais percebida e, note, estou longe de falar apenas sobre a escrita acadêmica.



Unicamp, dita por algumas pessoas como "a casa grande da acadêmia", incluiu o álbum Sobrevivendo ao inferno, de 1990, à leitura obrigatória para o vestibular de 2020. 
Ainda causa espanto para algumas pessoas, que um álbum longe de ser considerado clássico entre para a lista de um vestibular tão concorrido como o da Unicamp, mas, para repetir as palavras do coordenador executivo da comissão organizadora do exame (Comvest), José Alves de Freitas Neto, que também é professor de História: "As críticas feitas neste álbum permanecem atuais".

Para além de entrar para a lista de um dos vestibulares mais disputados do país, o que pode ser fácil para qualquer pessoa medíocre que não seja atingida pelo racismo, a escrita negra tem vários outros aspectos relevantes. A reconstrução da nossa autoestima, por exemplo, pode ter como ferramenta o que homens e mulheres negras vem escrevendo nos últimos tempos. Escrevendo com a planejada intenção de ser voz para uns que ainda não tem coragem de se expressar, ou ser apoio para outros que ainda se sentem sozinhos em meio as pauladas que o racismo nos dá, dia após dia.

Músicas, sambas-enredo, filmes, peças de teatro, blogs, canais de comunicação em geral, livros, teses e dissertações tem sido cada vez mais escritas por homens e mulheres negros. Isso significa começar a subverter uma ordem que aparentemente estava dada e era isso mesmo que ia acontecer... Mas, talvez não. Talvez nós tenhamos o que falar sobre nós.

Recentemente ouvi de uma amiga, que está no meio de seu doutorado, críticas pesadas à sua própria escrita. Ela repediu algumas vezes sobre como "escrevia mal" e sobre ter ciência da própria dificuldade de escrita. Procurei ouvir, porque era o papel que me cabia na hora. Mas, duvido muito que uma mulher, negra e com um grande pacote de particularidades em sua história, tenha chegado aonde ela está "escrevendo mal". Isso não é um luxo ao qual uma pessoa negra pode se dar. Se ela de fato "escrevesse mal", sou capaz de apostar que ela não estaria neste lugar dentro da academia.

O que acontece, e muito, é que somos constantemente tomados pela nossa oralidade. E, oras, não há como se afastar daquilo que é essencialmente nossa marca cultural, nossa origem. É difícil se desfazer completamente das suas origens, principalmente se for para cumprir uma agenda de exigências eurocêntricas que tentam a todo custo embranquecer nossas escritas para tolerá-las. 

A nossa missão passa a ser então, conciliar nossa maneira de Escreviver nossas histórias e registrar nossa marca para além da oralidade, na escrita. Sem deixar, no entanto, de marcar a nossa existência também nessa parcela da história. Como diria Lélia Gonzales, homens e mulheres negras ao falarem "assumem um risco", mas, um risco extremamente importante ao meu ver.

Podemos hoje registrar em jornais, revistas, livros, trabalhos acadêmicos, blogs, canais de vídeo e outras tantas formas de produzir História, a nossa própria marca, a nossa própria maneira de viver e ver o que acontece conosco. Para, num futuro breve, inaugurar uma nova leva de documentos em que estejamos nós mesmos falando de nós. Escrever, para homens e mulheres negros, é mais que colocar de maneira ordenada palavras no papel, é registrar de maneira fiel e próxima, aquilo que sabemos que é a nossa própria História.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

BLUESMAN - O NOVO SOCO NO ESTÔMAGO, DE BACO EXU DO BLUES

novembro 27, 2018 0
O rap é uma paixão antiga e coisa de família, vem de anos na minha vida e confesso que eu sou do time que acha que rap é compromisso ou pelo menos deveria ser. Muito do que é chamado de rap hoje é mais uma coleção de palavras sem sentido do que qualquer outra coisa, o compromisso de colocar na música uma realidade que, desde a minha infância, faz parte da minha vida tem deixado muito a desejar. Até que Baco Exu do Blues entrou na minha vida.

Tretas do rap à parte, Baco é o meu som favorito dos últimos tempos e, bom, este texto não é para falar de tretas  moço é bom para alimentar confusões com outros no meio musical   é para falar do álbum incrível que o rapper liberou neste mês. 


Diogo Álvaro Ferreira Moncorvo ou, simplesmente, Baco Exú do Blues, o rapper de 22 anos ganhou o coração de várias pessoas com Te amo desgraça!, hino que não saiu até hoje das bocas, dos fones de ouvido e das pichações urbanas. Diogo é baiano, nasceu em Salvador e foi em setembro de 2017 que lançou seu primeiro disco solo, Esú. 

No último mês de novembro nos presenteou com o álbum "Blvesman (Bluesman)" e já está entre os álbuns da minha vida. São nove músicas de tirar o fôlego do começo ao fim do álbum.
  1. Bluesman
  2. Queima minha pele (ft. Tim Bernarde)
  3. Me desculpa Jay-Z (ft. 1LUM3)
  4. Minotauro de Borges
  5. Kanye West da Bahia (ft. DKVPZ e Bibi Caetano)
  6. Flamingos (ft. Tuyo)
  7. Girassóis de Van Gogh
  8. Preto e Prata
  9. BB King
A graça do rap, para mim, é ser arrepiante, aquela letra que fala tanto com você que te tira o ar, esta é para mim a definição perfeita sobre o álbum de Baco.

"Não quero mais dormir do seu lado
Prefiro ficar acordado
Guardando seu rosto pra lembrar de você
Lembrar de você, lembrar de você
O seu olhar é um caminho sem saída
Cê tem uma cara de quem vai fuder minha vida
Então só entro
O seu corpo é um caminho sem saída"

(Girassóis de Van Gogh - Baco Exu do Blues)

Girassóis de Van Gogh é a sétima faixa do álbum, um love song, está oficialmente atualizada a minha playlist de namorar, aliás, esta uma marca de Baco, músicas que falam do corpo sem pudor e sem criminalizar o que entendemos como sexo e troca de afetos. 
"Cê tem uma cara de quem vai foder minha vida...", existe forma mais sincera de elogiar o crush?
Outra faixa que chama atenção é Kenye West da Bahia, embora acredite que Baco desconsiderou algumas falas bem tortas do Rapper americano a faixa é bastante contundente.
"Eu espanquei Jesus quando vi ele chorando, gritando e falando que queria ser branco, alisar cabelo e botar uma lente pra ficar igual a imagem que vocês criaram."
(Kenye West da Bahia - Baco Exu do Blues)

Este é o álbum para você amar e odiar várias vezes   eu mesma só consigo amar   ouvindo e refletindo sobre o que o rap tem a dizer. Apesar da pouca idade, Baco consegue se expressar muito bem através de suas letras e, mais que isto, expressar esta juventude que vem se orgulhando em mostrar sua negritude, falando de si e se colocando como o centro da discussão, não como uma simples oposição ao outro - o Branco.



O filme oficial que abre os trabalhos, tem mais de oito minutos e faz uma referência ao negro enquanto prata e uma reflexão sobre porque o ouro é então mais valorizado. A oitava faixa do CD, Preto e Prata, precisa do filme para contextualizar, ou seja, o nosso rapper de apenas vinte e dois anos está fazendo bonito nessa produção, construindo uma lógica para seu conteúdo, uma maneira de prender o expectador. E, fez isso de maneira brilhante.
Se valorizar e se amar, conhecer a própria ancestralidade. Em referência Riley Ben King, mais conhecido como B. B. King, a nona faixa do CD fala tão bem e com tanta força sobre autodefinição que chega a arrepiar. BB King, nasceu em 1925 e recebeu o título de rei do Blues, 15 Grammys durante toda a carreira e uma extensa lista de prêmios e citações. O guitarrista faleceu em 2015.


"1903. 
A primeira vez que um homem branco observou um homem negro, não como um um “animal” agressivo ou força braçal desprovida de inteligência. Desta vez percebe-se o talento, a criatividade, a MÚSICA! O mundo branco nunca havia sentido algo como o “blues”. 
Um negro, um violão e um canivete. Nasce na luta pela vida, nasce forte, nasce pungente. Pela real necessidade de existir!

O que é ser “Bluesman"?
É ser o inverso do que os "outros" pensam. É ser contra corrente, ser a própria força, a sua própria raiz. É saber que nunca fomos uma reprodução automática da imagem submissa que foi criada por eles.
Foda-se a imagem que vocês criaram.
Não sou legível. Não sou entendível.
Sou meu próprio deus.
Sou meu próprio santo. Meu próprio poeta. 
Me olhe como uma tela preta, de um único pintor. Só eu posso fazer minha arte. Só eu posso me descrever.
Vocês não têm esse direito.
Não sou obrigado a ser o que vocês esperam! Somos muito mais!
Se você não se enquadra ao que esperam…
você é um “Bluesman”."

(BB King - Baco Exu do Blues)





segunda-feira, 12 de novembro de 2018

'SOU NEGRA E QUERO FALAR': PRIMEIRA EDIÇÃO EM BELO HORIZONTE

novembro 12, 2018 0
Aconteceu em Belo Horizonte, entre os dias 07 e 11 de Novembro, a primeira edição do projeto Sou Negra e Quero Falar, do Clube de Blogueiras Negras.
Foto: Clube de Blogueiras Negras
A formação que tem apoio da Artigo 19 e financiamento da Embaixada do Canadá formou dez youtubers negras de todo o Brasil para que o conteúdo que elas produzem ganhem ainda mais qualidades.

Idealizado pela Blogueira Lívia Teodoro, do Blog Na Veia da Nega o projeto tem a produção executiva da Divindade Cultural - Zaíra Magalhães. 
A Artigo 19 é uma agência não governamental nascida em Londres que defende os Direitos Humanos e a proteção de comunicadores que atuam neste contexto e apoiou o Clube de Blogueiras Negras na construção e realização do primeiro curso para Youtubers Negras realizado no Brasil.

A formação que foi pensada para fortalecer o trabalho de mulheres negras que utilizam a plataforma do YouTube como ferramenta de ativismo digital contemplou: segurança digital, análise do discurso, planejamento de mídias digitais e produção de vídeo.


terça-feira, 30 de outubro de 2018

MANUAL DE DEFESA PARA DOCENTES - TEMPOS DE FASCISMO

outubro 30, 2018 0
A Constituição Federal assegura ao educador o direito a liberdade de cátedra, que se resume em sua liberdade de atuação em sala de aula. Portanto, qualquer lei que viole esse direito se torna inconstitucional e portanto não passível de promulgação pelo presidente da República. O art. 205 da CF assegura a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. O mesmo princípio é reforçado no terceiro artigo da Lei de N 9.394 – de Diretrizes e Bases Nacional. Portanto, os professores que se sentirem constrangidos, censurados em sala de aula, podem e devem fazer o uso da legislação existente sobre o assunto para salvaguardar seu direito à liberdade de cátedra. De modo que devem buscar ajuda jurídica e proteger seus direitos.


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A liberdade de Cátedra – ou de ensino – surge no nível constitucional na carta magna de 1934 em seu artigo 155. Posteriormente, na CF de 1946, em seu artigo 168. Reafirmado pela constituição de 1988 – conhecida como a constituição cidadã, o docente tem plena autonomia para escolher os métodos didáticos que respeitem a pluralidade de idéias e a não-discriminação.

O que fazer se a sua sala de aula for invadida?

  1. Exigir a presença de testemunhas, como a diretora, coordenadora pedagógica e outros docentes da escola. Não saia da sala de aula, para isso basta pedir para um ou dois alunos chamar a presença deles. Sempre estar munido com o número do sindicato e/ou de um advogado.
  2. A entrada de terceiros só pode ocorrer com a autorização prévia do professor, ninguém pode invadir a sala de aula. Se aparecer alguém não convidado simplesmente feche a porta. Caso o invasor force a entrada, disque 190 e acione a polícia. Peça a presença de uma ronda escolar.
  3. Caso alguém grave vídeos na sala de aula, o docente pode entrar com processo por difamação, calúnia e uso indevido de imagem. A pena para o crime de difamação é de detenção, de três meses a um ano, e multa.
  4. Em caso de ofensas e ameaças diante de alunos, peça para registrarem o episódio, reúna duas testemunhas e acione o advogado do seu sindicato. 
  5. Ninguém pode entrar no local de trabalho do professor de modo a constrangê-lo ou censurá-lo. Isso configura ameaça e assédio ao servidor público. O que também é passível de pena.

O que fazer se publicarem um vídeo te difamando, com uma suposta “denúncia” de doutrinação em sala de aula ?


  1. Peça ajuda jurídica ao seu sindicato para denunciar as postagens em redes sociais (Facebook, Youtube e Google tem botões e formulários para denunciar postagens indevidas)
  2. Reunir um grupo de professores que também foram difamados e/ou ameaçados e entre com um processo coletivo pedindo indenização por danos morais.
  3. Envie cartas registradas para a sede do Google e do Facebook, explicando o ocorrido e solicite a retirada do conteúdo do ar.
  4. Procure veículos de mídia livre e alternativa como a Agência Pressenza, o QuatroV, Outras Palavras, Agência Ponte e Justificando, para dar sua versão do que ocorreu, pois os veículos de mídia tradicional geralmente distorcem e manipulam os fatos.

Os professores não estão desamparados pela lei com relação a posturas fascistas que certos indivíduos podem tomar. Sua liberdade é assegurada em nível constitucional. Ao se depararem com situações onde sua liberdade está ameaçada, tem como recurso a legislação vigente para sua defesa.

Neste anexo você encontra a Recomendação Nº22, de 29 de Outubro de 2018, publicada pelo Ministério Público Federal afim de instruir na PROTEÇÃO dos professores de Santa Catarina e do seu direito a docência, o que abre precedente para os demais estados da federação.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

EU SOU A DEFENSORA DE DIREITOS HUMANOS QUE JAIR BOLSONARO QUER EXTERMINAR

outubro 24, 2018 0

Eu sou a defensora de Direitos Humanos que Jair Bolsonaro vai matar.
Eu sou a pessoa negra que não serve nem para procriar, segundo Jair Bolsonaro.
Eu sou a mãe que vai dar agrotóxico para o filho comer, porque seu candidato não vê problema na liberação.
Eu sou a mulher que vai morrer porque o meu agressor agora vai andar armado e quando eu disser NÃO para as investidas dele ele irá me matar.
Eu sou o próximo corpo tapado com um lençol no meio do caminho para o seu trabalho.
Eu sou a próxima desaparecida e torturada por uma polícia autorizada a matar quem discorda de um governo fascista.

E você é a pessoa que não se importa com nada disso, porque o fascismo é irracional, fascistas são irracionais. Você é o fascista que está colocando em risco a minha vida.

Eu, mulher negra, hoje cursando a metade da graduação em História na Universidade Federal de Minas Gerais, mãe de uma criança negra me coloco a pensar o seguinte: se em toda sua história o Brasil assumiu um genocídio da população negra, sob o falso pretexto de "combater a violência", matando homens e mulheres, jovens e crianças, todos negros e as vezes com um Iphone na cintura, ou uma furadeira na mão, isso tudo de maneira ilegal, o que acontecerá então conosco dentro de um regime Fascista?

Que país em 2018 se levanta à favor do fascismo, alguns estudiosos perguntam... eu arriscaria uma resposta:

O Brasil é racista, machista, misógino, homofóbico e ainda consegue a proeza de ser xenofóbico com compatriotas, isso não significa que todos os brasileiros são, significa dizer que nossa cultura é, portanto o monstro do fascismo sempre esteve nos pilares da nossa sociedade, o que ele precisava, no entanto, era de um líder que autorizasse a publicidade desse discurso, o tornasse socialmente correto. Oras, numa sociedade racista, é normal ser racista. Numa sociedade homofóbica, é normal ser homofóbico e se o líder da nação for, porque vão julgar o Zé das Couves?

Hoje eu escrevo este texto com a esperança de passar os próximos anos da ditadura sendo corrigida nas minhas falas, escrevo esperando que todos os dias este texto seja revisitado por alguém dizendo "nada disto aconteceu, tá vendo?", mas, ontem eu discuti com colegas que muito em breve nós provavelmente estaremos cavando covas coletivas para nossos pares, estaremos enterrando nossos mortos pelo totalitarismo - A morte de Mestre Môa está aí para não nos deixar esquecer.

Atribuo esse momento - que não é de hoje, é de pelo menos desde 2013 - a nossa deseducação. Num país onde Historiador não é sequer uma profissão regulamentada, nos acostumamos a empurrar para debaixo do tapete todas as nossas vergonhas, a começar pela escravidão. Na cabeça da maioria das pessoas sem acesso a educação - e algumas com acesso a educação mas com privilégios suficientes para cegá-las - não falar sobre os mais de 300 anos de escravidão no Brasil seria o melhor jeito de acabar com as suas sequelas. Igualmente a ditadura, em mais de 20 anos de ditadura militar pessoas foram mortas, torturadas, exiladas e, após a retomada da nossa frágil democracia, o Brasil escolheu mais uma vez colocar para debaixo do tapete nossa história violenta. O que não se pensou é que  toda esta sujeira escondida estava alimentando um monstro, o monstro do fascismo que agora bate na nossa porta - e muito em breve em nossos corpos - foi alimentado com a nossa mania histórica de "deixar disso" assuntos tão caros à nossa história. Pagaremos agora o preço de ignorar e não ensinar à todos sobre o que foi ditadura, pagaremos o preço de não criar memória histórica nos brasileiros. É por falta dessa memória que agora homens e mulheres vão as ruas exaltar torturadores e pessoas que fazem apologia a tortura.

Não acredito que o candidato Jair Messias Bolsonaro irá pessoalmente, de casa em casa, matar cada um dos defensores dos Direitos Humanos, o problema é o discurso social que passa à ser considerado autorizado quando um regime fascista é instaurado e todas estas pessoas enlouquecidas, entorpecidas e irracionalizadas por este "líder" é que estão se tornando um perigo de fato. Estando fora de um regime fascista oficial o Brasil é o terceiro país do mundo no ranking de morte de Defensores de Direitos Humanos, agora, tente imaginar o que aconteceria se elegêssemos um fascista para comandar o país?

No próximo domingo eleitoral esteja próximo e seja presente para as pessoas que você ama, para as pessoas que correm risco de vida nestes tempos sombrios que virão. Sejam apoio, sejam companhia, sejamos uma resistência inteligente. Resistamos juntos e sejamos a força do outro quando faltar. Este não é um texto pessimista, não é uma carta de reconhecimento de derrota, pois independente de quem vença as eleições no próximo domingo nós já perdemos. Perdemos amigos, perdemos familiares, perdemos a sanidade mental, perdemos a confiança na evolução humana, perdemos a crença nas instituições intelectuais e nas instituições legais, perdemos a capacidade de ter empatia, o Brasil já perdeu tudo. Ninguém mais vai acreditar no mito de que somos bons e receptivos por natureza, ninguém mais vai olhar para o amigo legal apesar de homofóbico e acreditar que ele não te mataria se pudesse. 

Todos perdemos.

14/04/2015 - Bolsonaro é condenado por declarações homofóbicas e racistas
https://oglobo.globo.com/sociedade/bolsonaro-condenado-por-declaracoes-homofobicas-racistas-15866495

17/03/2016 - 100 Frases homofóbicas de Jair Bolsonaro
https://revistaladoa.com.br/2016/03/noticias/100-frases-homofobicas-jair-bolsonaro/

07/10/2018 - Bolsonaro propõe ensino a distância para combater marxismo e reduzir custos
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/bolsonaro-propoe-ensino-a-distancia-para-combater-marxismo-e-reduzir-custos.shtml

17/10/2018 - Quem é Ustra, o torturador celebrado por Bolsonaro até hoje
https://www.cartacapital.com.br/politica/quem-e-ustra-o-torturador-celebrado-por-bolsonaro-ate-hoje

17/10/2018 - Investigação policial conclui que morte de Moa do Katendê foi motivada por briga política
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2018/10/17/investigacao-policial-conclui-que-morte-de-moa-do-katende-foi-motivada-por-briga-politica-inquerito-foi-enviado-ao-mp.ghtml

18/10/2018 - Bolsonaro é uma ameaça ao planeta - O candidato de extrema direita já anunciou medidas que vão abrir a Amazônia ao desmatamento
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/17/opinion/1539799897_917536.html

18/10/2018 - Como o ensino a distância defendido por Bolsonaro prejudica os brasileiros?
https://www.brasildefato.com.br/2018/10/18/como-o-ensino-a-distancia-defendido-por-bolsonaro-prejudica-os-brasileiros/

21/10/2018 - Alvos de Bolsonaro, equipes de Ibama e Chico Mendes sofrem ataques na Amazônia
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/10/alvos-de-bolsonaro-equipes-de-ibama-e-chico-mendes-sofrem-ataques-na-amazonia.shtml

22/10/2018 - Jair Bolsonaro fere a constituição de 1988 ao ameaçar de prisão ou exílio pessoas contrárias as "leis" de seu governo

terça-feira, 2 de outubro de 2018

VAQUINHA ONLINE PARA PROFISSIONALIZAR 10 YOUTUBERS NEGRAS CHEGA À RETA FINAL

outubro 02, 2018 0
Contribuições para o projeto "Sou Negra e Quero falar!" vão até o próximo dia 15 no site da Benfeitoria
Foto: Elaine do Carmo (Massai Digital)

Termina segunda-feira, dia 15 de outubro, a campanha de financiamento coletivo do projeto Sou Negra e Quero falar!, uma iniciativa da jornalista, designer e historiadora mineira Lívia Teodoro, criadora do canal e do blog Na Veia da Nêga e do Clube de Blogueiras Negras. A campanha busca arrecadar 25 mil reais para promover oficinas de análise do discurso, segurança digital e produção de vídeo, para jovens brasileiras que criam conteúdo socialmente responsável na internet.

Por dois dias, 10 blogueiras e youtubers negras participarão de oficinas de análise do discurso, produção de vídeo e segurança digital. No fim, o conteúdo produzido será disponibilizado para votação pública e as vencedoras receberão equipamentos. “Acredito que esse projeto seja de extrema importância para colocar as youtubers negras em outro patamar. Num momento em que vemos grandes canais no YouTube entrando em polêmicas racistas, machistas e xenofóbicas, é importante valorizar e dar espaço àquelas que vêm fazendo uma comunicação representativa e socialmente responsável”, diz Teodoro.

A campanha é na modalidade matchfunding, quando uma instituição apoiadora multiplica o valor recebido. “A cada real arrecadado pela campanha, o Movimento Coletivo vai somar mais dois. Assim, quem contribuir com 10 reais pode sentir no coração que colaborou com 30”, destaca Nattany Martins, uma das youtubers que será beneficiada pelas oficinas do projeto.

“Hoje, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas produtoras de conteúdo que estão fora dos assuntos considerados comerciais é encontrar motivação para continuar a produzir mesmo sem patrocínio. Vivemos em um mundo que privilegia os conteúdos bem produzidos. Logo, além de saber o que falar, é preciso transmitir com qualidade. Essa é a finalidade da nossa formação!”, finaliza Teodoro.

Para ter acesso ao valor arrecadado, a meta precisa ser integralmente batida, ou o montante que foi parcialmente acumulado será devolvido aos benfeitores.
As contribuições vão de 10 a 500 reais, e recompensas são oferecidas como contrapartida para quem contribuir. O site para colaborar é benfeitoria.com/cbnegras, no ar até às 23h59 do dia 15 de outubro. A produção executiva é de Zaíra Magalhães.
Foto: Elaine do Carmo (Massai Digital)

Projeto Negras Potências

Fortalecer econômica, política e socialmente as mulheres negras, grupo que experimenta a desigualdade e a violência de maneira mais profunda. Este é o foco dos 16 projetos selecionados – dentre eles o Sou Negra e Quero falar! –, em junho, no edital Negras Potências, para participar de uma campanha de matchfunding. A iniciativa é uma parceria entre o Baobá – Fundo para Equidade Racial, a plataforma de mobilização Benfeitoria e o Movimento Coletivo.
Nesta modalidade de financiamento coletivo, toda a captação realizada pelos projetos na Benfeitoria será triplicada pelo Movimento Coletivo, a plataforma de investimento social da Coca-Cola Brasil, por meio de um fundo de R$ 500 mil. Conheça os demais projetos no link.


sexta-feira, 28 de setembro de 2018

#BIWEEK: CINCO VÍDEOS PARA FALAR DA VISIBILIDADE BISSEXUAL

setembro 28, 2018 0

A sociedade ainda não está sabendo lidar com as pessoas que não são monossexuais. E isto não significa que saibamos lidar com quem não é heteronormativo, mesmo sendo monossexual. O caso é, conosco nem a comunidade LGBT está sabendo como proceder.

Por isso esta semana precisa ser lembrada e o assunto precisa ser debatido.

Com cinco vídeos na semana da #VisibilidadeBissexual, o canal Na Veia da Nêga tratou sobre o tema trazendo convidados e tentado desmistificar toda essa atmosfera em torno de uma orientação/condição sexual.

COMO FOI A MINHA PRIMEIRA VEZ COM UMA MENINA #VISIBILIDADEBI



BICHA NÃO, BI! #VISIBILIDADEBI


MATERNIDADE E BISSEXUALIDADE #VISIBILIDADEBI


GOSTA MAIS DE MENINO OU DE MENINA? #VISIBILIDADEBI



NÃO É BI, É HETERA CURIOSA! #VISIBILIDADEBI


terça-feira, 25 de setembro de 2018

"JOSEPHINE BAKER - A VÊNUS NEGRA" ESTREIA EM BELO HORIZONTE

setembro 25, 2018 0
MUSICAL APRESENTA A APAIXONANTE HISTÓRIA DE UMA DAS MULHERES MAIS EXTRAORDINÁRIAS DO SÉCULO XX


Pela primeira vez em BH, “Josephine Baker - A Vênus Negra” retrata com muita qualidade, de forma bem humorada e envolvente a vida da primeira grande estrela negra das artes cênicas


Espetáculo acontece nos dias 29 e 30 de setembro e terá tradução para Libras nos dois dias e audiodescrição no domingo



Walter Daguerre narra, em ordem cronológica, a apaixonante trajetória de uma das mulheres mais extraordinárias do século XX que sofreu racismo e preconceito nos EUA, seu país de origem, e virou estrela na França, unindo humor, talento e militância. Estamos falando de Josephine Baker: dançarina, cantora, ativista, espiã condecorada por Charles de Gaulle e mãe adotiva de 12 crianças de diferentes etnias.


Pela primeira vez em BH, o musical dirigido por Otávio Muller é sucesso de público e crítica. Josephine Baker - A Vênus Negra teve, em 2017, 8 indicações ao Prêmio Shell, Cesgranrio, Botequim Cultural e APTR 2017. Quem interpreta de forma impecável essa mulher tão irreverente é a atriz Aline Deluna. É ela quem recebe o público no teatro e inicia a peça contando sobre a história da personagem. Aos poucos, ela vai se vestindo dos elementos que compõem a Josephine. Acompanhada do trio de músicos Dany Roland, Christiano Sauer e Jonathan Ferr, que também se distribui em diversos papéis durante o espetáculo, ela encanta o público dançando e cantando, em vários idiomas, maravilhosamente bem. A seleção musical executada ao vivo durante todo o espetáculo e o figurino deslumbrante produzido para a personagem de Aline Deluna são de um refinamento surpreendente.


“Chegamos ao conceito da peça depois de ‘esbarrarmos’ em Oswald de Andrade. Ele e Tarsila do Amaral hospedaram Miss Baker quando ela esteve pela primeira vez no Brasil. Oswald acabou nos influenciando muito e nosso espetáculo ganhou contornos Tropicalista-Antropofágicos. O que tem tudo a ver com Josephine Baker, que defendia a miscigenação, portanto a mistura, como caminho para a harmonia entre os povos”, conta o autor, Walter Daguerre.


Josephine Baker
Nascida no ano de 1906, em Saint Louis, no Missouri, (sul dos Estados Unidos), onde o racismo e preconceito imperavam, Josephine Baker não teve uma vida fácil. Aos 8 anos já trabalhava como artista de rua e, também, como faxineira e babá para ajudar no sustento da família. Aos 13 anos, ela fugiu de casa e começou a trabalhar como garçonete em uma casa noturna. Enquanto adolescente, aos 15 anos, se casou, divorciou, chegou a participar de espetáculos de vaudeville de St. Louis Chorus e, em seguida, se mudou para Nova Iorque, onde fez parte de um grupo de dançarinas e atuou em alguns espetáculos da Broadway, nos anos de 1921 e 1924. Em busca de aceitação e liberdade, Josephine Baker, aos 19 anos, se mudou para Paris (onde se naturalizou depois). A esquerda, Aline Deluna.


Apelidada de Vênus Negra, pela sua beleza e amor pela humanidade, aos 20 anos, Josephine estava mundialmente famosa por toda sua dança irreverente, sensualidade, bom humor, deboche com seu saiote de bananas desafiando todos os padrões dos anos 1930.


Considerada a primeira grande estrela negra das artes cênicas, na vida real a artista lutava pela igualdade racial e paz entre os povos. Nos anos 50 ela trabalhou como espiã da Resistência Francesa e apoiou o movimento dos Direitos Civis de Martin Luther King (marchando ao lado dele contra a segregação racial), nos EUA. Seu ativismo social e político rendeu a ela duas das mais altas condecorações da França: Cruz da Guerra das Forças Armadas Francesas e a Medalha da Resistência. Também recebeu do presidente francês, Charles de Gaulle, o grau de Cavaleiro da Legião de Honra.


Outras curiosidades sobre Josephine Baker: ela esteve quatro vezes no Brasil. Em uma delas se apresentou com Grande Otelo, no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, teve um relacionamento com Frida Kahlo, tinha um guepardo de estimação e era mãe adotiva de 12 crianças de etnias diferentes, a qual ela chamava de Tribo Arco-Íris.


Mostra Cine Brasil Teatro e Música


Iniciativa do Cine Theatro Brasil Vallourec, a Mostra tem patrocínio do Instituto Unimed-BH, por meio do incentivo fiscal de médicos cooperados e colaboradores, e da Vallourec, ambos via Lei Federal de Incentivo à Cultura.


Além de primar pela qualidade artística dos espetáculos, a Mostra se destaca pela excelência técnica do teatro e pela experiência sempre marcante de visitar o prédio histórico em estilo Art Déco, com seus belos corredores, escadas e luminárias. Situado na Praça Sete, O Cine Theatro Brasil é um dos símbolos de Belo Horizonte e polo irradiador de cultura e lazer no centro da cidade.


Na edição de 2017, a Mostra teve mais de 12 mil pessoas presentes em suas atividades. Foram oito montagens teatrais e três shows musicais, alguns deles com duas apresentações, totalizando 19 datas de espetáculos. Dentre as atrações do ano passado, alguns destaques foram as peças Antígona, Morte Acidental de um Anarquista, 12 Homens e Uma Sentença, Depois do Amor, e os shows de Bebel Gilberto e Arnaldo Antunes.



Vendas:
Bilheteria Cine Theatro Brasil Vallourec ( Av. Amazonas, 315 – Centro)
Loja Eventim (Shopping 5ª Avenida: Rua Alagoas 1314 - Loja 20C– Savassi). Sujeito a taxa de conveniência.
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Informações: (31) 3201-5211 – www.cinetheatrobrasil.com.br

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