terça-feira, 28 de março de 2017

SOBRE INÊS BRASIL E A SIRIRICA: OU VOCÊ É BRANCA OU VOCÊ É LOUCA

março 28, 2017 2
SOBRE INÊS BRASIL E A SIRIRICA: OU VOCÊ É BRANCA OU VOCÊ É LOUCA
Sempre que ouço o assunto "Inês Brasil", meu radar de treta liga e eu já espero alguma análise racista ou sexista vindo em seguida, porque o Brasil, racista como só ele, não consegue em hipótese alguma falar de uma mulher negra sem envolver racismo e machismo para tecer a crítica.
Para quem não conhece a história da Inês Tânia Lima da Silva, vai aí um breve resumo: ela é uma mulher cis (estou explicitando isso, porque eu mesma achava que era uma mulher trans e, no alto da minha transfobia, usava isso como ofensa - no passado, passou!), nascida em 1969, ou seja, tem hoje 48 anos (quem me dera chegar às 48 nesse pique) e já viveu muito mais do que os memes da internet podem demonstrar. Aos 22 anos, Inês iniciou sua carreira como uma das "Mulatas" de Sargentelli na casa de Shows "Oba-Oba", seu pai foi cantor e compositor da Escola de Samba Quilombo dos Palmares, o que possivelmente influenciou a entrada dela como professora de samba, também aos 22 anos em outra escola. Foi na mesma época que Inês conheceu o primeiro marido, Christian Karp, que contribuiu com a sua carreira. Inês é fluente em alemão, tendo morado na Alemanha por 18 anos, sendo 10 deles casada. Inês Brasil é mãe de duas filhas, uma delas, Monique Lima Karp, é sua empresária atualmente.
É esta mulher que hoje, vocês tentam interditar por meio do tribunal do Facebook. Acusando-a de não ser "dotada de faculdade mentais", após ela se masturbar num show. É bem verdade que não é a primeira vez que Inês dá um tom sexual às suas apresentações, e quem assistiu qualquer show dela sabe disto, só que parece que desta vez, a masturbação causou um choque "plus". Mas é verdade também que, Inês não é a única, duvida?

Miley Cirus - Isso te parece uma siririca?
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Miley Cirus - VMA de 2013 - SOBRE INÊS BRASIL E A SIRIRICA: OU VOCÊ É BRANCA OU VOCÊ É LOUCA
Lady Gaga - Isso te parece sexo à três?
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Lady Gaga - Apresentação em Toronto, 2009 - SOBRE INÊS BRASIL E A SIRIRICA: OU VOCÊ É BRANCA OU VOCÊ É LOUCA
Nem vou mencionar, nosso comportamento permissivo em relação aos homens quando é este o caso, não é mesmo? Quem nunca sonhou em ser a escolhida pelo Usher neste contexto? Homens exploram a imagem sexual nos palcos à muito tempo e isso não dá à eles uma imagem de "loucos", mas sim, reforça sua virilidade.


O caso é que para muitos internautas, desta vez Inês Brasil "exagerou" ao se tocar DE VERDADE num show em Manaus usando um microfone. Aparentemente este é um motivo concreto para a sanidade mental de Inês Brasil ser posta em dúvida.
O centro da discussão deveria ser, obviamente, o fato de mulheres negras serem AS MAIORES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, como se supõe ser o caso da Inês em relação ao seu produtor, ou mesmo os inúmeros casos de mulheres desinformadas sobre o próprio corpo e a própria sexualidade, ou ainda a questão do corpo negro estar exposto como carne para venda, desde que o Brasil é Brasil, no entanto, preferiram partir para deslegitimar a vontade ou mesmo duvidar da sanidade mental de uma mulher negra. Posso estar enganada, mas não vi nenhum textão questionando a sanidade mental da Miley Cirus na época do VMA.
O que a maioria das pessoas racistas não entende é que, muitas de nós, mulheres negras, morremos todos os dias por duvidarem da nossa sanidade mental, por julgarem nossas atitudes por um prisma racista, ninguém se preocupa, por exemplo, com as cicatrizes que os anos de prostituição deixaram em Inês, ou que o provável abuso por parte do produtor pode estar deixando, ou ainda pior, não ser nenhuma destas opções, mas sim o fato de Inês ser mais uma mulher negra que, como muitas de nós, confunde a liberdade sexual branca como uma questão à ser defendida por nós. Nossos corpos estão expostos à tempos e este discurso de "liberdade sexual" tem que ser muito bem recortado para caber em nossas vidas. 
Portanto, antes de sermos racistas e partir para o caminho mais óbvio, que é chamar a mulher negra de louca, é preciso considerar alguns pontos:
- Tratar a mulher negra como uma figura irracional, movida por impulsos primitivos, sejam de raiva, desejo ou fúria, É RACISMO e vocês não estão fazendo nada de novo, a sociedade faz isso à mais de cinco séculos;
- Liberdade sexual precisa de recorte racial e, principalmente, considerar a vivência particular de cada uma;
- Mulheres brasileiras, negras ou brancas, são historicamente podadas da liberdade de se tocarem, conhecer seus corpos e seu próprio prazer, portanto criticar isso sem ressalvas, só vai fazer com que mais mulheres se sintam envergonhadas em fazê-lo;
- Mulher se masturba sim! Cada uma escolhe se vai ser na intimidade do seu banheiro, do quarto, na sala de casa, na varanda ou num palco em Manaus. A masturbação masculina, ou mesmo a manipulação do pênis é aceitável, mas quando se trata da vagina ou do prazer feminino, a conversa muda, não é mesmo? Homens artistas manipulam sua sexualidade e seus órgãos em shows DESDE QUE SHOW É SHOW e não são questionados. Tem muito do nosso machismo nesta crítica sim.

Uma das propostas deste blog e do Canal do Youtube este ano, é exatamente discutir e incentivar as mulheres a conhecerem mais e melhor o próprio corpo e a própria intimidade. Mas, vai ficar muito difícil se vocês acharem que toda mulher que bate siririca é uma maluca precisando ser interditada. 

segunda-feira, 27 de março de 2017

CINCO VANTAGENS EM USAR TRANÇAS BOXBRAIDS (TRANÇAS DE LÃ)

março 27, 2017 0
CINCO VANTAGENS EM USAR TRANÇAS BOXBRAIDS (TRANÇAS DE LÃ)
Ainda que nós estejamos em pleno século XXI, não é incomum o espanto das pessoas ao constatarem que uso tranças e, o espanto aumenta quando percebem o material das minhas tranças. Das perguntas mais inocentes, como "nossa, é seu?", até as mais incomodas, como "isso lava?", aparecem rotineiramente no dia-a-dia das pessoas, que usam algum tipo de material sintético para as tranças boxbraids (algumas destas perguntas aparecem também para nosso cabelo natural, mas isto é assunto para outro post).
Então hoje vou listar aqui, cinco motivos pessoais para amar as tranças soltas, de lã e outros materiais, assim você, mesmo não usando, vai conhecer os meus motivos (que podem ser de tantas outras pessoas), para amar este visual.

PRATICIDADE é o segundo nome das boxbraids. O penteado pode durar de 15 dias à 3 meses, dependendo do modelo, do seu cuidado e também da perícia da trancista e deixa as coisas muito mais fáceis no seu dia-a-dia. A lavagem pode ser feita a cada 7 ou 10 dias, dependendo da sua rotina, seu ritmo de vida, etc e já tem vídeo no canal do Youtube, ENSINANDO COMO LAVAR AS TRANÇAS BOXBRAIDS, de maneira muito mais prática e rápida. No período que estou de tranças, não tenho preocupações em tempo para finalizar os cabelos, arrumar no dia seguinte ou nada do tipo, é apenas acordar e sair, no máximo um penteado para inovar!

CRESCIMENTO CAPILAR é um ponto muito positivo das tranças. Não é segredo para ninguém que as tranças soltas ajudam a estimular o crescimento dos cabelos, acredito eu, que pelo "peso", ainda que mínimo, ajuda a dar uma "puxadinha" na raiz, estimulando o desenvolvimento. Além é claro, do efeito placebo que pode ser o caso também, quando você fica um mês sem ver o seu cabelo, qualquer centímetro crescido, quando você voltar a vê-lo, vai fazer uma super diferença. Vale dizer que é um ótimo período para utilizar tônicos, indicados para estimular o crescimento, diretamente na raiz dos cabelos, já que fica muito mais fácil acessá-la.

MUDANÇA DE VISUAL SEM DANIFICAR OS FIOS é o sonho de muitas de nós, não é mesmo? Pois é, tinturas podem, muitas vezes, estragar os fios, mudar a estrutura dele e, caso você se arrependa, recuperar pode não ser uma tarefa fácil. As tranças boxbraids permitem mudanças de visual, numa gama ilimitada de cores e combinações, sem danificar o seu cabelo natural. As tranças quando cuidadas da maneira correta não danificam os fios naturais, muito pelo contrário, ajudam na proteção das madeixas, já que o cabelo fica "guardadinho" sob o material. E, se bater aquela vontade de mudar, é só escolher a próxima cor e partir para a inovação.

TORNAR O SONHO DO CABELÃO UMA REALIDADE, ainda que temporária, é outra das vantagens das boxbraids. Atire a primeira pedra, a menina negra que nunca pendurou a toalha na cabeça, esperando experimentar a sensação de ter um cabelão? Ou mesmo passou a alisar os cabelos na expectativa de sentir isto também? Eu costumo dizer que, caso tivesse sido apresentada às boxbraids na infância, eu não passaria por estes processos! O limite para o tamanho das suas tranças é a sua escolha e você pode colocar na medida que quiser (ou aguentar).

DIVERSIDADE DE MATERIAIS DISPONÍVEIS, é uma coisa que pouca gente sabe. Quando comecei nas boxbraids só conhecia o Nylon® como material possível de fazê-las, mas o tempo passa e, quanto mais você conhece do assunto, mais materiais passam a fazer parte das suas opções. Além do Nylon® você pode usar: barbante, linha de tricô, lã, Kanekalon, Fibra sintética similar ao natural e o que mais a sua criatividade mandar (se já tiver usado outros materiais, deixe aqui nos comentários que quero conhecer). Cada material tem suas vantagens e desvantagens, você pode escolher o que te parecer mais agradável em relação ao peso, calor, cor, opções de degradê e etc... Desta vez, escolhi a lã visando dois pontos principais: ser leve e ser um material respirável. Em época quentes é melhor escolher um material natural, que favoreça transpiração e não transforme seu couro cabeludo num forninho. 

Então, gostou da ideia? Já tem vídeo novo no canal, mostrando como fazer suas próprias tranças, que tal? O material é super em conta e, caso a grana não esteja sobrando, você economiza também na mão de obra. Se animou? Então vem ver!

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sábado, 18 de março de 2017

COMO A EDUCAÇÃO SEXUAL REFLETE O PUDOR DOS LARES BRASILEIROS

março 18, 2017 0
A partir de agora, haverá neste blog uma série de textos e posts para falar da opressão na educação sexual que ocorre no Brasil. Ao conversar com amigas, é comum percebermos o grande número de mulheres, inclusive da nossa geração, que é considerada "mais moderninha", que desconhece ou tem medo de conhecer os detalhes do seu corpo e vivenciar a sua sexualidade. Isto não é coincidência ou acaso, historicamente somos moldadas à não viver com plenitude várias as aspectos de nossas vidas, entre eles a sexualidade e a exploração do nosso corpo, principalmente as mulheres neste último caso. Por considerar importante esta discussão e essencial para ajudar estas mulheres, vamos falar mais sobre a fisiologia do corpo feminino, masturbação, prazer e muitos outros assuntos considerados tabus.
Vivemos numa sociedade machista, patriarcal, onde ainda é considerado assunto proibido o prazer da mulher, o corpo feminino, suas particularidades e, alguns pontos, chegam a ser tratados como "errados ou sujos" desde a infância. Assuntos como estes, deveriam ser tratados com naturalidade, para que nossas jovens mulheres pudessem ter mais autonomia sobre o próprio corpo, vontades e poder fazer escolhas conscientes, sem depender de que uma outra pessoa lhe diga como deve ser o seu gosto, mas não é assim que acontece.
Sala de aula - Brasil 1920 - Blog Na Veia da Nêga - Contextualizando a Educação Sexual Opressora
Historicamente a Educação Sexual dentro das salas de aula sempre teve um caráter opressor e higienista, buscando ensinar através de conceitos moralistas ou religiosos que hábitos, que sabemos ser saudáveis para os seres humanos, deveriam ser combatidos e abolidos da vida dos nossos jovens e crianças. A França é considerado berço da escolarização incluindo educação sexual, porém com fim de reprimir também atos como masturbação, inclusive dos meninos, por exemplo, por lá, por volta do século XVIII já se discutia algo ligado a Educação Sexual em ambiente escolar, afim de reprimir qualquer expressão considerada sexualizada e "proteger" as crianças de qualquer comportamento que pudesse ser ligado a isto. Precisamos nos contextualizar historicamente também de que, no século XVIII apesar de ser marcado por diversas revoluções consideradas "a frente do tempo" para época, o sexo e todo seu contexto era assunto proibido. O ato sexual era considerado uma "obrigação impura" por muitos, uma tarefa que só se fazia por não haver outro meio de reproduzir a espécie, quase um sacrifício. 
Seguindo para o período contemporâneo da história, no século XX a educação sexual passa a abordar o foco reprodutivo, utilizada na França, por exemplo, para reforçar como positiva a lei que proibia o aborto (sancionada em 1920) ou mesmo justificar a proibição de propagandas de métodos contraceptivos (preservativo e DIU, por exemplo). Até então, o foco era apenas reprimir mas ganhou também a função de tornar o controle das práticas uma meta, mostrando que os governos se preocupavam em dar ao sexo a função de somente reprodução, proibindo o uso de métodos contraceptivos e criminalizando o aborto. A igreja católica tem grande participação neste enfoque que a educação sexual ganhou pelo mundo, afinal, o cristianismo não admite o sexo como uma prática apenas para o prazer, mas sim, ato para fins bíblicos, justificados pelo "crescei-vos e multiplicai-vos". 
Falando especificamente do Brasil, a educação sexual também teve (e ainda tem) caráter opressor que buscava reprimir expressões da sexualidade, desejos e, principalmente, ensinar às crianças que o papel do sexo era somente levar os seres humanos a se reproduzirem, com a igreja ajudando a reforçar a ideia de que sentir prazer com isto era errado. 
De 1920 até o fim da ditadura militar, o nosso país era um campo de repressão constante, que se utilizava da educação sexual como ferramenta para fazê-lo. Como já foi dito neste blog, a informação é arma de dominação, seja sendo ocultada ou liberada de forma incorreta e isto foi usado em todo este período como uma maneira de controlar a população. 
A década de 80 é considerada por historiadores da educação, um marco de avanços no campo da educação sexual, a população, livre dos ditadores e já podendo ir as ruas exigir o direito de escolher os próprios governantes, também começou a falar de sexo mais abertamente. O que não impediu, infelizmente, que o "crime de aborto" fosse incluído no nosso código penal, em 1984, penalizando as mulheres que precisassem recorrer a este método e assim permanece até os dias atuais. A França, país que proibiu o aborto em 1920, legalizou a prática em 1975, tornando-o uma questão de saúde pública, garantindo apoio emocional e segurança física para as mulheres.
Hoje no Brasil a educação sexual faz parte dos "Parâmetros Nacionais de Ensino" e orienta-se ocorrer de maneira transversal na educação, isso quer dizer que é responsabilidade de todos os professores inserirem este recorte em suas escolas, o que na prática não acontece, pois a maioria dos nossos educadores não está preparado para falar do assunto. Muitas vezes, inserindo seus conceitos religiosos ou morais à pauta, transformando a educação sexual em "falar de sexo", quando na verdade é muito mais que isto, pois a sexualidade humana é muito mais complexa.
Sala de aula - Brasil Sec. XXI - Blog Na Veia da Nêga - Contextualizando a Educação Sexual Opressora
Discute-se em plenário hoje, o que algumas pessoas chamam de "educação de gênero", um conceito que muitas pessoas acreditam que é defender "falar de sexo" para crianças, sem nenhum recorte, didática ou preparação para isto, fazendo com que assuntos pertinentes deixem de ser debatidos com a orientação de um professor, que poderia ser fundamental na hora de espalhar conhecimento de qualidade.
A Educação Sexual no Brasil, falando do ambiente escolar, sempre refletiu o que acontece em casa (ou o contrário seria o verdadeiro?), assuntos que são extremamente importantes para criarmos seres humanos conscientes, principalmente mulheres, são varridos para debaixo do tapete, ignorados ou muitas vezes podados, continuamos assim criando pessoas leigas quanto aos seus corpos, direitos reprodutivos, saúde sexual e tantos outros temas ligados a sexualidade. É preciso encontrar meios, enquanto profissionais da docência, de transversalizar este assunto e conseguir levá-lo da maneira mais responsável possível para dentro do ambiente escolar, garantindo assim jovens mais informados, que no futuro formarão de de maneira mais consistente aos seus filhos.

Fontes de pesquisa:

sexta-feira, 17 de março de 2017

[QUASE] TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O DIU DE COBRE

março 17, 2017 0
Informação tem se transformado num bem precioso, ou pelo menos, as pessoas tem percebido agora que é um dos bens mais preciosos que temos. Tão valioso, que pode se tornar moeda de negociação ou arma de opressão. Já pensou nisto? Nos dias atuais, ter ou não ter a informação pode ser decisivo na vida de alguém e, a partir do momento que temos, a escolha de como utilizar esta informação é tão crucial quanto. Das formas mais conhecidas de dominação subjetiva, com certeza, reter ou liberar somente a informação que interessa, está no topo da lista, fazendo com que pessoas se tornem dependente de algo ou alguém por não conhecer algo ou conhecer equivocadamente, logo a informação é ouro e nós escolhemos se acumulamos ou se dividimos com nossos amigos, parentes e conhecidos. Aproveito para dar a sugestão: compartilhe este texto com suas amigas, parentes, conhecidas e, porque não, conhecidos homens também: a concepção e a contracepção devem ser, preferencialmente, uma decisão tomada pelos parceiros, quando existe uma relação saudável o suficiente para isto.

Os métodos anticoncepcionais são mais antigos do que você pode imaginar, Hipócrates (460-377 a.C.) já sabia, e descrevia, que sementes de cenoura selvagem poderiam reduzir a fertilidade da mulher, na mesma época, Aristóteles (384-322 a.C.) falava da utilização da Mentha Pulegium (hoje conh
ecemos como "Poejo") como anticoncepcional, estamos falando de mais de 2000 anos atrás, quando há descrição de que as pessoas já se preocupavam em, de alguma forma, controlarem a vinda de filhos. Na idade média, a preocupação em controlar a natalidade não era tão explicita ou pública como hoje, mas, verificar os manuscritos e encontrar estes registros nos diz algo so
bre tentarem isto, inclusive pesquisando formas de controlar também a fertilidade masculina. Em 1921, um estudo de Haberlandt (1885-1932), cientista alemão, sugeriu uma forma de controlar a fertilidade de coelhas, com ovários retirados de outras coelhas, daí em diante começou a busca de sintetizar estes hormônios, para que eles pudessem ser manipulados e produzidos em larga escala, sem continuar dependendo de partes de outros seres vivos. A primeira pilula anticoncepcional, em 1960, foi considerada uma revolução para a autonomia feminina. 

Mesmo sendo considerado uma revolução, a relação das mulheres com hormônios sintéticos está bem longe de ser definida como um mar de rosas, afinal, alterar quimicamente o funcionamento hormonal do corpo de várias mulheres, pode gerar reações que não podem ser previstas com precisão, afinal, cada ser humano é único. Entre os efeitos mais comuns relatados por mulheres, em relação ao uso de contraceptivos hormonais, estão dores de cabeça, dores no corpo, enjoo, aumento ou perca de peso excessivo, acnes, mudanças de humor, entre outros efeitos desagradáveis, mas que as mulheres acabam convivendo por acreditarem que estes são ônus compensados pelo bônus de conseguir controlar a própria fertilidade.

Outros métodos não hormonais vem sendo discutidos, recentemente com mais afinco, por mulheres e médicos, pois diminuem em muito estes sintomas e podem ser tão ou mais eficazes que os métodos que causam desconforto.
Ao contrário do que muitos pensam, o DIU é uma ideia que veio muito antes da pilula anticoncepcional, o primeiro registro de estudo que encontramos, é do Doutor Ernst Gräfenberg. Por volta de 1929, ele foi o primeiro médico à produzir, comercializar e implantar o que era chamado de anel Gräfenberg, podemos considerá-lo um "ancestral" do que conhecemos hoje como DIU. Hoje o DIU é o método reversível mais utilizado no mundo, porém no Brasil, ainda existe muito preconceito, por parte das mulheres, em relação ao dispositivo. Algumas dúvidas viraram senso comum no imaginário da mulher brasileira, mas quanto mais mulheres conhecem e desmitificam estas informações, mais o DIU entra para a lista de escolhas conscientes das brasileiras.

O DIU, assim como a maioria dos contraceptivos, vem avançando junto com a tecnologia e isso faz com que os efeitos adversos sejam menores. Muitas dúvidas ainda permanecem e, muitas delas, podem ser tiradas com seu médico, enfermeira obstetra ou médico da família, outras podem ser respondidos neste post:

O prazo de "validade" do DIU de cobre é, normalmente, de 10-12 anos, devendo ser trocado após este período pois perde a capacidade contraceptiva. DIU's hormonais, costumam ter menor duração.
O DIU de cobre não contém hormônios, sua contracepção se dá pela liberação contínua de metais no útero, tornando-o um ambiente hostil para implantação do óvulo.
Por não conter hormônios sintéticos, a maioria dos efeitos colaterais que incomodam as mulheres não vão se apresentar por conta do DIU, como ganho de peso, aparecimento de acnes, retenção de líquidos e etc. 
O DIU, assim como qualquer outro método contraceptivo, hormonal ou não, não é 100% eficaz. A eficácia do DIU de cobre é de 99,3%, por isto, é indicado o uso combinado de preservativo em períodos férteis, para aumentar a proteção.

O DIU de cobre é fornecido e aplicado GRATUITAMENTE pelo SUS, cada cidade tem seu procedimento, o ideal é procurar o posto de saúde da sua região e se informar sobre quais os tramites você deve seguir para realizar a implantação.
Todo método contraceptivo deve ser escolhido com a ajuda do seu médico, você entende do seu corpo, porém há questões técnicas que precisam ser avaliadas. Alguns fatores precisam ser levados em consideração na hora de escolher o DIU, como:


  • Alergia ao material;
  • Útero bicorno ou reverso;
  • Planejamento Familiar à curto prazo;
  • Dúvidas em relação à cólicas e sangramentos que podem ocorrer na utilização do dispositivo; 


O DIU PODE SER USADO POR MULHERES QUE AINDA NÃO TEM FILHOS, este é um dos mitos antigos do DIU e deve-se muito a negação dos direitos reprodutivos à própria mulher. Muitos médicos acham que 10 anos (período de validade do DIU) é muito tempo e, por não ter filhos, talvez seja melhor um método de curta duração. 

Este não é um método contraceptivo "abortivo", como muitas pessoas acreditam. O metal liberado pelo dispositivo, impede que óvulo fecundado se fixe na parede do útero, o que é O MÍNIMO pra que um feto exista. Sendo assim, não há aborto de feto, já que não houve fixação de óvulo fecundado na parede do útero.

O DIU não é acessível ao toque do dedo ou do pênis durante o ato sexual, por ser um dispositivo implantando no fundo do útero. O que fica para fora do colo do útero é a "cordinha", muito fina e pequena que, normalmente, é imperceptível pelo parceiro. 


O DIU NÃO PREVINE A TRANSMISSÃO DE DST's (doenças sexualmente transmissíveis), e por isto não dispensa o uso de preservativos. Parceiros sexuais eventuais não carregam estrela testa, demonstrando ou não se tem doenças sexualmente transmissíveis, nem todas tem sintomas externos ou evidentes no órgão sexual.


Restou alguma dúvida? Assista ao vídeo abaixo, com mais algumas informações, se quiser, pode deixar nos comentários suas dúvidas para eu tentar responder, ou converse com seu médico e esclareça-as. Uma mulher informada é uma mulher segura e planejamento familiar faz toda a diferença na estrutura das nossas vidas.



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