sexta-feira, 17 de março de 2017

[QUASE] TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O DIU DE COBRE

Informação tem se transformado num bem precioso, ou pelo menos, as pessoas tem percebido agora que é um dos bens mais preciosos que temos. Tão valioso, que pode se tornar moeda de negociação ou arma de opressão. Já pensou nisto? Nos dias atuais, ter ou não ter a informação pode ser decisivo na vida de alguém e, a partir do momento que temos, a escolha de como utilizar esta informação é tão crucial quanto. Das formas mais conhecidas de dominação subjetiva, com certeza, reter ou liberar somente a informação que interessa, está no topo da lista, fazendo com que pessoas se tornem dependente de algo ou alguém por não conhecer algo ou conhecer equivocadamente, logo a informação é ouro e nós escolhemos se acumulamos ou se dividimos com nossos amigos, parentes e conhecidos. Aproveito para dar a sugestão: compartilhe este texto com suas amigas, parentes, conhecidas e, porque não, conhecidos homens também: a concepção e a contracepção devem ser, preferencialmente, uma decisão tomada pelos parceiros, quando existe uma relação saudável o suficiente para isto.

Os métodos anticoncepcionais são mais antigos do que você pode imaginar, Hipócrates (460-377 a.C.) já sabia, e descrevia, que sementes de cenoura selvagem poderiam reduzir a fertilidade da mulher, na mesma época, Aristóteles (384-322 a.C.) falava da utilização da Mentha Pulegium (hoje conh
ecemos como "Poejo") como anticoncepcional, estamos falando de mais de 2000 anos atrás, quando há descrição de que as pessoas já se preocupavam em, de alguma forma, controlarem a vinda de filhos. Na idade média, a preocupação em controlar a natalidade não era tão explicita ou pública como hoje, mas, verificar os manuscritos e encontrar estes registros nos diz algo so
bre tentarem isto, inclusive pesquisando formas de controlar também a fertilidade masculina. Em 1921, um estudo de Haberlandt (1885-1932), cientista alemão, sugeriu uma forma de controlar a fertilidade de coelhas, com ovários retirados de outras coelhas, daí em diante começou a busca de sintetizar estes hormônios, para que eles pudessem ser manipulados e produzidos em larga escala, sem continuar dependendo de partes de outros seres vivos. A primeira pilula anticoncepcional, em 1960, foi considerada uma revolução para a autonomia feminina. 

Mesmo sendo considerado uma revolução, a relação das mulheres com hormônios sintéticos está bem longe de ser definida como um mar de rosas, afinal, alterar quimicamente o funcionamento hormonal do corpo de várias mulheres, pode gerar reações que não podem ser previstas com precisão, afinal, cada ser humano é único. Entre os efeitos mais comuns relatados por mulheres, em relação ao uso de contraceptivos hormonais, estão dores de cabeça, dores no corpo, enjoo, aumento ou perca de peso excessivo, acnes, mudanças de humor, entre outros efeitos desagradáveis, mas que as mulheres acabam convivendo por acreditarem que estes são ônus compensados pelo bônus de conseguir controlar a própria fertilidade.

Outros métodos não hormonais vem sendo discutidos, recentemente com mais afinco, por mulheres e médicos, pois diminuem em muito estes sintomas e podem ser tão ou mais eficazes que os métodos que causam desconforto.
Ao contrário do que muitos pensam, o DIU é uma ideia que veio muito antes da pilula anticoncepcional, o primeiro registro de estudo que encontramos, é do Doutor Ernst Gräfenberg. Por volta de 1929, ele foi o primeiro médico à produzir, comercializar e implantar o que era chamado de anel Gräfenberg, podemos considerá-lo um "ancestral" do que conhecemos hoje como DIU. Hoje o DIU é o método reversível mais utilizado no mundo, porém no Brasil, ainda existe muito preconceito, por parte das mulheres, em relação ao dispositivo. Algumas dúvidas viraram senso comum no imaginário da mulher brasileira, mas quanto mais mulheres conhecem e desmitificam estas informações, mais o DIU entra para a lista de escolhas conscientes das brasileiras.

O DIU, assim como a maioria dos contraceptivos, vem avançando junto com a tecnologia e isso faz com que os efeitos adversos sejam menores. Muitas dúvidas ainda permanecem e, muitas delas, podem ser tiradas com seu médico, enfermeira obstetra ou médico da família, outras podem ser respondidos neste post:

O prazo de "validade" do DIU de cobre é, normalmente, de 10-12 anos, devendo ser trocado após este período pois perde a capacidade contraceptiva. DIU's hormonais, costumam ter menor duração.
O DIU de cobre não contém hormônios, sua contracepção se dá pela liberação contínua de metais no útero, tornando-o um ambiente hostil para implantação do óvulo.
Por não conter hormônios sintéticos, a maioria dos efeitos colaterais que incomodam as mulheres não vão se apresentar por conta do DIU, como ganho de peso, aparecimento de acnes, retenção de líquidos e etc. 
O DIU, assim como qualquer outro método contraceptivo, hormonal ou não, não é 100% eficaz. A eficácia do DIU de cobre é de 99,3%, por isto, é indicado o uso combinado de preservativo em períodos férteis, para aumentar a proteção.

O DIU de cobre é fornecido e aplicado GRATUITAMENTE pelo SUS, cada cidade tem seu procedimento, o ideal é procurar o posto de saúde da sua região e se informar sobre quais os tramites você deve seguir para realizar a implantação.
Todo método contraceptivo deve ser escolhido com a ajuda do seu médico, você entende do seu corpo, porém há questões técnicas que precisam ser avaliadas. Alguns fatores precisam ser levados em consideração na hora de escolher o DIU, como:


  • Alergia ao material;
  • Útero bicorno ou reverso;
  • Planejamento Familiar à curto prazo;
  • Dúvidas em relação à cólicas e sangramentos que podem ocorrer na utilização do dispositivo; 


O DIU PODE SER USADO POR MULHERES QUE AINDA NÃO TEM FILHOS, este é um dos mitos antigos do DIU e deve-se muito a negação dos direitos reprodutivos à própria mulher. Muitos médicos acham que 10 anos (período de validade do DIU) é muito tempo e, por não ter filhos, talvez seja melhor um método de curta duração. 

Este não é um método contraceptivo "abortivo", como muitas pessoas acreditam. O metal liberado pelo dispositivo, impede que óvulo fecundado se fixe na parede do útero, o que é O MÍNIMO pra que um feto exista. Sendo assim, não há aborto de feto, já que não houve fixação de óvulo fecundado na parede do útero.

O DIU não é acessível ao toque do dedo ou do pênis durante o ato sexual, por ser um dispositivo implantando no fundo do útero. O que fica para fora do colo do útero é a "cordinha", muito fina e pequena que, normalmente, é imperceptível pelo parceiro. 


O DIU NÃO PREVINE A TRANSMISSÃO DE DST's (doenças sexualmente transmissíveis), e por isto não dispensa o uso de preservativos. Parceiros sexuais eventuais não carregam estrela testa, demonstrando ou não se tem doenças sexualmente transmissíveis, nem todas tem sintomas externos ou evidentes no órgão sexual.


Restou alguma dúvida? Assista ao vídeo abaixo, com mais algumas informações, se quiser, pode deixar nos comentários suas dúvidas para eu tentar responder, ou converse com seu médico e esclareça-as. Uma mulher informada é uma mulher segura e planejamento familiar faz toda a diferença na estrutura das nossas vidas.



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