segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

PRODUTOS PARA A ROTINA DE LOW POO - SHAMPOO, MÁSCARA, CONDICIONADOR E FINALIZADOR

dezembro 26, 2016 0

Como vocês já sabem, iniciei uma nova rotina para cuidar dos cabelos, resolvi aderir ao Low Poo neste mês de dezembro e teve vídeo lá no canal para mostrar os produtinhos que estou usando. Como eu sei que nem todo mundo está podendo gastar pacote de dados com vídeos, resolvi mostrar a listinha aqui também, em todo caso o vídeo está ao final deste post, se sobrar um  tempinho (ou alguns megas) dá para ver também!

Shampoo "Cachos - Que Volume é Esse | Cabelos Tipo 4" da Softhair Cosméticos. É um shampoo levemente perolado, com um cheirinho doce mas sem ser enjoativo e que limpa muito bem o couro cabeludo mas não ressecou o meu cabelo. É liberado para low poo e promete ajudar no crescimento saudável dos fios contendo muitas vitaminas. A embalagem vem com 300ml e custa em torno de R$9,90 aqui em Belo Horizonte. (Já tem resenha dele no canal, só clicar aqui)

Condicionador "Cachos - Que Volume é Esse | Cabelos Tipo 4", também da Softhair Cosméticos. Com a mesma fragrância do shampoo, o condicionador é bastante emoliente e também contém vitaminas que, segundo a marca, estimulam o crescimento saudável dos fios. É um produto leve e bem fácil de aplicar nos cabelos, liberado apenas para low poo. (Já tem resenha dele no canal, só clicar aqui)

Máscara de Hidratação - Ceramidas da Kanechon, apesar de ser descrita como uma máscara de "restauração profunda", entrou para a lista de produtinhos com a função de repor a água dos fios. É bastante hidratante e não deixa os fios pesados, além de deixar os cabelos muito macios.

Máscara Transição Capilar da Fina Flor Cosméticos, esta é uma das favoritas deste cronograma capilar. A máscara é liberada para no e low poo e é MUITO hidratante, além de vir com mais 3 aditivos para o cronograma capilar facilitando a nossa  vida. Mas sozinha a máscara é muito potente, realmente dá conta do recado mesmo nenhum tipo de silicone proibido, eu estou amando! (Já tem resenha dele no canal, só clicar aqui)

Condicionador - Transição Capilar da Fina Flor Cosméticos, uma descoberta maravilhosa. Este condicionador é extremamente emoliente e serve tanto para a função comercial quanto para finalizar os cabelos e segurar por mais dayafters, além claro, de poder usá-lo para o "co-wash" (lavagem somente com condicionador), já que ele é liberado para técnica de No Poo também. Bastante emoliente e hidratante este condicionador cumpre muito mais do que o prometido pela marca nos meus cabelos.

Condicionador - Argan Premium da Nutriminas (Shambelle Cosméticos), um condicionador mais denso e muito emoliente, que uso sempre que preciso de um desembaraço mais potente. Ele deixa os cabelos muito macios e é liberado somente para o low poo. (Já tem resenha dele no canal, só clicar aqui)

Gelatina Tô de Cacho "Vai ter Volume Sim" da Salon Line, outro produtinho para no e low poo que testava paradinho aqui na prateleira e agora, depois de aderir ao low poo de vez, voltou a ser usado. Esta gelatina não tem a função de fixar os cachos, mas deixar os cabelos mais soltinhos e com volume. Não pode ser usada sozinha, então sempre tem misturinha com creme para pentear.

Finalizador Meus Cachos "Fitagem" da Embelleze, um creme leve, que deixa o cabelo bem soltinho e com muito volume. Apesar de eu não finalizar o cabelo com fitagem ele tem me servido bem no processo normal e deixado um efeito bacana, principalmente em conjunto com gel líquido.

Creme para pentear Transição Capilar da Fina Flor Cosméticos, também é outro item lançado pela marca que é totalmente liberado para no e low poo. O creme para pentear é consistente e, apesar de no começo ter sentido dificuldade para finalizar com ele, agora que meus fios já estão mais adaptados à técnica, tenho conseguido mais dias com o cabelo arrumado. 

Creme para pentear "Cachos - Que Volume é Esse | Cabelos Tipo 4" da Softhair Cosméticos, é outro finalizador que entrou nesta listinha e tenho gostado bastante, de menor consistência que o anterior mais de igual qualidade. A Softhair conseguiu fazer um creme leve, que não deixa meu cabelo embolado assim que seca, o que é uma das dificuldades que encontrei nos cremes de pentear usados para a técnica, por serem todos muito leves é difícil segurarem por muito tempo a finalização. Mas o finalizador da Sofhair está dando conta do recado.

Gel Líquido "Como se Fosse a Primeira Vez (Day After)" da Salon Line, claro que não comprei para este fim, mas como não deu certo na revitalização do dia seguinte, precisava dar um outro destino à este gel (afinal, meu dinheiro não está aí para ser jogado fora) e resolvi usá-lo para a finalização. Não é que deu certo? O gel líquido tem me ajudado a melhorar o efeito dos cremes sem silicone, a única parte chata é que após secar, ele deixa o cabelo com aquela "falsa caspa" e isto me incomoda muito.

Spray "Dia Seguinte - Transição Capilar da Fina Flor Cosméticos, é o último desta listinha e não poderia deixar de estar por aqui. O spray para o dia seguinte tem me ajudado muito à segurar o cabelo por mais dias arrumados e, além disso, é o ideal para "colocar o cabelo no lugar" quando ele estava preso, por exemplo, e quero voltar a usar solto. Não é um creme com água, é um creme fluído formulado exatamente na consistência certa para esta função.

No vídeo você pode ver a textura de cada produto, além de mais algumas informações que não vieram parar neste post e, se restar alguma dúvida, deixe nos comentários que vamos conversar mais sobre o assunto. Tem dúvidas sobre como começar o low poo? Já tem post aqui no blog falando sobre estas dúvidas de principiantes, só clicar aqui. 

sábado, 24 de dezembro de 2016

COMECEI O LOW POO: DÚVIDAS DE PRINCIPANTE

dezembro 24, 2016 0
Quando resolvi começar o low poo sabia poucas coisas, todas ouvidas das meninas do Clube de Blogueiras Negras de Beagá em nossas conversas. Confesso que sempre tive muito preconceito com a técnica por algum tempo, porque notava que a maioria das meninas ficava meio "neurótica" na hora de implementar a rotina a sua vida. Eu que passei anos alisando o cabelo, tenho verdadeiro pavor de começar qualquer coisa que me transforme numa nova maníaca. Logo quando fiz o bc entrei numa loucura de cronograma capilar e esta experiência já foi ruim, imagina entrar na neura dos "proibidões"? Ficando triste e deprimida porque todos os meus produtos favoritos são "proibidos"? Pois é, era este o meu medo. Mas como tenho muitos produtos liberados em casa, resolvi passar um mês nesta rotina e agora, já quase no final da experiência, acho que posso tirar algumas dúvidas que eu também tive e pode ser útil para muitas de vocês.
Low poo em bom e velho português, significa "pouco shampoo". A técnica preza por usarmos produtos menos agressivos nos nossos cabelos e, apesar de não ser exclusiva para cabelos crespos e cacheados, abolir os shampoos com sulfato e os cremes com petrolatos faz muito bem ao nosso tipo de cabelo. Durante este tempinho que não estou usando mais os "proibidos" notei meu cabelo com muito mais brilho e maciez, o estava difícil já há alguns meses, acredito que por conta das tinturas e descolorações, além da parafina é claro.
Primeiro de tudo é importante saber que: VOCÊ NÃO VAI MORRER SE USAR UM PROIBIDO OU OUTRO por acidente ou alguma vez por necessidade. A técnica de low poo existe, principalmente, para ajudar você ter um cabelo saudável mas isso não significa que seu cabelo vai cair se por um acaso encostar uma parafina nele, ok? Do último uso de sulfatos e parafinas até seu cabelo se ver completamente sem os resíduos leva um tempinho, então nada de surtar porque ainda tem resíduo num pente, numa escova, numa touca de cabelo ou numa fronha. Lembrou que tem? É só lavar e seguir a sua vida!
O que são produtos proibidos? 
Produtos proibidos no low poo são todos aqueles que contém substâncias derivadas do petróleo: óleo mineral, parafina, petrolatos, silicones insolúveis em água e, no caso dos shampoos principalmente, sulfatos. Estes produtos, segundo a técnica, prejudicam ou impedem a real hidratação dos cabelos por "entupirem" os poros. Você pode estar se perguntando se é preciso decorar todas estas substâncias, não é mesmo? Não diria decorar mas ter à mão todas as vezes que for as compras seria interessante, para não correr o risco de levar para casa um produto com substâncias proibidas sem querer. Apesar de muita gente também ter abolido os "parabenos" da sua lista de produtos ao aderir a técnica, originalmente eles não estão proibidos. Parabenos são conservantes usados não só em cosméticos mas principalmente neles, quimicamente, os parabenos são os ésteres do ácido 4-hidroxibenzoico com álcoois de cadeia curta. Sua eficácia como conservantes, em combinação com o seu baixo custo, a longa história da sua utilização, e a ineficácia das alternativas naturais, como o extrato de semente de toranja, explica porque os parabenos são tão comuns. Alguns parabenos são encontrados naturalmente em fontes vegetais. Por exemplo, metilparabeno é encontrado em amoras, onde ele atua como um agente antimicrobiano (Fonte: Wikipédia).
Caso eu use algum produto proibido é preciso lavar com shampoo anti-resíduo?
Não, os proibidões saem com shampoo comum que contenha sulfato. Shampoo anti-resíduo não deve ser usado indiscriminadamente porque exige muito do cabelo, além do que, se você faz algum processo químico de coloração, o shampoo anti-resíduo pode contribuir para o desbotamento. 
Como saber o que pode e o que não pode? 
As marcas agora tem facilitado a nossa vida estampando em seus rótulos adesivos, indicando assim que os produtos são livres de componentes que não podemos usar quando aderimos à técnica. Mas se restar alguma dúvida, vocês podem consultar as listas disponíveis na internet, indico o "Guia Low Poo - Manual para Iniciantes (Blog Cacheia)", o texto é da Maressa Souza e está super bem explicadinho por lá. Mas, vou deixar por aqui uma listinha básica dos mais comuns que são proibidos para a técnica:
Sulfatos: Sodium Laureth Sulfate, Sodium Lauryl Eter Sulfate, Sodium Laurisulfate/Sodium Lauryl Sulfate, Sodium Myreth Sulfate, Sodium Trideceth Sulfate, Sodium Coco-Sulfonate, Sodium Sulfate Coconut.

Patrolatos: Petrolatum/petrolato, Mineral Oil/óleo mineral, Parafinum Liquid/parafina líquida, Isoparaffin, C13-14 Isoparaffin, C12-20 Isoparaffin, Vaselina/vaselin, Isododecane/Isododecene.
Tenho dado preferência aos produtos de marcas conhecidas que já se apresentam como liberados para low poo, lembrando que a outra técnica conhecida como "no poo" é mais restritiva e não usa nenhum tipo de shampoo, então não precisam se preocupar com os sulfatos que quase não aparecem nos demais produtos do cronograma capilar.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

AGORA, TUDO É CACHO - ALIMENTANDO O CONSUMISMO A BASE DE REPRESENTATIVIDADE

dezembro 22, 2016 2
A discussão sobre o assunto "representatividade" na indústria de cosméticos sempre passa por dois vieses muito importantes, o primeiro deles trata da falta de representatividade das negras de pele escura e cabelos crespos (de verdade) nas campanhas e anúncios publicitários, o segundo, que será discutido neste texto, é o quanto o mercado, cosmético principalmente, tem nos tratado como um público que apenas consome uma enxurrada de produtos semelhantes, com uma embalagem coloridinha e infantilizada. 
Há dez anos atrás as marcas não reconheciam os cabelos cacheados, muito menos os crespos, principalmente os das mulheres negras, como mercado consumidor e por isto era quase impossível ver um produto específico para os nossos tipos de cabelo nas gôndolas, hoje o mercado descobriu que nós mulheres negras de cabelos crespos e cacheados estávamos nos organizando para cuidar das nossas madeixas. Como esperto que nosso sistema capitalista é, tratou logo de tirar do "amadorismo" nossas misturinhas, nossos cuidados e industrializá-los. Hoje é muito mais fácil encontrar produtos para todos os tipos de cabelos cacheados e quase todos os tipos de crespos. 
Pensando nisto, não é de todo ruim que o capitalismo tenha se aproveitado deste nicho, afinal, não podemos ignorar que nem todas as mulheres negras, cacheadas ou crespas, tem acesso à internet e podem se informar nestes grupos que ensinam virtualmente sobre cuidados com os nossos tipos de cabelo, além do mais, a disponibilidade maior de produtos é um incentivo aos pais de crianças negras que antes acabavam se rendendo aos alisamentos, com a justificativa de que o mercado não oferecia formas acessíveis e à um custo justo para cuidar dos cabelos da maioria de nossas crianças negras. 
Embora tenhamos isto à comemorar, outro ponto precisa ser destacado na hora de falar sobre a nova onda no mercado de "produtos para cachos e crespos": é a sobrecarga de produtos jogado pelas marcas no mercado. Muitas meninas que estão agora entrando em transição ganham junto com a vontade de mudar, o vício descontrolado por todos os lançamentos das marcas, sem reparar que, muitas vezes, é o mesmo produto vestido de formas diferentes. Você não precisa de dez cremes para pentear, mais da metade deles tem a mesma fórmula mudando apenas as embalagens mas, não é isto que as marcas querem que nós pensemos. Não quer dizer que você não possa comprar todos os lançamentos e montar uma coleção na sua casa, muito pelo contrário, se você puder, quiser e tiver condições para isto vá fundo e se jogue nas comprinhas, a sensação é ótima. Mas, se não puder fazer isto, de forma alguma precisa se sentir  culpada ou "deslocada".
Hoje são centenas de máscaras de hidratação, por exemplo, com a função de repor água única e exclusivamente, cada uma com a embalagem mais fofa que a outra enchendo nossos olhos e nossa vontade de consumir, mas, será que você precisa realmente disto? É compreensível que agora com milhares de produtos para nós, que antes não tínhamos nada dedicado à nossa estética, fiquemos tentadas à testar tudo, mas é preciso sempre estar atenta à esta infantilização que o mercado tenta fazer conosco, por muitas vezes, nos colocando em posição de esponjas que apenas absorvem sem questionar. 
Antes de se jogar em todas as tentações e novidades, pense: é para mim? Minha estética realmente importa para este mercado, tanto quanto o meu dinheiro? É muito fácil escrever que é para crespas ou cacheadas na embalagem e esperar que todas nós consumamos mais um produto que, talvez, antes tivesse uma mesma fórmula, mas com embalagem "padrão Europa".
A representatividade nos rótulos nós já alcançamos em partes, isto com certeza é para ser comemorado, agora vamos sempre estar atentas àqueles que usam a mensagem de empoderamento, como forma de atingir a "meta de venda" da sua marca, sem se importar de fato com a essência e a resistência que isto representa. E quanto à você mulher negra, cacheada ou crespa, saiba que você não precisa comprar tudo que está disponível na intenção de se encaixar, nosso cabelo não é moda, é ancestralidade!

sábado, 17 de dezembro de 2016

CB NEGRAS BH: SOZINHAS SOMOS FANTÁSTICAS E JUNTAS SOMOS IMBATÍVEIS!

dezembro 17, 2016 0
O primeiro Clube de Influenciadoras Digitais Negras, do País!
Neste mês de Outubro, o Clube de Blogueiras Negras de Beagá completou seu primeiro ano. Oficialmente comemoramos no dia 16/10/2016, mas o projeto começou um pouco antes disto, no dia dois de outubro de 2015, hoje aqui no blog você vai saber um pouco mais sobre o projeto.
Por vezes percebemos que está centralizado no eixo Rio-Sampa, o maior número influenciadores digitais conhecidas pelo Brasil inteiro, há claro outras blogueiras e YouTuberes espalhadas por todo o pais e com bastante visibilidade mas, a maioria está nestes dois estados. Não menos importantes, nós de BH e região metropolitana, também trilhamos caminhos nas redes e vínhamos desenvolvendo um bom trabalho. Mas, então, onde estavam estas influenciadoras digitais negras de Belo Horizonte? Claro que aqui, estou falando de um grupo de blogueiras inseridas declaradamente num recorte racial e que, militantes ou não, reconhecem este posicionamento. 
Com cada vez menos espaço na mídia convencional, mulheres negras resolveram então ser a própria representatividade, criando blogs, canais no YouTube e produzindo conteúdo de qualidade, visibilidade para estas mulheres é bem mais complicado, não basta ter números expressivos, é preciso também abrir este mercado no peito e na raça.
Assim, surgiu a ideia do Clube de Blogueiras Negras de Beagá, com o propósito de reunir influenciadores digitais de Belo Horizonte e Região Metropolitana que estivessem, além de produzindo um bom conteúdo, dispostas a abrir caminho "no peito e na raça", como mídia negra de Belo Horizonte. O Clube de Blogueiras Negras de Beagá hoje funciona como uma ponte entre estas influenciadoras digitais e clientes que buscam este tipo de mídia para trabalhar e vender seus produtos ou serviços, mas com um diferença importante: a ancestralidade destas blogueiras e youtuberes, não está à venda neste projeto! O Clube De Blogueiras Negras de Beagá, não vende, determina as ideias ou a opinião de cada blogueira, assim como não exige nenhum posicionamento ideológico das integrantes, muito embora o Clube de Blogueiras Negras de Beagá exista também, para despertar o pensamento critico tanto nas suas integrantes quanto em nossos seguidores.
O projeto, começou com mais três pessoas que abraçaram esta ideia: Sheila Matias, blogueira e Youtuber do Blog 'Negras do Brasil'; Ricardo Lima, Publicitário, Social Media, Blogueiro e Youtuber; Nayara Garófalo, Revisora, Professora e Blogueira do 'TW: Preta!'. Profissionais que, assim como eu, acreditaram naquele momento que uma mudança se fazia necessária e que coletivamente seria o caminho mais inteligente à ser seguido. Em outubro de 2015 o Clube de Blogueiras Negras de Beagá começou a ganhar forma e corpo, neste inicio não tínhamos ideia da dimensão que o projeto tomaria, se consolidando como o primeiro Clube de Influenciadoras Digitais Negras, do país. No inicio do clube a ideia era, apenas, juntar e profissionalizar o trabalho das blogueiras negras da nossa cidade, uma vez identificado que estávamos realizando bons trabalhos mas, de forma isolada e muitas das vezes, sem a qualidade técnica necessária para sermos reconhecidas como profissionais. De lá pra cá, promovemos Workshops profissionalizantes dentro do nosso campo de atuação e vimos o conteúdo de cada blogueira alcançar níveis surpreendentes.
Além da experiência conquistada com o tempo e com os workshops, é possível perceber de forma escancarada, em nós que fazendo parte deste projeto, o desenvolvimento critico, técnico, gráfico e profissional alcançou níveis fantásticos. O clube conta hoje com 8 influenciadoras digitais (você pode conhecer cada uma clicando aqui), cada uma desenvolvendo um trabalho tecnicamente superior ao que desenvolvia há pouco mais de um ano atrás, tanto em seus blogs, quanto em outras plataformas que seus trabalhos ocupam. E isto leva indiscutivelmente à um nível mais alto do trabalho do coletivo que, deixou de contar com blogueiras que estavam reunidas para deixarem de ser amadoras, para evoluir dentro do profissional. 
O Clube de Blogueiras Negras de Beagá hoje é uma empresa, que busca levar cada uma de suas blogueiras para mais próximo das marcas, clientes, parceiros e patrocinadores e, também, dar meios para a que cada uma destas blogueiras consiga produzir um conteúdo de qualidade para devolver ao público e aos parceiros e patrocinadores. Sem nunca nos esquecermos que estamos compondo uma parte importante do recorte social e, como tal, temos a obrigação de pensar neste recorte no momento de desenvolver o nosso trabalho. Depois de feita a ponte, o trabalho é responsabilidade de cada uma delas, em fortificar e manter as parcerias. 
No site do Clube se Blogueiras Negras de Beagá, você encontra mais detalhes: como fazer parte, as blogueiras que fazem parte do projeto e perguntas frequentes. É só acessar para saber um pouco mais!
E se você gostou da ideia mas é de outra cidade, que tal criar o seu próprio projeto? O Clube se Blogueiras Negras de Beagá existe também para estimular outros grupos de influenciadoras digitais negras à se organizarem e colocarem a mão na massa, então que tal se inspirar, juntar as blogueiras negras próximas à você e trabalharem juntas? Digo por experiências própria: sozinhas cada uma de nós faz trabalhos fantásticos, mas juntas, somos imbatíveis!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

NOVEMBRO NEGRO | SERVIÇO DE PRETO: CONHEÇA, ROBERT COSTA

novembro 22, 2016 0
Foto: Acervo Pessoal | Robert Costa - Belo Horizonte
Roberth Robson Costa tem 24 anos, é mineiro e Repórter web, escreve para um portal de notícias on line atualmente. Formado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, Roberth diz ter sido escolhido pela profissão. O jovem repórter e eu fomos colegas de faculdade, para aqueles que não sabem, cursei um semestre de Publicidade e Propaganda mas acabei desistindo da graduação, desde então o acompanho através das redes sociais e vejo bem de perto o trabalho que tem desenvolve como repórter. A entrevista de hoje é para que vocês também conheçam mais sobre este jovem negro, talentoso, bonito e muito competente, que me deu a honra de entrevistá-lo para o blog.

Você relaciona alguma dificuldade ou barreira, existente na sua profissão, com as questões raciais? 
A internet possibilidade uma proximidade maior com quem lê as notícias que escrevo. Quase sempre há discordância dos leitores em relação a algum título ou chamada. A imparcialidade não existe e muita gente não sabe disso. Quando você escreve sobre determinado assunto, automaticamente, já pretere outro e acaba se posicionando. Busco noticiar de maneira menos subjetiva o possível. Mas, a escrita revela muito das ideias do repórter, do que ele defende ou recrimina. Não é bem uma dificuldade relacionada à área, mas é perceptível a surpresa de muitos quando um encontram um negro capaz de manter uma conversa no mesmo nível ou até melhor. Ser repórter dá abertura para construção de um amplo repertório cultural.

É possível marcar seu posicionamento crítico, acerca de raça, no dia a dia da sua profissão?
Meus posicionamentos a respeito de raça, assim como da homossexualidade e de outros temas ainda considerados tabus, aparecem na minha escrita. A pessoalidade não está presente de forma direta no jornalismo factual, mas dar espaço para notícias que tratam de questões relacionadas faz com que eu sinta meu posicionamento representado. Dar voz a vítimas de racismo e homofobia, divulgar punições e potencializar opiniões de quem entende do assunto são alguns exemplos.

E qual conselho você daria, aos negros e negras, que optarem por seguir nesta área de atuação profissional?
Assim como em outras áreas, acredito que fazer jornalismo abre um leque de possibilidades. O mais interessante é buscar autonomia para escrever sobre temas relevantes para a própria pessoa. Liberdade para expor e denunciar questões específicas não é um dos pontos fortes da prática jornalística, visto a atual configuração do mercado. A democratização dos meios de comunicação é uma demanda que se faz urgente.

Amanhã, uma nova entrevista, com uma profissional de outra área. Vamos juntos dar um novo significado à esta expressão, nós podemos tudo! |Entrevista Anterior|

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

LINHA TRANSIÇÃO CAPILAR - MIMOS RECEBIDOS DA FINA FLOR

novembro 21, 2016 0
A Fina Flor resolveu atender à uma parte do mercado que nunca foi pensada exclusivamente: as meninas em transição capilar!

LINHA TRANSIÇÃO CAPILAR - MIMOS RECEBIDOS DA FINA FLOR
Muitas de nós viveu anos alisando o cabelo para nos encaixarmos num padrão "europeu de beleza". Chega uma hora que bate aquela vontade com muita coragem, de se livrar das amarras e libertar nossos cabelos naturais, uma fase temida por muitas e sofrida por quase todas: a transição capilar. 
A transição começa de dentro para fora, não é para se encaixar em uma "moda" ou apenas "mudar o visual", a transição capilar para nós, mulheres negras, é um período de resistência e autoconhecimento, é hora de testar os seus limites, acreditar em si, aprender a lidar com as críticas, ignorar os comentários maldosos, rebater as falas racistas... Em resumo: é difícil demais!
E foi pensando em  toda estas dificuldades que nós passamos, que a Fina Flor Cosméticos resolveu lançar a linha TRANSIÇÃO CAPILAR. São oito produtos pensados especialmente para atender à necessidade do cabelo que está crescendo mas também, manter bem cuidado o cabelo alisado e que você ainda não está pensando em fazer o grande corte (big chop). A linha é TODA LIBERADA pra no e low poo, isto mesmo, inclusive o condicionador é indicado para co-wash.
Estes são os produtos da linha transição:
SHAMPOO SEM SULFATOS com agentes limpantes suaves e ativos que prometem nutrir o couro cabeludo, fortalecer os fios naturais, os alisados/relaxados e estimular o crescimento saudável dos cabelos. O shampoo contém Aloe Vera (que a conhecemos como "babosa"), Chá verde, é rico em Vitamina E, antioxidantes, cafeína e Trehalose, este último é um ativo que evita a degradação de ácidos graxos, ou falando em bom português, evita aquele cheirinho de suor do couro cabeludo, ótimo também para as meninas dos dreads e tranças (em transição ou não) que não ficam lavando cabelo toda semana.
CONDICIONADOR SEM PETROLATOS, PARAFINA, PARABENOS, todinho liberado! E para garantir a nutrição sem nenhum tipo de silicone, a empresa investiu na manteiga de murumuru (já tem post aqui no blog falando dos benefícios desta maravilha), que garante cabelos nutridos sem engordurar.
MÁSCARA BASE, para evitar aquele monte de máscaras na sua prateleira! Sozinha ele tem alto poder de hidratação, pois conta também com a manteiga de murumuru na sua composição, mas também pode ser acrescida dos três
ADITIVOS PARA O CRONOGRAMA CAPILAR, para hidratação, nutrição e reconstrução. O aditivo de hidratação é rico em Vitamina B5, a mesma do Bepantol que anda com o precinho bem salgado. O aditivo de nutrição é a minha atual paixão, contém cinco óleos que meu cabelo ama: Óleo de Macadâmia, Óleo de Argan, Óleo de Coco, Óleo de Abacate, Óleo de Linhaça e Óleo de Girassol. E por último o aditivo de reconstrução, que promete reparar os danos na estrutura capilar, minimizando os pontos de quebra e promovendo a força. Neste aditivo, assim como no condicionador, existe um ativo chamado "Nano Sericin", que também falando em bom português para nós leigas, é uma espécie de "cimento" que vai atuar se ligando à queratina do cabelo para uniformizar a textura, uma espécie de "preenchimento" às arestas que o cabelo em transição costuma apresentar. 
CREME DE PENTEAR que garante fixação sem silicone? É o que a marca promete! Ação antifrizz e um creme mais "encorpado" sem ser pesado que funciona até para fitagem ou texturização, também é todo liberado pra no e low poo.
SPRAY DIA SEGUINTE é uma das propostas bacanas da marca, não "estrangeirizar" os termos em suas linhas. O spray para o dia seguinte veio para acabar de vez com uma das rotinas que mais me causava preguiça na transição capilar: molhar os cabelos todos os dias. É um líquido bem fluído que já vem em um borrifador e é ideal para ajeitar o cabelo no dia seguinte, sem fazer lambança ou desmanchar os cachos.
No vídeo de hoje lá no canal, estou mostrando todas as embalagens (lindas), falando de quantidade e mais detalhes sobre a linha. Não deixe de assistir!

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

SE FOREM RACISTAS COM VOCÊ, APENAS SE CALE - COMO TRATAR O RACISMO, POR MORGAN FREEMAN

novembro 10, 2016 0
Começa o mês de novembro e junto com ele, vem a chuva de compartilhamentos da "célebre" frase de um senhor chamado "Morgan Freeman". Morgan Porterfield Freeman Jr., é um ator, produtor, narrador e diretor de cinema estadunidense, nascido em 1937. Em 2009 o ator concedeu uma entrevista falando sobre racismo e desde então, atribuíram à ele uma frase que carrega, supostamente, uma ideia revolucionária que acabaria com o racismo no mundo.

Todos os vídeos aos quais tive acesso estão grosseiramente editados e, por este motivo, fica impossível eu afirmar ou negar a veracidade da fala, mas no post de hoje, vou tentar explicar de maneira simples e didática, honrando minha futura licenciatura, porque é que o racismo não deixará de existir, se nós apenas deixarmos de falar dele.

A primeira coisa à se fazer, com certeza seria desconstruir esta ideia de que o racismo é apenas uma questão de opinião. Talvez você considere uma "opinião preconceituosa", torta, errada, engraçada, vazia, tanto faz, mas considerar o racismo apenas uma "questão de opinião", seria diminuir a importância e o tamanho do estrago que ele pode fazer na vida da população negra em geral. Racismo é um crime, previsto na lei Nº 7.716 de 5 de janeiro de 1989, pode ser lida neste link a lei que regulamenta e prevê as punições para o crime de racismo, para casos em que uma pessoa for IMPEDIDA de realizar diversas ações em virtude da sua raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional e por impedir, a lei quer dizer diretamente ou indiretamente, barreira física ou moral para que isto aconteça. Crimes de ofensa à honra são chamados de injuria racial, com punição prevista no código penal e valem para a vida virtual também. Em resumo, se você chamar alguém de "macaco" é injuria racial, se você impedir o macaco de entrar numa loja, comprar um sapato, ir ao cinema, é RACISMO! 
Escurecida a diferença, ainda fica evidente que ambas as ações são CRIMES, certo? Não é brincadeira, questão de opinião, questão de gosto ou  qualquer outro termo que você queira usar para reduzir a gravidade do ato cometido.
Outro ponto à ser considerado que é de extrema importância, é: o racismo se apresenta em diversas esferas da sociedade. Não ocorre "apenas" na internet, em casos isolados ou com um ou outro negro na rua. O racismo estrutural é um ótimo exemplo disto, atingindo 99% das nossas instituições sociais os negros são afetados todo o tempo e prejudicados dia após dia. Na saúde pública, educação e principalmente segurança, que no caso das pessoas negras, na maioria das vezes, não representa estar seguro de fato, a sociedade estruturada sob bases racistas, considera o negro uma ameaça para a segurança e não indivíduo que deva usufruir de, sendo protegido e resguardado por ela. Todos os dias é possível encontrar uma nova pesquisa escancarando o sistema genocida da população negra, um ato protagonizado pelo que deveria ser, a "segurança pública". Negros são a maioria nas prisões e a minoria em cargos de chefia, mulheres negras são a maioria em clínicas psiquiátricas e minoria na mídia, crianças negras são a maioria em situação de rua e a minoria em escolas infantis, é por conta do racismo estrutural que esta conta não se equipara. O racismo no sistema público de saúde, por exemplo, mata todos os dias com doenças que se tratadas com atenção, poderiam ser curadas ou mesmo receberem tratamentos paliativos dignos, mas por conta de uma sociedade racista, negros e negras perdem a vida esperando serem tratados em equidade. É bom dizer, que o próprio Ministério da Saúde iniciou uma campanha visando reduzir os casos de racismo dentro do sistema, mas a campanha acabou "caindo no esquecimento" neste ano.
Muitas vezes por interpretação da lei, crimes de racismo que são inafiançáveis e imprescritíveis, acabam sendo lavrados como apenas injuria racial, onde a pena é mais branda, muitas vezes convertida em prestação de serviços à comunidade. E talvez por isto, as pessoas ainda não tenham ligado o crime à sua devida seriedade, sendo levadas à acreditar que o racismo é só uma questão de "assunto" ou "opinião" e como tal, será resolvido na conversa ou mesmo se "esquecendo o assunto".
Entendendo, ainda que superficialmente, a questão do racismo no Brasil e como ele extrapola a questão de "opinião pessoal", é muito mais fácil desconstruir esta ideia de que o racismo é apenas uma ação  com prejuízos no campo subjetivo. O racismo mata, adoece e dizima a população negra brasileira, desde que fomos sequestrados para este país e nem em tempos de grande opressão, como no período da escravidão em que não poderia se reclamar de ser escravo, afinal era a única condição possível para os negros, nem nesta época em que se falava pouco ou nada sobre racismo, ele deixou de existir, então porque agora isso funcionaria? Se hoje, alcançamos pontos significativos de expressão dentro da sociedade, não foi deixando de falar ou nos calando diante das situações de racismo vividas cotidianamente, mas sim, discutindo e elaborando o tema com conversa, luta e muita disposição.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

NOVEMBRO NEGRO | SERVIÇO DE PRETO: CONHEÇA, DANIELA TIFFANY

novembro 09, 2016 0
Foto: Marcelo Mauricio Miranda | Daniela Tiffany - Belo Horizonte
Militar nas questões raciais é, sem dúvida, um ato político, mas muita gente confunde ato político com ato partidário, isto é um grave engano. Conhecer a Daniela foi mais uma oportunidade maravilhosa nesta caminhada da militância, provando que embaralhar o conceito de militância com o de partidarismo é um erro, além do que as duas coisas podem acontecer ao mesmo tempo, de forma independente e muito bem feitas. Daniela tem 36 anos, é psicóloga e hoje atua como assessora parlamentar da Deputada mineira Marília Campos. Como psicóloga tem graduação, especialização e mestrado, usa hoje todo este conhecimento, junto da experiência conquistada atuando na política, em sua militância, que admiro muito na forma como é aplicada. Ouvir as explicações e ponderações da Daniela em relação às questões históricas e sociais do nosso povo, fazem a gente acreditar que é possível sim mudar algo com as nossas falas e colocações. A entrevista de hoje, vai fazer com que você conheça e admire ainda mais mulheres como ela, confira!

As suas profissões foram escolhidas por você ou você escolhida por elas? Quando?
A Psicologia eu escolhi. O trabalho como assessora foi uma boa surpresa. Fui indicada para uma entrevista por um trabalho anterior, fui escolhida e se tornou minha escolha também.
Eu me formei em 2004. Trabalhei por quase 10 anos com politicas públicas e sistema prisional. Estou na assessoria parlamentar há 1 ano e 2 meses. Penso neste trabalho como uma oportunidade de fazer e aprender. Me sinto em formação, entendendo como funciona o legislativo. Um trabalho desafiador, isso é bom para mim. 

Você relaciona alguma dificuldade ou barreira, existente na sua profissão, com as questões raciais? 
Muitas são as dificuldades, ainda mais quando se trata de um espaço em que a disputa de poder é estruturante. Assim é a ALMG. Somos poucos negros nos gabinetes ou em outros cargos com mais reconhecimento dentro da assembleia. Isso nos deixa solitários, vulneráveis, sempre. Por outro lado, tenho a oportunidade de trabalhar com as pautas de gênero e raça no mandato. Dessa maneira, tento levar para aquele espaço pautas do povo preto, mais corpos e pensamentos negros. Além de denunciar o racismo sempre velado e persistente. 

Dá para pontuar seu posicionamento crítico, acerca de raça, no dia a dia da sua profissão?
Certamente! Este é meu exercício diário. Tento fazer meu trabalho consciente de que sou mulher e de que sou negra. De que tenho uma oportunidade para fazer contatos e estar em espaços privilegiados. Mas isso não deve servir apenas para mim individualmente, precisa possibilitar a entrada de mais negras e negros nestes ou em outros espaços de poder. Além do que, trabalhar com a Marília possibilita ser crítica e ativa no meu trabalho, ela valoriza isto e tenho conseguido espaço para as pautas que proponho. É muito importante atuar num mandato em que a Parlamentar é coerente!

E qual conselho você daria, aos negros e negras, que optarem por seguir em alguma das suas áreas profissionais?
Não sou boa de conselhos, mas aprendi que nossas conquistas são sempre frágeis se forem individuais. É preciso criar laços, saber história, respeitar os que vieram antes e se colocar a serviço dos nossos, pelos nossos.

Amanhã, uma nova entrevista, com uma profissional de outra área. Vamos juntos dar um novo significado à esta expressão, nós podemos tudo! |Entrevista Anterior|

terça-feira, 8 de novembro de 2016

NOVEMBRO NEGRO | SERVIÇO DE PRETO: CONHEÇA, IZAÚ VERAS

novembro 08, 2016 0
Foto: Acervo Pessoal | Izau Veras - Belo Horizonte
A educação do Brasil, principalmente a pública, tem sofrido vários e duros golpes nos últimos meses. O que o governo ilegítimo chama de "contenção de gastos" ou "medidas impopulares", pode ser definido como o caminho mais curto para o fim da educação pública de qualidade. Conhecer nos dias de hoje professores que buscam, ainda que nadando contra a maré, fazerem um bom trabalho para garantir uma educação inclusiva e socialmente correta, é um alento aos nossos corações. Enquanto futura educadora, posso dizer que conhecer profissionais como Izaú é como renovar as forças e as crenças de que, ser professor é um ato de resistência que se torna coletivo, quando levamos nossos alunos conosco nesta.  

O primeiro homem a aparecer aqui nesta série de entrevistas, Izaú Veras Gomes tem 24 anos e é Professor, Bacharel e Licenciado, de Educação Física, atualmente também leciona a disciplina de Música e Cultura Afro, que faz parte do currículo da escola em que trabalha, na rede municipal de Contagem. Confira a entrevista!

Izaú, você escolheu ou "foi escolhido" para ser professor? Quando? 
Aos poucos, durante a graduação, minha vontade de ser professor foi crescendo, vou sendo “escolhido” até o ponto em que inicio meus primeiros contatos com a escola na condição de futuro professor pelos estágios obrigatórios e bolsa de iniciação à docência (PIBID) e, finalmente, escolho ser professor da rede pública de ensino. Nesse processo comecei a me deparar com a fragilidade em minha formação para a educação das relações étnico-raciais. Com a deficiência no meu currículo de formação, plenamente embranquecido, tive de buscar formação sobre a corporeidade negra e suas práticas que poderiam estar presentes no universo da Educação Física escolar fora do meio acadêmico. Lá se foram experiências através das danças urbanas, do samba, da dança afro, de um ano de Capoeira interrompido por questões cotidianas e de tentar ressignificar tudo que havia aprendido na Educação Física até então, com o recorte racial. 

Na sua área de atuação, quais dificuldades ou barreiras podem ser relacionadas à questão racial?
Depois desse processo me deparo com a dificuldade de dialogar e conseguir construir uma prática pedagógica que dialogue com a cultura negra porque encontro professores desmotivados com a formação continuada, professores brancos que seguem na comodidade do currículo tradicional e não tem sensibilidade para toda estrutura de exclusão produzida na escola para estudantes negros e negras, gestão que não dá apoio pedagógico e você percebe que a prática pedagógica para a valorização da cultura negra e indígena ainda se dá quase que totalmente por professores militantes, quando deveria ser uma causa comum da escola. É difícil lidar com olhares e falas dos colegas de profissão sobre “os vagabundos que não querem nada” e “preguiçosas” todos os dias, a gente vai adoecendo e quem não me faz desistir são esses estudantes. 

E no cotidiano, é possível inserir seu posicionamento crítico à cerca das questões raciais e realizar intervenções positivas?
Sim, meu posicionamento crítico se insere quando chego todos os dias as 6:40 na escola com meu corpo, minha história, minha estética, no meu trato com os estudantes negros e negras, e, inevitavelmente, tudo isso vai até o final da manhã. Meu posicionamento também se dá na escolha dos conteúdos e neles me encontro sempre num campo minado ao tratar das questões raciais com adolescentes em um processo de formação identitária conturbado, permeado por apagamento das suas identidades, da sua cultura, por imposições religiosas, familiares e afins, no qual uma palavra pode cortar de vez várias possibilidades, mas aos poucos vou aprendendo mais estratégias e adquirindo experiência.

Qual conselho você daria àqueles que, assim como você, desejam seguir atuando como professores, seja de educação física ou outras matérias tão fundamentais quanto?
A gente precisa tomar e ocupar os mais diversos espaços. O negro tem o direito de ser o que quiser e para isso, precisamos de professores e professoras negras nessa luta!

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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

NOVEMBRO NEGRO | SERVIÇO DE PRETO: CONHEÇA, JACQUELINE MAIA

novembro 07, 2016 3
Foto: Renata Delgada (Coletivo Naiá) | Jacqueline Maia - Belo Horizonte

Jacqueline Maia tem trinta anos, é bancária, historiadora e uma das pessoas mais encantadoras que a graduação em história me deu a oportunidade de conhecer. Jacqueline concluiu a licenciatura antes de eu ingressar na universidade, mas agora com ela cursando o bacharelado teremos a chance de ser, pelo menos por alguns semestres, colegas de curso e, espero eu, parceiras na construção de uma melhor atuação profissional melhor dentro da nossa área de graduação. Na entrevista de hoje, Jacqueline vai contar um pouco sobre a sua atuação como bancária além de historiadora, confira a entrevista.

Jacqueline, você tem formação técnica ou graduação superior nesta área em que atua?
Sim. No banco trabalho como analista de risco de crédito, uso a minha formação em administração com habilitação em comércio exterior. 
Minha atuação como historiadora envolve pesquisas, oficinas, palestras sobre gênero, raça e educação para relações étnico-raciais, isso por eu estar envolvida na militância.

Você escolheu esta profissão ou “foi escolhida”? E quanto à ser historiadora? Quando se deu tudo isto?
Eu fiz concurso público pra trabalhar em banco. De certa forma eu escolhi, rs... Passar e ter a estabilidade é sim positivo. Mas quando eu entrei na faculdade de Administração, a minha ideia era me preparar para o concurso de diplomata do Instituto Rio Branco, os obstáculos ao longo da vida, que naquela época eu entendia como intransponíveis, me fizeram à adequar os meus interesses.
Já a profissão de Historiadora (e em algum momento professora de História), foi plenamente consciente e está intrinsecamente ligada a minha tomada de conscientização, de ser mulher e negra numa sociedade desigual. Comecei estudar História principalmente para tentar compreender isto. Comecei a trabalhar como bancária aos 22 anos, mas fiz o concurso com 18.
Eu me entendo como historiadora a partir do momento que entrei no curso de história, com 26 anos.

Alguma barreira ou dificuldade, dentro das suas áreas de atuação, que possam ser relacionadas às questões raciais?
Uma...bem... No banco, a maioria das colegas que entraram comigo e que tem a minha faixa etária já tem cargos técnicos superiores ou cargos de gestão. Quando eu entrei, trabalhava em uma agência ligada à uma superintendência com fama de exigir um "determinado padrão de beleza" para atender o público e serem alçadas à promoção. Eu estava fora deste padrão de beleza e fui relegada à tarefas menos valorizadas, porém mais desgastantes dentro de uma agência bancária. Engordei 10kg, sendo menosprezada por clientes de diversas formas. Graças à Deus consegui sair da agência, ir para áreas onde o meu trabalho e profissionalismo eram valorizados.
Eu sigo sendo a única negra no local de trabalho. Nos últimos 6 anos tive a oportunidade de trabalhar em um ambiente com 6 negros entre 140 pessoas, agora, depois da promoção, sou a única entre 70. O que eu percebo é que quanto mais eu subo profissionalmente, menos negros encontro.

E é possível inserir seu posicionamento ideológico, acerca de raça, no dia a dia da sua profissão?
No setor onde eu trabalhei nos últimos 6 anos, tinha abertura para fazer esse tipo de debate e conscientização. Principalmente porque trabalhava em uma área ligada à benefícios sociais para o trabalhador. Agora estou em um setor novo e ainda não tive a percepção se poderei fazer esse debate de forma ampla. Já na História minha atuação é exatamente para fazer debate de raça.

Para encerrar, qual o seu conselho para os negros que querem seguir nestas áreas?
Trabalhar em banco público é ótimo, no sentido da segurança, da estabilidade, dos benefícios, que não existem em muitas áreas. Dá pra trabalhar em banco fazendo algo que se gosta. E tem lugar para quase todos os tipos de profissão. Apesar de trabalhar como administradora, existem atividades que poderiam incluir o trabalho de historiadora (em menor quantidade, infelizmente).

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domingo, 6 de novembro de 2016

NOVEMBRO NEGRO | SERVIÇO DE PRETO: CONHEÇA, LUANA FERREIRA

novembro 06, 2016 0
Foto: Carlyle Ramos | Luana Ferreira - Belo Horizonte
Luana Ferreira tem 24 anos e é Gestora de Recursos Humanos. O curso que habilita este tipo de profissional é um superior tecnólogo, com a duração de até dois anos e meio formando profissionais essenciais para a vida das empresas atualmente. A gestão de recursos humanos é uma área importantíssima quando consideramos a atuação do profissional negro que pode, não só identificar a disparidade racial dentro de uma instituição, como também, atuar buscando soluções para este problema. Na entrevista de hoje, Luana Ferreira contou para o blog, sobre os desafios desta profissão.

Você escolheu esta profissão ou “foi escolhida”? Quando?
Escolhi fazer Gestão de Recursos Humanos por que é uma área que envolve pessoas, onde eu pude lidar diretamente e me desenvolver, não só profissionalmente mas pessoalmente também. Demorei a me decidir qual curso fazer, gostava da área administrativa e não queria fazer Administração, mas sim um curso que além de ser da área administrativa, fosse ligada a gestão de pessoas, foi quando eu escolhi fazer Gestão de Recursos Humanos. 

Uma dificuldade que você poderia citar, relacionada ao fato de ser negra e atuar nesta área profissional?
Uma dificuldade dessa profissão de RH é você lidar com vários tipos de pessoas e o fato de eu ser negra bate muito com isso. Muitas pessoas não aceitam o fato de uma negra ter primeiramente, uma formação acadêmica e ter um cargo até mesmo de liderança em uma empresa. 

E é possível pensar e propor soluções, considerando o recorte racial e as desigualdades causadas pelo racismo estrutural, dentro da sua profissão?
Não é fácil. Infelizmente muitas pessoas ainda não aceitam um negro com voz ativa em um mercado de trabalho, mas não podemos desistir. 

E, para finalizar, qual conselho daria aos futuros Gestores de RH e negros?
Haverá muitas dificuldades no caminho, mas se é a área que você quer estar, vá em frente e ocupe.

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sábado, 5 de novembro de 2016

NOVEMBRO NEGRO | SERVIÇO DE PRETO: CONHEÇA, LAVÍNIA ROCHA

novembro 05, 2016 1
Foto: Taylor Abá Fotografia | Lavínia Rocha - Belo Horizonte
Lavínia Rocha tem 19 anos e é escritora! Isto mesmo, não se deixe enganar por esta carinha de menina, apesar da pouca idade, Lavínia já tem quatro livros publicados que fazem muito sucesso Brasil afora. Hoje Lavínia cursa história na mesma turma que eu, na Universidade Federal de Minas Gerais pude conhecer essa mulher negra, escritora, empoderada e muito talentosa. 
A profissão de Lavínia ainda não conta com curso superior no nosso país, mas não custa nada torcermos para o curso de Escrita Criativa chegar logo às nossas faculdades, podendo assim revelar novos talentos. Na entrevista de hoje, você vai conhecer um pouco mais sobre ela e a relação com esta profissão tão linda.

Você escolheu esta profissão ou “foi escolhida”? Quando?
Quando eu escrevi meu livro, aos 11 anos, eu não pensava que poderia me tornar escritora, parecia algo distante demais para mim. O que me levou a esse universo foi a insistência de uma amiga e o apoio da minha mãe. Hoje não consigo me ver fora da carreira de escritora. Aos 13 anos publiquei o primeiro livro, mas escrever era mais como um hobby. Quando fui contratada por uma editora e publiquei meu segundo livro, aos 17, tudo se tornou mais sério e mais profissional.

Alguma dificuldade na sua profissão, que possa ser relacionada às questões raciais?
O mundo editorial ainda é muito branco. Há dias estou tentando pensar em exemplos de autores negros que conheço, que fazem parte do meu convívio ou que escrevem para o mesmo público que eu, mas não consigo pensar em nem cinco colegas de profissão - isto porque participo de feiras, eventos e bate-papos em diversas cidades e acabo conhecendo muitos autores. Por esse motivo, colocar em debate a representatividade na literatura se torna uma tarefa extremamente árdua. Muitos colegas não têm o mínimo conhecimento, não se esforçam para isso ou pior: fazem um desserviço para a literatura ao criar personagens negros estereotipados e ao abordar racismo de forma desrespeitosa. Acho que essa seja uma das maiores dificuldades no universo literário.

Você considera possível inserir seu posicionamento crítico, acerca de raça, no dia a dia da sua profissão?
O tempo todo! Quando comecei a resgatar minha identidade negra, a ler sobre o movimento negro e a me cercar de amigos militantes, minha visão sobre o mundo mudou completamente. Antes sempre sentia necessidade de me parecer com as mocinhas e de me relacionar com garotos iguais aos mocinhos. Depois, com tudo que estava assimilando, me tornei uma pessoa mais crítica e percebi o que tanto me incomodava no mundo literário: nunca me senti representada. Associado a isso, comecei a ver que meus leitores assimilavam muito sobre sociedade inclusiva, o tema que escolhi para o meu segundo livro, De olhos fechados, em que a protagonista é cega, e foi aí que entendi o poder que a literatura pode exercer. Decidi usar essa ferramenta para criar personagens que eu gostaria de ter conhecido na minha adolescência e para abordar temas que precisamos discutir urgentemente, mas sempre com a noção de que escrevo para crianças e adolescentes e preciso trazer exemplos e situações cotidianas na linguagem deles.
Além dos livros, mantenho esse mesmo debate nas redes sociais, que atualmente são grandes aliadas dos escritores. Procuro sempre trazer textos, vídeos e imagens sobre o assunto, e é bastante gratificante vê-los interagindo comigo, debatendo sobre o tema e enviando mensagens de histórias pessoais.

Um bom conselho para quem deseja, assim como você, se tornar um escritor e sendo negro, no nosso país?
A carreira de escritor é bem complicada, mas a dica principal é: não desistam. Precisamos ocupar o mundo editorial, precisamos de personagens que nos representem e precisamos falar sobre racismo em uma sociedade que ainda acredita no mito da democracia racial! Então, ainda que haja muitas dificuldades, continuem persistindo e tentem de outras formas (como publicação em plataformas digitais, por exemplo)!

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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

NOVEMBRO NEGRO | SERVIÇO DE PRETO: CONHEÇA, CIDA SANTOS

novembro 04, 2016 0
Foto: Ly Cavalcanti | Cida Santos - Belo Horizonte
Maria Aparecida da Silva dos Santos ou, como é mais conhecida, Cida Santos, empresária e dona da marca "Nega Badu" que produz acessórios afros em Belo Horizonte. Com peças exclusivas em suas coleções, a grife Nega Badu é presença garantida nas feiras de afro empreendedores na cidade. 
Cida Santos sempre trabalhou com artesanato, mas foi no mercado da moda que ela se encontrou e encontrou portas para investir de vez no seu trabalho. Na hora de responder se ela escolheu ou foi escolhida por esta profissão, Cida Santos diz que acredita que foi uma espécie de casamento perfeito, "comecei a fazer artesanato para me ocupar e quando vi , já estava de corpo e alma".
Na sua profissão, você encontra alguma dificuldade que, no seu ponto de vista, esteja relacionada ao fato de ser negra?
A dificuldade está em fazer o cliente reconhecer o valor do meu trabalho e entender que é exclusivo, artesanal e com estilo.
E a dificuldade relatada por ela também é sentida por vários profissionais negros em suas áreas, sejam elas quais forem, a valorização da mão de obra negra é historicamente minimizada em todas as situações.


Cida, no dia-a-dia da sua profissão, você consegue inserir seu posicionamento crítico em relação às questões raciais?
Às vezes consigo dependendo do local que eu levo meus acessórios, como em escolas, eventos e palestras. Nestes locais, normalmente eu consigo falar e mostrar minha posição em relação ao assunto.
A maioria dos afro empreendedores de Belo Horizonte, por exemplo, expõe seus trabalhos em feiras que contemplam exatamente este recorte racial, talvez por isto, se torne mais fácil abordar os assuntos sob uma ótica empoderada.


E, para finalizarmos, Cida, um conselho que daria para os negros que desejam se profissionalizar na mesma área de atuação que você?
Perseverança, acreditar no que faz.


Amanhã, uma nova entrevista, com uma profissional de outra área. Vamos juntos dar um novo significado à esta expressão, nós podemos tudo! |Entrevista Anterior|

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