Foto: Marcelo Mauricio Miranda | Daniela Tiffany - Belo Horizonte |
Militar nas questões raciais é, sem dúvida, um ato político, mas muita gente confunde ato político com ato partidário, isto é um grave engano. Conhecer a Daniela foi mais uma oportunidade maravilhosa nesta caminhada da militância, provando que embaralhar o conceito de militância com o de partidarismo é um erro, além do que as duas coisas podem acontecer ao mesmo tempo, de forma independente e muito bem feitas. Daniela tem 36 anos, é psicóloga e hoje atua como assessora parlamentar da Deputada mineira Marília Campos. Como psicóloga tem graduação, especialização e mestrado, usa hoje todo este conhecimento, junto da experiência conquistada atuando na política, em sua militância, que admiro muito na forma como é aplicada. Ouvir as explicações e ponderações da Daniela em relação às questões históricas e sociais do nosso povo, fazem a gente acreditar que é possível sim mudar algo com as nossas falas e colocações. A entrevista de hoje, vai fazer com que você conheça e admire ainda mais mulheres como ela, confira!
As suas profissões foram escolhidas por você ou você escolhida por elas? Quando?
A Psicologia eu escolhi. O trabalho como assessora foi uma boa surpresa. Fui indicada para uma entrevista por um trabalho anterior, fui escolhida e se tornou minha escolha também.
Eu me formei em 2004. Trabalhei por quase 10 anos com politicas públicas e sistema prisional. Estou na assessoria parlamentar há 1 ano e 2 meses. Penso neste trabalho como uma oportunidade de fazer e aprender. Me sinto em formação, entendendo como funciona o legislativo. Um trabalho desafiador, isso é bom para mim.
Você relaciona alguma dificuldade ou barreira, existente na sua profissão, com as questões raciais?
Muitas são as dificuldades, ainda mais quando se trata de um espaço em que a disputa de poder é estruturante. Assim é a ALMG. Somos poucos negros nos gabinetes ou em outros cargos com mais reconhecimento dentro da assembleia. Isso nos deixa solitários, vulneráveis, sempre. Por outro lado, tenho a oportunidade de trabalhar com as pautas de gênero e raça no mandato. Dessa maneira, tento levar para aquele espaço pautas do povo preto, mais corpos e pensamentos negros. Além de denunciar o racismo sempre velado e persistente.
Dá para pontuar seu posicionamento crítico, acerca de raça, no dia a dia da sua profissão?
Certamente! Este é meu exercício diário. Tento fazer meu trabalho consciente de que sou mulher e de que sou negra. De que tenho uma oportunidade para fazer contatos e estar em espaços privilegiados. Mas isso não deve servir apenas para mim individualmente, precisa possibilitar a entrada de mais negras e negros nestes ou em outros espaços de poder. Além do que, trabalhar com a Marília possibilita ser crítica e ativa no meu trabalho, ela valoriza isto e tenho conseguido espaço para as pautas que proponho. É muito importante atuar num mandato em que a Parlamentar é coerente!
E qual conselho você daria, aos negros e negras, que optarem por seguir em alguma das suas áreas profissionais?
Não sou boa de conselhos, mas aprendi que nossas conquistas são sempre frágeis se forem individuais. É preciso criar laços, saber história, respeitar os que vieram antes e se colocar a serviço dos nossos, pelos nossos.
Amanhã, uma nova entrevista, com uma profissional de outra área. Vamos juntos dar um novo significado à esta expressão, nós podemos tudo! |Entrevista Anterior|
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