sexta-feira, 26 de maio de 2017

LAQUEADURA: UM DIREITO QUE PODE SER ADQUIRIDO PELO SUS [SE TOCA!]

maio 26, 2017 3
O assunto é: LAQUEADURA, um processo cirúrgico realizado com o objetivo de contracepção, a pedido de uma leitora querida do blog. Já falei por aqui e no canal do YouTube, sobre métodos anticoncepcionais fornecidos de forma TOTALMENTE GRATUITA pelo SUS, este é um assunto que será cada dia mais frequente aqui no blog e em todas as redes "Na Veia da Nêga", dentro da tag "SE TOCA", para informar e incentivar as mulheres à, cada dia mais, buscarem informações sobre o próprio corpo, saúde e intimidade.
A laqueadura, conhecida popularmente como "cirurgia de ligatura de trompas", consiste em interromper o caminho que leva os óvulos dos ovários até o útero, onde posteriormente são fecundados, se desenvolvem e viram bebês. A laqueadura é um dos métodos contraceptivos mais seguros, pois, sem óvulo, não tem feto e muito menos bebês. Mas não podemos deixar de dizer que é um método invasivo e, se o parceiro puder, por exemplo, optar pela vasectomia que é mais simples, e não exige longo período de recuperação, é com certeza uma opção mais confortável. 
No Brasil, existe uma lei federal que regulamenta a esterilização através da laqueadura, mais especificamente o artigo dez da LEI Nº 9.263, DE 12 DE JANEIRO DE 1996, dispões sobre tudo que pode ou não pode sobre o nosso corpo (ah, tá!), mas infelizmente, não basta a vontade da mulher ou a clara percepção e certeza de que é isso que ela quer, para o governo federal, uma mulher só pode não querer filhos de jeito nenhum, se já tiver dois filhos vivos (oi?). Como podemos ver a seguir, 
Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional - Mensagem nº 928, de 19.8.1997)I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos.
§ 1º É condição para que se realize a esterilização o registro de expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes.
§ 2º É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores.
§ 3º Não será considerada a manifestação de vontade, na forma do § 1º, expressa durante ocorrência de alterações na capacidade de discernimento por influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente.
§ 4º A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será executada através da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método cientificamente aceito, sendo vedada através da histerectomia e ooforectomia.
§ 5º Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges.
§ 6º A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente poderá ocorrer mediante autorização judicial, regulamentada na forma da Lei.

Créditos da Imagem: Biosom | Acesse neste link
Pois bem, diante de tudo isto, em resumo, para acessar a cirurgia de laqueadura através do SUS, você precisa de: ter pelo menos dois filhos vivos, ter mais de 25 anos, se for casada, autorização do marido, se não for casada, testemunhas de que você está em posse de faculdades mentais ao tomar esta decisão e muita, mas MUITA PACIÊNCIA, para ouvir toda a argumentação dos médicos que vai muito além de questões profissionais, muitos chegam à apelar para o juízo de valor ou mesmo a religião. O que é de todas as formas, um absurdo, mas infelizmente, é preciso sublimar este preconceito para acessar algo que é DIREITO NOSSO. Vale também dizer que a lei se aplica tanto ao sistema público de saúde, quanto o particular e os planos de saúde também são obrigados à respeitar todo este trâmite. 
A laqueadura tem um índice de segurança em torno de 95%, ou seja, ainda é menos segura que o DIU ou o anticoncepcional hormonal, por exemplo, e com o passar do tempo a sua probabilidade de falhar aumenta, porque o tecido pode se regenerar sozinho, restabelecendo a ligação das trompas e fazendo com que um ou outro óvulo consigam fazer novamente o caminho natural. Tecnicamente falando, a cirurgia de laqueadura é considerada de baixa complexidade, mas exige anestesia e internação para a realização do procedimento.
E saibam, a laqueadura é REVERSÍVEL. É um procedimento difícil sim, mas totalmente possível através de uma nova cirurgia e, dependendo do caso, a reversão também pode ser feita pelo SUS. Mas, mesmo desta forma, é preciso pensar e muito se é este mesmo o seu desejo, não é um decisão que deve ser tomada no calor de brigas, desespero, nenhuma situação de stress e etc. 
Se restar alguma dúvida, será um prazer ajudar, é só enviar um e-mail para: nvdnega@gmail.com.

sábado, 20 de maio de 2017

COMO TER UM ESTILO CRIATIVO: A SUA MODA É VOCÊ QUEM FAZ

maio 20, 2017 1
O papo hoje é MODA: você já se perguntou, como faz para "ter estilo"? Isto é, aquele guarda-roupa dos sonhos, com aquelas combinações que parecem ter saído direto do Tumblr? É muito comum a gente pensar que uma ou outra amiga recebeu um dom divino de combinar as roupas da melhor maneira, mas, afinal de contas, como ter um guarda-roupas criativo?
Há muito tempo atrás eu era aquela que ia atrás de outras amigas procurando "dicas de como ter estilo", mas a primeira coisa que você precisa aprender é: CADA UMA TEM O SEU ESTILO e não adianta copiar o da amiguinha. Um segundo ponto fundamental é: MODA PASSA, logo, se você mudar de gosto a cada estação, vai precisar de um guarda-roupas repaginado a cada mudança de "moda", daí eu te pergunto, seu bolso aguenta isto?
Para ter um guarda-roupas criativo e, consequentemente, criar um estilo original, não é preciso respirar moda o tempo todo, basta estar atenta ao índice de moda que nunca vai sair do foco: SEU GOSTO! Sim, o maior apoio na hora de implantar um estilo de sucesso é respeitar O SEU GOSTO. Se você não gosta de saia curta e vai usar só porque viu que "está todo mundo usando" isso tem 90% de chances de não ficar nada legal em você. Então, o estilo, mais uma vez, é e só pode ser seu, até para você "se inspirar" no look da coleguinha é preciso colocar mais de você na composição, para que "tendo a sua cara" a roupa lhe caia bem. Quer ver só?

Foto 1: Google | Foto 2: Lívia Teodoro 
A inspiração é uma IDEIA, não precisa ficar "igualzinho" ao look original, é um sul, um ponto para você se apoiar, seguir e o toque final só a sua identidade vai dar!
Outra ideia equivocada é que precisamos ter no nosso armário cada peça que encontramos como inspiração na internet e isso não é verdade, uma ou outra "peça chave" podem tornar seu guarda-roupas muito versátil, além de criativo.
Foto 1: Google | Foto 2: Madame's Curves | Foto 3: Nattany Martins e Lívia Teodoro | Foto 4: Google
A moda real é democrática: PODE PRA TODO MUNDO QUE SE SINTA BEM, claro que falta boa vontade das marcas em entender que não existe isso de "roupa pra gordo" x "roupa pra magro", sob a ótica de que certos "modelos de roupa" só servem pra um tipo de corpo. Todas as peças podem ser usadas por todo mundo que se sinta bem, é simples!
Outra argumentação muito comum de quem procura seu estilo em outras pessoas é: "eu não tenho coragem de usar essa roupa!". Como assim? Você precisa de coragem para usar uma roupa? Precisamos lembrar que a moda é para nós, as suas roupas não tem, absolutamente, nada a ver com a opinião dos outros. Se você se sente bem e acha que ficaria legal naquela roupa, "SÓ VESTE, QUERIDA"! Embora pareça muito mais fácil falar do que fazer, desenvolver um estilo próprio, original, depende mais da sua disposição em se soltar, do que qualquer inspiração da internet! 

quarta-feira, 10 de maio de 2017

NÃO EXISTE SÓ SEXO HÉTERO, OU COMO A HETEROCISNORMATIVIDADE SEXUAL É ENTEDIANTE

maio 10, 2017 2
NÃO EXISTE SÓ SEXO HÉTERO, OU COMO A HETEROCISNORMATIVIDADE SEXUAL É ENTEDIANTE
Depois do sucesso do texto sobre VAGINA que foi publicado no blog, senti uma abertura maior de vocês para falar destes assuntos por aqui e, principalmente pelos feedbacks recebidos, percebi também a necessidade que muitas mulheres têm de encontrar fontes (confiáveis) de informação quando o assunto é muito íntimo. Hoje o assunto é sexo cishétero, único local que tenho propriedade de fala quando o assunto é sexo, afinal, sobre relações sexuais lésbicas eu só sei de ouvir falar (agradecimento às amigas que tem toda a paciência de falar sobre o assunto).
Lendo uma pesquisa publicada no ano passado no portal Uai, sobre o perfil sexual dos brasileiros, um dado em especial chama muito atenção: foram ouvidas cerca de três mil pessoas em capitais e regiões metropolitanas de todo o Brasil e, para a maioria dos homens o ideal, segundo a pesquisa, seriam manter oito relações sexuais por semana, enquanto para as mulheres, apenas três. O texto não menciona, mas dada a heteronormatividade da linguagem da pesquisa, fica subentendido que estamos falando de pessoas heterossexuais e tenho cá as minhas justificativas para esta diferença na preferência de homens e mulheres. Como os homens querem ter oito relações por semana e as mulheres apenas três? Será mesmo que os homens gostam mais de sexo que mulheres? Ou são os homens cishéteros que não estão despertando esta vontade em nós?
SERÁ QUE OS HOMENS GOSTAM MAIS DE FAZER SEXO QUE AS MULHERES?
Muito da nossa criação e da educação que recebemos na escola tem influência sobre isso, aliás, já falamos sobre o caráter opressor da educação sexual no Brasil, as mulheres são educadas para esperar do homem, seja a intenção de fazer sexo ou a disposição de fazer bem feito. Mas, será que podemos mudar esta cultura? Talvez vá demorar anos para que nossas meninas já cresçam tendo noção de que nosso prazer não depende dos meninos e, nossa vontade, de fazer ou não, não precisa estar nunca submetida à dos homens.
Penso que talvez a explicação para uma diferença tão grande nos números esteja explicada pela monotonia que o sexo hétero representa na maioria das vezes. Exceto os parceiros dedicados, as mulheres ficam sujeitas a caras insensíveis e que se importam pouco ou nada em tornar o sexo agradável para ambos. Homens cishéteros tem a mania de achar que sexo se resume à penetração. Mas, deixa eu contar uma coisinha que aprendi com a vida e com as amigas lésbicas: sexo não é só penetração, homens cis! Sexo para nós, mulheres, não é só uma questão automática, não é uma máquina e, para aqueles que sabem onde fica, o clitóris não é um botão de liga e desliga. O sexo não é o artifício mas uma consequência dos artifícios que os homens cis héteros deveriam saber usar.
GOSTAR DE SEXO NÃO É PECADO, IMORAL OU INAPROPRIADO, É NATURAL E FAZ BEM PRA SAÚDE| Fonte: TUA SAÚDE
Mulheres podem gostar de sexo, só por gostar, só por se sentirem bem transando. Não é pecado, não é imoral, não é inapropriado, é natural, fisiológico (e ainda faz bem para a saúde), o único impedimento real para mulheres não expressarem tanto seu gosto por sexo quanto os homens se chama MACHISMO e nós sabemos bem as consequências deste mal, que vão muito além do prazer, o machismo mata. Outro problema que pode ser apontado, é o fato de colocarem nas costas das mulheres toda a responsabilidade por DST's e a contracepção. Sim, muitos homens além de se negarem ao uso do preservativo culpam a mulher caso ele contraia alguma dessas doenças, daí com tanta pressão, é impossível tomar gosto pela coisa tanto quanto os homens que tem pouco ou nenhum compromisso, em geral, com a relação sexual.
E por falar em falta de criatividade, acredito que está aí outro motivo para a pesquisa apontar que homens querem ter mais de uma relação por dia e mulheres, no máximo, três vezes por semana. Como dito anteriormente, ensinaram aos homens cis e heterossexuais, que sexo é uma atividade que gera prazer para à ele, no caso da mulher, se gerar prazer bom pra ela, se não, "fazer o que?", e esta cultura que faz os homens enxergarem o sexo como prazer e as mulheres como obrigação. Para os homens cis, a penetração é o suficiente para atingir o orgasmo mas, mesmo que pareça absurdo para alguns deles, para a mulher não. Aliás, o pênis tem, para algumas mulheres, importância secundária na relação sexual. No entanto as relações heterocisnormativas são baseadas no gosto dos homens e, se para eles a penetração é o suficiente, a maioria dos parceiros reduz a relação à isto, alguns chegam a dizer que quando não há penetração, não houve sexo e assim, perpetuasse o mito dessa relação entediante e sem nenhuma criatividade. Entendamos então que não existe só a forma heterocisnormativa e transar, meus caros, o sexo é um mundo que vai muito além do seu pênis.
NÃO EXISTE SÓ SEXO HÉTERO, OU COMO A HETEROCISNORMATIVIDADE SEXUAL É ENTEDIANTE
E para as mulheres, que afinal são o público deste blog, pensemos sobre o nosso corpo e sobre a não obrigação de fazer sexo para o outro e sim COM o outro, o prazer deve ser para os dois bem como as responsabilidades da relação, ainda que não passe de sexo casual. O sexo não precisa ser chato, existem mil maneiras de torná-lo divertido e atraente, não uma obrigação, mas uma satisfação. Mulheres, permitam-se inovar no sexo cishétero também. Para finalizar, quando um não quer, dois não transam, ou os homens reveem a vontade das mulheres em transar apenas três vezes por semana como uma responsabilidade deles, em grande parte, de reverter ou as oito deles vão ficar mais impossíveis de acontecer com a mesma parceira. 

INDIVÍDUO CIS: Pessoa em que gênero se identifica com gênero designado ao nascer.
INDIVÍDUO HÉTERO: Pessoa que sente atração sexual por indivíduo do sexo oposto.
INDIVÍDUO CISHETERO: Pessoa em que o gênero que se identifica concorda com o gênero designado ao nascer e se atrai sexualmente por indivíduo do sexo oposto (cis ou trans, não importa).

RESULTADO: CONCURSO CULTURAL NA VEIA DA NÊGA | COMEMORAÇÃO "UM ANO DE YOUTUBE"

maio 10, 2017 2
Conforme o combinado, venho hoje divulgar o resultado do Concurso Cultural promovido pelo blog "Na Veia da Nêga", cujo regras foram divulgadas PREVIAMENTE NESTE POST.
A intenção de fazer o concurso cultural foi, exatamente, buscar premiar as pessoas que acompanham o trabalho do blog, por quaisquer das plataformas que ele ocupa (blogger, facebook, instagram, youtube). A intenção era, principalmente, proteger o blog dos chamados "sorteadores profissionais" que não tem nenhum vínculo com a história do blog (como público) e participam aleatoriamente de todo concurso na internet. O concurso durou do dia 25/04 até 07/05, devendo a pessoa interessada além de ler atentamente as regras, preencher um formulário simples que se encontrava ao final do post.
Mas, NENHUMA PESSOA cumpriu as regras necessárias para participação e, por este motivo, o concurso se encerra hoje, sem nenhum ganhador. 
Fiquem atentos e não percam a oportunidade de participar em outros concursos realizados pelo Blog Na Veia da Nêga.
Concurso Cultural - Fechamento de Recebimento de respostas 11/4. 


domingo, 7 de maio de 2017

VAGINA TEM CHEIRO, COR, GOSTO E ISSO NÃO É UM PROBLEMA - SE TOCA!

maio 07, 2017 12
Tem certas coisas que ninguém nos conta sobre a nossa vagina ou a higiene íntima, seja por vergonha, por tabu ou por achar que "isso todo mundo sabe", daí informações importantes acabam não sendo passadas como deveriam e muitas mulheres cometem erros que, apesar de simples, podem prejudicar muito a saúde íntima. Então, o post de hoje é reunindo informações, que eu considero, mais importantes quando o assunto é VAGINA! Vagina, "pepeca", "perereca", boceta, "larissinha", os nomes são vários, mas o mais importante é que: se cuidar direitinho, ela não vai te trazer problemas.
Vivemos numa cultura misógina, que ensina para as meninas desde pequenas que a vagina é algo sujo, promíscuo, com frequência associada ao mau cheiro, por exemplo, e isso só reforça vários mitos sobre nós mulheres. 

VAGINA TEM CHEIRO DE VAGINA. Como diria uma amiga, "quer cheirinho de flor, vai lamber sabonete!" A nossa vagina tem o cheiro mais parecido com o último alimento que a gente comeu, sabia? Pois se você, assim como eu, ama cebola, corre sérios riscos de terminar o dia, ou a noite, com a vagina com cheiro e gosto de cebola. O cheiro da vagina só deve preocupar quando for muito forte e, geralmente, acompanhado de corrimento com cor anormal, esverdeado ou amarronzado, por exemplo. Do contrário, vagina tem cheiro e a gente precisa passar a admirar e não repudiar.

MULHERES ADULTAS TEM PELOS, e o seu parceiro, ou parceira, precisa aprender a lidar com isso. Não vamos discutir aqui o gosto pessoal de cada mulher, tem mulher que gosta de arrancar todos os pelos e isso é uma escolha de cada uma, mas vamos discutir o fator saúde: ISTO NÃO FAZ BEM! A parte externa da vulva é coberta por pelos não por um simples capricho da natureza, mas por proteção, arrancar estes pelinhos pode trazer alergias e problemas ligados à alteração da flora natural da vagina. Cremes depilatórios, ceras e, principalmente, a lâmina de barbear, podem expor esta parte tão sensível do nosso corpo à bactérias que nosso organismo vai levar bastante tempo para se defender. Já pensou em usar a boa e velha tesoura para aparar os pelos? Pois é, pode ser uma excelente alternativa, para quem não gosta de muitos pelos na região. 

ESQUEÇA OS SABONETES ÍNTIMOS, a vagina é autolimpante! Pois é isso mesmo, nós mulheres somos uma máquina quase perfeita e, se sua saúde estiver ok, imunidade funcionado ok, sua vagina fará o trabalho sem você precisar jogar produtos químicos pesados nela. A lubrificação natural (sim, a vagina é naturalmente molhada, aumenta quando estamos excitadas e varia de acordo com o período do seu ciclo, mas ela é naturalmente lubrificada) e a flora vaginal são responsáveis por mantê-la limpa na medida certa e, o excesso de limpeza pode desequilibrar sua flora, fazendo você girar em torno do problema. Talvez usar muito sabonete íntimo, deixe o cheiro da sua vagina anormal e aí, você vai ser um cachorro correndo atrás do rabo, tentando resolver um problema que você mesma está causando.

A VAGINA PRECISA RESPIRAR, então estes protetores diários não fazem bem, ok? O mais indicado pela maioria dos médicos, é calcinha de algodão, ou melhor ainda, sem calcinha e deixar a nossa amiga respirar aliviada. Muitas mulheres usam absorventes comuns durante o período menstrual e é exatamente o confinamento que deixa aquele "cheirinho" desagradável durante este período. É por isso que os coletores menstruais estão tão na moda, além de economizar e ajudar o planeta, evitam que a vagina passe vários dias da semana confinada naqueles absorventes descartáveis. Então, sempre que puder, tente dormir sem calcinha e com uma peça de roupa que não abafe esta parte do corpo.

LUBRIFICANTE TEM DE SER SEMPRE À BASE D'ÁGUA, caso a lubrificação natural não esteja lá estas coisas. Como já dito antes, a vagina se auto limpa e se auto lubrifica, mas as vezes é preciso dar uma ajudinha para a natureza na hora do sexo, por exemplo. Escolha então lubrificante, preferencialmente, a base d'água que não vai alterar a flora natural da vagina, podendo causar alergias e outras doenças.

NADA DE LAVAR A CALCINHA NO BANHEIRO E DEIXAR SECAR NO BOX, por mais que pareça prático, este costume pode lhe render sérios problemas. Como já foi explicado, nossa vagina possui uma flora natural e como todas as mucosas do nosso corpo, também tem suas próprias bactérias "do bem", lavar a calcinha no box e deixar secar nesse ambiente CHEIO DE BACTÉRIAS NOCIVAS, úmido e quente, é pedir para que suas calcinhas se tornem vetores de doenças. Calcinhas precisam se bem higienizadas, com sabão neutro, nada de sabão em pó ou amaciante perfumado e secarem, preferencialmente, ao sol. Algumas mais exigentes costumam passar a ferro, mas secar ao sol costuma ser suficiente.

Muitos outros mitos em relação ao nosso corpo são perpetuados diariamente e, cabe a nós mulheres, espalhar as informações para desfazer todos estes enganos e facilitar a vida das amigas. Se você tiver mais dúvidas que não foram respondidas neste post, pode encaminhar no e-mail do blog: nvdnega@gmail.com, vou atrás de pesquisar e publicar por aqui.

sábado, 6 de maio de 2017

DEAR WHITE PEOPLE: UMA SÉRIE ONDE A BRANQUITUDE NÃO É O CENTRO DO MUNDO

maio 06, 2017 4

Esta não é uma série sobre "gente branca", ou sobre a branquitude, mas sobre todas as merdas que a gente pensa e sente, quando vocês saem por aí, fazendo branquisse!

Este post contém ~spoillers~ e se você faz parte da nova geração que não está pronta para isto, é melhor não ler.

"Dear White People", numa tradução livre "Cara gente branca", é uma série original da Netflix, lançada no Brasil em abril de 2017 e inspirada num filme, também da Netflix, com o mesmo nome. Confesso que, em vista do filme, a série é "NOSSA, MEU DEUS DO CÉU, QUE COISA MARAVILHOSA", porque achei o filme bem meia boca, na verdade. 
Sou viciada em séries com personagens negros, há um tempo comecei assistir uma série sobre vampiros exatamente porque vi um personagem negro na capa, sim, eu sou este tipo de pessoa. Comecei à assistir à "Dear White People" como quem esperava pelo racismo reverso, afinal, milhares de pessoas brancas fizeram um redevu na internet quando a Netflix divulgou a primeira chamada da série, reclamando sobre a empresa estar "promovendo a segregação entre negros e brancos", ou pior ainda "estarem apoiando o genocídio branco", WTF? E lá fui eu pensando, "é aqui o meu lugar, me encontrei numa série verdadeiramente opressora" contém ironia. Mas, a série reserva uma surpresa à quem acha que o titulo indica uma produção cheia de indiretas sobre pessoas brancas: A SÉRIE, DIFERENTE DO RESTO DO MUNDO, não é sobre vocês, brancos. Em "Dear White People", o centro do mundo somos nós, queridos!
Sam e Joelle (Atrizes:  Logan Browning e Ashley Blaine Featherson)
O cenário é uma conceituadíssima universidade norte-americana, como a maioria das produções dos Estados Unidos e, logo no primeiro episódio a branquitude americana se comporta como esperado: uma festa com blackface! Apesar da série mostrar um cenário em outro país, é possível reconhecer o ambiente das universidades brasileiras, principalmente as públicas, em especial onde eu estudo, diria. Alunos brancos que insistem na rasa e velha resposta: "Se a Sam pode falar de gente branca, nós também podemos de vocês, negros". "Dear White People" ou "Cara gente branca" é o nome do program de rádio apresentado por Samantha White, a "Sam". No programa, a jovem que recém se descobriu "militante negra" faz críticas ao comportamento dos seus colegas brancos de universidade e isso deixa eles um tanto quanto "bravinhos", a saída encontrada por eles? Fazer uma festa de Halloween cujo o tema incentiva os convidados a "soltarem o seu lado negro", as fantasias vão desde "jogadores de basquete" até "Nick Minaj" (muito mal diagramada, por sinal).
Mas, engana-se quem pensa que a série passa todo o tempo criticando às pessoas brancas, aliás, as criticas feitas de forma subjetivas são muito mais contundentes e engraçadas, várias vezes os comportamentos da branquitude que nos incomodam e machucam são mostrados de maneira engraçada, ou até mesmo sádica, eu diria. 
Aliás, quem não entende ironia não está habilitado à assistir "Dear White People", a série usa muitas vezes esta figura de linguagem, principalmente para responder àqueles comentários que sempre vem de pessoas que fazem parte da branquitude e não tem um pingo de noção. No episódio da festa racista, por exemplo, uma das personagens que eu mais gosto, Coco, Colandrea Conners, aparece na festa e um outro personagem branco toca nela, perguntando: "Nossa, como você conseguiu esta tinta?", em referência à sua pele escura, dentro daquela festa em que o esperado eram várias pessoas brancas pintadas de preto. Aliás, este papel um tanto imbecilizado que muitas vezes pessoas brancas se colocam, diante de nós, negros, é claramente retratado na série (pegou a referência? claramente, risos). 
Colandrea Conners (Atriz: Antoinette Robertson)
Por falar em Colandrea, a Coco, ela com certeza é uma personagem que ou você ama, ou odeia, não dá para gostar "mais ou menos" desta garota em "Dear White People". Coco é também uma jovem, negra, mas a pele é escura. Aliás, sou apaixonada por duas, tanto Coco quanto Joelle, mas Joelle é assunto para outro post. Coco começa a série sendo amiga de Sam e o motivo da briga que afasta as duas é? TAN-TAN-TAN-TAN! Privilégio conferido as negras de pele clara.
É muito difícil abordar esse assunto nas redes sociais, porque na maioria das vezes as negras de pele clara entendem que nós estamos chamando-as de brancas e, não é bem assim, não é mesmo? Sam critica durante toda série o comportamento "dormindo" da Coco, inclusive ela e Reggie (outro personagem da série que gosto) criam um app que deveria circular no campus marcando os negros que estão "acordados" (conscientes de sua negritude e atuando como integrantes do movimento negro "anti-branquitude" da universidade) e os que "não estão acordados" (negros que, não fosse a cor da pele, não são considerados "negros de verdade", atuantes na luta contra o racismo e a segregação, nem tanto a ver com o tom da pele, neste caso), este grupo inclui a Coco, na visão da Sam e Reggie. Mas, não vamos nos perder, pois o assunto aqui é, o privilégio das "Negras Negonas Clarinhas quase Brancas", expressão parecida com esta é usada pela Coco numa discussão com Sam. 
Reggie (Ator: Marque Richardson)
Sam, é a típica "novata" no movimento que acabou de se perceber, ou se aceitar, negra e só quer mesmo "botar fogo no engenho", as vezes com alguns negros lá dentro, já Coco é uma mulher negra, de pele escura que nunca teve a opção de "não ser negra" e me incluo neste grupo que, por mais que não nos aceitemos, a sociedade sabe muito bem que somos negras sim. Coco passa por aquela cena que todas nós, negras de pele escura, já passamos alguma vez na vida: todas as suas amigas terminam a noite com um cara e você? Não. Não desta vez!
Acredito que por isso meu amor pela Coco, que só vai experimentar seu cabelo natural lá pelo nono episódio, depois de estar na cama com Troy (seu namorado famoso e importante dentro do campus que, até o último episódio, não decide qual lado defender e permanece em cima do muro para manter seu papel político), e num rompante de tesão, ele lhe arrancar a lace-front (maravilhosa!) que ela usava. Coco, apesar de todas as críticas que tenho a ela, é totalmente compreensível. Teve que aprender, pela cor da sua pele principalmente, que deve sim agarrar as oportunidades que a vida lhe dá, que para nós não são muitas. Pelo final da primeira temporada, eu acredito que Coco será "menos branca" na próxima etapa (aliás, aguardamos ansiosamente a segunda temporada de Dear White People, ouviu, Netflix?) da série.
Como já disse, a série está longe de ser o que tanta gente reclamou sem assistir, uma coletânea de ataques as pessoas brancas, mas está mais para uma coletânea sobre a diversidade de nós, jovens negros, militantes ou não, que podem ser encontrados dentro de ambientes comuns, como a universidade, por exemplo. Várias cenas, piadas, trocadilhos e situações que nós, inclusive os brasileiros, passamos todos os dias. Dá para dar risada, para chorar, para aprender, para refletir e não é para atacar ou incitar o ódio contra a branquitude. Longe disto!
Pessoas que não são negras podem inclusive assistir com um olhar atento para aprender. A série mostra diversos comportamentos da branquitude, do ponto de vista de nós negros, que podem e devem ser evitados por vocês, de uma maneira muito didática, ou seja, fica IMPOSSÍVEL não aprenderem desta forma. 
Gostaria muito que a série "Dear White People" tivesse levantado tanto frisson quando os "13 Porquês" no Brasil, mas, aparentemente, racismo não é tão grave quanto o suicídio, não é mesmo?

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