sexta-feira, 28 de julho de 2017

PLANETA 50/50 - EU SOU NEGRA E QUERO FALAR: ONU MULHERES BRASIL

julho 28, 2017 0

O Blog Na Veia da Nêga foi convidado pela ONU Mulheres Brasil para participar da semana de visibilidade de Influenciadoras digitais Negras, casando os projetos da Década Afrodescendente com a as ações da Agenda 2030 na Semana em que se comemorou o dia da Mulher Negra, Afro Latino-Americana e Afro-Caribenha, foi falar um pouco mais para o nosso público e o público da Organização das Nações Unidas sobre como nós, negras e digitais, pensamos caminhos e propostas para que essa igualdade seja alcançada. Além do Na Veia da Nêga, outros três canais foram convidados a integrar a ação e puderam compartilhar suas ideias para que nós sejamos um planeta 50/50 em 2030.

Buscar um planeta com igualdade de gênero depende de todos nós, a sociedade como um todo é responsável pelo cumprimento e fiscalização do andamento de todos estes combinados e nós, mulheres negras, como base da pirâmide social, temos mais ainda a missão de fiscalizar e exigir um mundo em que a combinação gênero-raça seja igual para todos. É sabido que mulheres brancas e negras não atingiram ainda a equidade social e, por mais que entendamos que somos diferentes (obviamente), não podemos perder de vista que as diferenças devem nos equalizar e não separar. 

O Brasil foi um dos primeiros países a assumir o compromisso com o desenvolvimento e apoio de políticas que busquem dar equidade aos gêneros, em 2015 com a então presidente eleita Dilma Rousseff, o Brasil se comprometeu diante de outros países a levar todas as mulheres em situação de violência à serem assistidas e protegidas através do programa “Mulher, Viver sem violência”; cuidados de saúde materna e assistência às meninas; plano para os cuidados prestados às vítimas de violência sexual por parte de profissionais de segurança pública e de saúde; grupo de trabalho sobre a saúde para as mulheres com deficiência; licença-maternidade para mulheres militares; permissão de registro do nascimento de filhas e filhos sem a presença do pai.

Diante da situação política do nosso país, tendo pouca ou nenhuma estabilidade democrática é preciso estar atenta ao cumprimento das metas e, em casos de violência que não seja resolvido por nossas instâncias comuns, recorrer sim aos órgãos internacionais. Mesmo tendo total consciência de que não é fácil ou tão acessível assim as pessoas pobres do país, o fato de divulgarmos esta informação já é um grande passo.


O convite da ONU Mulheres Brasil é, além de uma imensa responsabilidade, uma honra e um reconhecimento de todo um trabalho que vem sendo feito de informação e conscientização das mulheres brasileiras, é impressionante saber que estamos sendo observados e acompanhados justamente por quem tem feito um trabalho mundial e tão importante. 

Quanto aos caminhos para igualdade, dentre tantas coisas que precisamos melhorar para fortalecer as mulheres negras deste país, sugeri a educação como caminho para alcançarmos isto. Nós como a maioria na base da tal pirâmide social somos a base também da transformação, se as mulheres negras que carregam esta sociedade, quase que literalmente, nas costas, forem movidas para situações positivas dentro da estrutura, com certeza o restante da sociedade se move junto. Educação e conhecimento pode sim mudar o rumo de muitas histórias negras e, é papel do estado fornecer condições para isto, promovendo equidade entre as raças. O que isto quer dizer? Se determinado grupo social precisa de duas vezes mais condições para acessar o mesmo serviço, é papel do estado fornecer estas condições de forma profissional para mulheres negras, a fim de que a situação se iguale. A equidade no acesso educacional é um, dos muitos, caminhos para que haja igualdade de gênero-raça no Brasil em 2030.
Quer saber mais? Assista aos vídeos no canal, se inscreva e deixe seu comentário sobre o que você acredita ser o melhor caminho para atingirmos esta meta.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

COMO É SER BLOGUEIRA, ATIVISTA E NEGRA NO BRASIL

julho 17, 2017 2
Lívia Teodoro - Blog Na Veia da Nêga (Foto: Jéssica Pinheiro)
A maioria das pessoas acreditava que depois do Youtube os blogs desapareceriam, mas nós, mulheres negras, começamos muito recentemente ocupar as redes sociais como criadoras de conteúdo e influenciadoras digitais, logo, para nós o mundo dos blogs é uma novidade que ainda tem muito para explorar. 

A possibilidade de aparecer e distribuir conteúdo quase que de graça, amplifica a atuação, porém para ter destaque o caminho das pedras é um pouco mais longo. A atuação das blogueiras, lá no começo do que eram considerados blogs que passaram a ser fonte de renda e também fama, geralmente era voltada para beleza, maquiagem e os assuntos que fugiam disto pareciam estar confinados aos textos que só um público específico acessaria para ler. Hoje a coisa mudou um pouco, todo conteúdo pode chegar à "todo mundo", claro que levo aqui em consideração que a internet não é universal e nem todas as pessoas tem acesso a ela, sendo assim ficou estabelecido que não é preciso ou possível falar somente de beleza ou maquiagem. 

Mas, será que dá para encaixar posicionamento político nisto? O que paga, usualmente, o trabalho de blogueiras e influenciadoras digitais são empresas que querem que o seu produto ou serviço chegue até o público que aquela profissional alcança, seria uma equação simples, já que cada tipo de influenciadora digital alcança determinado público e que também pode variar de acordo com a situação, mas não é. Geralmente alguns outros fatores são levados em conta na hora de pagar por este ou aquele trabalho, um dos principais é: vivemos num país cujo o senso estético é pautado pelo machismo e o racismo. O que é bonito vende e provoca a venda, então, o que é considerado bonito numa sociedade que rotula o negro como feio ou inadequado? Não precisamos pensar muito para responder. E neste ciclo as blogueiras negras brasileiras acabam tendo poucas alternativas: ou bem falam de assuntos que somente nós podemos falar, nisto incluo maquiagem e produtos para cabelos crespos ou cacheados, aproveitando este "boom" da indústria cosmética que resolveu enxergar este nicho mercadológico, ou escolhem, como no meu caso, incluir opiniões consideradas muitas vezes "polêmicas" e que talvez não agrade tanto o que o mercado procura enquanto influenciadora. 

Lívia Teodoro - Blog Na Veia da Nêga (Foto: Jéssica Pinheiro)
Se posicionar politicamente neste caso, não quer dizer, somente, declarar publicamente para qual partido você torce, como se isto tivesse se tornado mais uma partida de futebol, mas, inclui declarar abertamente seu posicionamento em relação a questões sociais, como por exemplo, o racismo, o machismo, a solidão da mulher negra, racismo estrutural e tantos outros assuntos que se não todas, mas a maioria, das empresas ainda pratica no nosso país. É muito interessante que estejam sendo pensadas campanhas publicitárias que incluem pessoas negras, pessoas LGBT+, pessoas gordas, isto não é mais que obrigação de empresas que buscam ter um posicionamento considerado socialmente correto, mas, fora dos telões, será que as empresas estão mudando a forma como lidam com este público? Será que estas empresas estão empregando estas populações até então "marginalizadas" e tirando o discurso dos banners e comerciais? Ao trabalhar com uma influenciadora digital ou blogueira que assume este tipo de posicionamento as empresas temem que o tiro saia pela culatra ou, pior ainda, temem perder uma parte do público que não se agrada por posicionamentos socialmente corretos. 

Ser blogueira, negra e ativista digital no Brasil ainda é um desafio delicado, já que é preciso conciliar a sua atuação com o interesse das empresas que utilizam deste tipo de profissional para fazerem suas campanhas, sem vender a sua opinião ou crenças. Não é um trabalho simples de ser feito. 

Outro ponto que é impossível não parar para pensar, é o quanto o racismo também impacta no alcance deste tipo de trabalho. Quantas pessoas negras você conhece, fazendo um bom trabalho nas redes sociais, mas que não tem tanta visibilidade? É coincidência? Sorte ou falta dela? Será que estas pessoas não estão se esforçando o suficiente? Ou elas simplesmente não são vistas, por conta daquele nosso “gosto”, criado nos parâmetros da nossa sociedade? Ou, vamos além, será que se talvez ela se posicionasse menos e se mostrasse mais, a coisa mudaria de figura? 

Muitos dos desafios que encontramos na nossa caminhada, poderiam não existir se não fosse o racismo e por sabermos que teremos sempre que conviver com ele, é impossível largar do nosso posicionamento político à cerca das questões que nos atinge. O que não quer dizer porém, que sejamos programadas para falar somente de assuntos relacionados ao posicionamento sobre as questões sociais que atingem as pessoas negras, muito pelo contrário, ser blogueira negra no Brasil é cumprir vários desafios, conseguir desenvolver um bom trabalho sem vender a sua essência, conseguir falar de diversas temáticas, ser remunerada por isso de forma justa e fazer tudo isto tendo a liberdade de falar do que quiser, sem ser questionada ou obrigada a fazer algo, por ser negra. 

Embora não seja fácil a tarefa de se manter neste mercado que cobra muito mais de nós, em qualidade e diversidade, para estar lá, ser blogueira e negra num país onde o estado é planejado para que a pessoa negra não acesse determinados meios é um ato de resistência, que prova que a internet pode ser uma das ferramentas de mudança que as pessoas negras têm nas mãos. Está também nas mãos do público, portanto, buscar e prestigiar o trabalho de pessoas negras que, sendo ou não militantes, tem diversificado o mercado além dos produtos capilares que, embora sejam importantes, não resumem o universo da negritude digital.

SE VOCÊ É NEGRO, PRECISA LER ESTE TEXTO: SER OU FAZER PARTE DE UMA MINORIA NÃO TE IMPEDE DE SER OPRESSOR

julho 17, 2017 0

É muito difícil reconhecer privilégios, para uma população que tem pouco ou nenhum lugar de prestígio dentro da sociedade isto é uma tarefa muito difícil, mas, precisamos parar para pensar neste assunto.

Pessoas negras não tem lugar de privilégio na sociedade falando de maneira macro, institucional e de classe, mas, entre nós, é possível encontrar pessoas com mais ou menos prestígio social e que, vez ou outra, podem ser opressoras com minorias que estão dentro de minorias. Se não entendeu, eu explico! Pessoas negras não serão (tão cedo) padrão dentro da sociedade brasileira, pelo simples fato de sermos negras, mas, estar próximo ao que é considerado padrão, ou seja, branca, magra, heterossexual, cabelo “cacheado” comportado e que tenha os famosos “traços finos”, lhe confere algum destaque em relação a pessoas negras que não estão próximas deste ideal. Ser magra, de pele clara e heterossexual, por exemplo, te deixa bem à frente de pessoas gordas, negras de pele escura e homossexuais, deu para entender? E, quando alguém aponta isto, não está querendo dizer que você é privilegiado diante de toda uma sociedade que não te enxerga como portador de vantagem, mas sim, diante daquela outra pessoa que, mesmo também sendo negra como você, vai enfrentar outras opressões além do racismo. Entendeu?

No entanto, mesmo tendo isto claro nas nossas cabeças, não é tarefa fácil reconhecer isto e, mais ainda, se lembrar disto sempre na hora de falar sobre estes assuntos, já que a nossa reação enquanto integrantes de minorias sociais (e não estamos aqui falando de número de pessoas, sei bem que a população negra é a maior parte da sociedade brasileira) é, normalmente, se defender, tentar justificar ou mostrar logo quais e quantas são as opressões que nós sofremos diariamente. É importante ter em mente que este não é um concurso de “quem sofre mais”, “quem apanha mais” ou “quem é mais desprezado pela sociedade", nada disto, mas nós que não somos gordas, por exemplo, precisamos reconhecer que caso nós não tenhamos consciência do nosso lugar, nós também seremos uma fonte de sofrimento para as pessoas que já precisam aguentar todos os dias o massacre da sociedade. Se r gordo não é, necessariamente, uma doença e não vamos nem entrar no mérito de “saúde”, porque isto pode ser só uma desculpa para você esconder a sua gordofobia, você se preocupa tanto com a saúde dos outros, mas, quantos copos d’água bebe por dia? Fuma? Faz exercícios regulamente? Consome álcool com frequência? Isso tudo são comportamentos que, caso você seja magro, ninguém fiscaliza sob esta justificativa. Se a pessoa gorda se sente bem com o que ela é, que tal nós que não somos gordas, não normalizamos aqueles comentários como “eu acho você linda, mas eu não fico bem gorda” (você pode até achar isto, do fundo do seu coração, sem nenhuma maldade, mas, cá entre nós, qual a necessidade de falar isto para uma pessoa gorda?), “ai, como eu tô gorda” (isto depois de comer bastante numa festa e continuar enfiada no seu jeans 38), “nossa, viu como fulana está gorda... ” (como se isto fosse um defeito super relevante), entre outros comentários que nós, que não somos gordas, fazemos rotineiramente e sem pensar que isto incomoda as pessoas que são.

A mesma reflexão serve para as pessoas negras e de pele clara, sabemos muito bem que ser negro no Brasil é complicado, para TODAS AS PESSOAS NEGRAS independente do tom da pele, mas, é preciso reconhecer que a questão do racismo no Brasil é pigmentocrática e quanto mais escuro você é, mais racismo você sofre, já para as pessoas de pele clara, quanto maior for a sua passibilidade branca, maior a possibilidade de ser tolerada em alguns meios. Isto também vale para características físicas que não são negroides, lábios pequenos, nariz pequeno, testa menos protuberante e por aí vai... apontar este tipo de privilégio, como já dito neste texto, entre pessoas negras precisa ser visualizado e enxergado como um ponto a equilibrar e não uma disputa infundada de “quem sofre mais”, porque isto não contribui em nada no nosso crescimento enquanto povo.

Entender que nós, pessoas negras e heterossexuais, temos privilégios em relação as pessoas negras não-hétero, não é dizer que nossa vida é tranquila e sossegada nos nossos relacionamentos “normativos”, entendo bem que relacionamento entre pessoas negras não é “normativo” para uma sociedade racista, raramente nós somos a família representada no casal da propaganda de margarina. Mas, é preciso que reconheçamos que se estivermos dentro do esperado pela tradicional família brasileira (isto quando estamos num relacionamento, porque a solidão da mulher negra é um fato que não tem discussão), vai ser muito mais aceito um casal de homem e mulher cis de mãos dadas na rua, do que duas mulheres ou dois homens negros. Discursos como “já basta ser preto, ainda tem que ser viado”, é algo que nós que não assumimos relacionamentos homossexuais nunca vamos escutar. Sem falar é claro, dos homens negros gays que são sempre enquadrados em lugares que a hiperssexualização dos nossos corpos os coloca, os ativos, besuntados em óleo e prontos para serem o fetiche sexual de todos que quiserem, que é outro problema enfrentado pelos gays negros, segundo os relatos que escuto.

São muitas as particularidades que nós, pessoas negras, temos e não precisamos levar a discussão “para fora de nós”, fico pensando o quanto da desumanização restante da escravidão não permanece em nosso pensamento. Nós temos tantas facetas que nos diferenciam e, mesmo assim, continuamos comprando a ideia de que “preto é tudo igual”, não, não é, não somos todos iguais e o que nos diferencia é que nos faz especiais. E, principalmente, reconhecer que temos as nossas diferenças sabendo que isto não pode nos separar, mas sim nos tornar mais conscientes de como e porque devemos, ou não, dar aquele abraço ou aquele espaço ao outro. Negro não é tudo igual, pessoas não são todas iguais e nós precisamos saber como, quando e até onde vai nosso tratamento com o outro. Respeito é a base para qualquer relação, com qualquer outra raça, mas, foi tirado de nós esta humanidade e o cuidado com a outra pessoa negra acaba ficando em outro plano, ou pior, acaba não existindo, porque fomos ensinados pelo racismo que “negro é tudo a mesma coisa”.

Discutir não é sinônimo de brigar, discutir é debater determinado assunto para chegar, ou pelo menos tentar chegar há um consenso que seja bom para todos os lados e, neste caso, esta é uma discussão entre pretos, para pretos e que deve ter o propósito de crescimento, não ser mais um ponto de discordância que nos separe e fortaleça o macro opressor que temos em comum: o racismo.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

CINCO DICAS PARA MELHORAR A QUALIDADE DAS SUAS FOTOS PARA REDES SOCIAIS | INSTAGRAM

julho 14, 2017 2

As redes sociais fizerem aflorar um lado de quase todos os seres humanos: a atenção ao apelo essencialmente visual, melhorar a qualidade das fotos de suas redes sociais, em especial o Instagram, é uma maneira de manter um público fiel e interessado. Por isto, a missão do post de hoje é dar dicas simples e acessíveis, para melhorar a qualidade das fotos que você leva para as suas redes sociais.

1. APROVEITE O SEU EQUIPAMENTO
Lógico que todas nós gostaríamos de ter à disposição equipamentos de última geração, com focos aperfeiçoados, variações de regulação de luz, abertura de diafragma e todos os recursos possíveis, porém, precisamos trabalhar com a realidade e fazer funcionar o equipamento que você tiver disponível. Sendo assim, se você não tem dinheiro para comprar uma super câmera mas vai poder investir num super celular, pesquise bem sobre os recursos que ele disponibiliza quanto a fotografia ou, se você já tem um celular que fotografa muito bem, aproveite para ver tutoriais de como extrair a melhor qualidade da sua câmera, dicas simples de configuração podem transformar seu celular num super equipamento. 

2. LIMPE A CÂMERA ANTES DE TIRAR AS FOTOS
Outra dica ainda falando de celulares é esta que, apesar de parecer boba, nem todo mundo se lembra. O celular geralmente fica nas nossas mãos o tempo todo e sem prestarmos muita atenção onde o dedo está apoiado, o resultado é que na hora da foto ela sai completamente embaçada e você fica se perguntando porque, quando o motivo pode ser a simples marca da sua digital no meio da sua lente. Tenha o costume de dar uma "limpadinha na lente" antes das suas fotos.


3. A LUZ DO DIA É SUA MELHOR AMIGA
Eu sei que as vezes é impossível não tirar aquela foto meio desfocada, sem qualidade e durante a noite mas, sempre que possível, opte por fazer as suas fotos durante o dia. Por mais que o equipamento seja bom, sem uma luz bastante boa as fotos não ficam tão bonitas e não existe nenhuma luz melhor que a luz natural. Como são fotos para as redes sociais e já falamos sobre planejamento aqui no blog, é relativamente fácil montar um cronograma e se isto couber numa parte em que haja luz natural, é melhor ainda! Escolha um local em que a luz venha por todos os lados, para não deixar uma parte da foto mais escura que a outra e capriche nas composições. Se ainda assim for inevitável fazer as fotos a noite, capriche na luz artificial, deixe-a difusa, com uma distância legal do objeto ou rosto e cuidado com os "estouros" de flash.

4. O CENÁRIO É PARTE DA ALMA DA FOTOGRAFIA
Por mais que você tenha um produto ou maquiagem incrível para fazer a foto, o fundo vai contribuir muito para que ela seja ou não um sucesso visual. Falando em especial do Instagram, que está se tornando cada vez uma rede mais minimalista, clean e "organizada", quanto menos poluído o fundo, melhor. Não necessariamente branco, apesar dos "feeds brancos" fazerem grande sucesso, o segredo parece estar no minimalismo (fundo branco ajuda a conseguir uma unidade, claro), onde um fundo menos carregado tem total influência. Mesmo para as fotos "aleatórias", quero dizer com isto imagens produzidas com frases ou figuras geométricas, tendem a ser melhor recebidas se forem mais "limpas", sem muito texto, lugar de massa de texto é na legenda, não na foto.

5. MANTENHA UM FEED COERENTE
Muita gente chama de "feed organizado", eu também já usei esta expressão, mas, hoje prefiro usar a palavra coerência, porque organizada mesmo nem a vida anda sendo, com a correria dupla (as vezes tripla) que todas nós que não vivemos de blog enfrentamos. Por isto, tentar manter a coerência visual talvez seja mais simples do que ficar o tempo todo buscando a organização "foto - fundo branco - foto", que apesar de ficar maravilhosa, toma, muitas vezes, mais tempo do que realmente temos para cuidar destas coisas. Então tente manter uma unidade visual a cada 3, 6 ou 9 fotos, para que ao olhar seu feed por completo seu público consiga identificar ali um padrão e, com o tempo, reconhecer a identidade das suas fotos, antes mesmo de perceber que foi você quem postou. 

O próximo post será sobre edições para fotos do Instagram, apps para android e sites que facilitam a produção de imagens para as suas redes sociais, fique ligada.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

ATENÇÃO HOMENS, PRECISAMOS FALAR SOBRE CONSENTIMENTO

julho 12, 2017 0



Consentimento parece ser mais uma das muitas palavras da língua portuguesa que os homens (cis) foram ensinados a não compreender, mas, apenas em relação as mulheres. Para o homem o consentimento da mulher passa diretamente pela sua vontade, isso quer dizer que, o não de uma mulher, principalmente, só vai ser aceito se for validado pela intenção do homem numa ou outra situação.

E, antes que você continue a leitura deste texto, é preciso que você saiba que discutir machismo e a sociedade estruturada neste mal, exige uma despersonalização do discurso, exige que você não entenda que isso trata apenas do seu amigo que não é machista ou do seu namorado incrível e respeitador. Infelizmente, quando falamos de sociedade, aquele homem que faz a sua obrigação em respeitar a vontade da mulher não é maioria no comportamento masculino.

Quando crianças, somos ensinadas que o "não" da menina quer dizer charminho, manha, uma estratégia para "valorizar o passe" diante dos meninos e homem que se preze insiste até conseguir, até transformar aquele "não" em um "sim", afinal, era o que ela queria dizer o tempo todo, mas estava "fazendo doce". Com estes e outros comportamentos ensinamos, desde crianças, que o não da mulher pode ser um talvez ou até um sim dependendo da insistência do homem, cresce-se dentro da ideia de que a mulher que recusa, na verdade queria dizer sim, mas está ali se fazendo de difícil, afinal, mulher que não se faz de difícil não se valoriza.

Como resultado disto temos, entre outros, uma quantidade imensa de estupros todos os dias. Para além daqueles que são denunciados, temos os casos de estupros que ocorrem dentro de relacionamentos amorosos, violências em baladas, assédio em ambientes de trabalho, assédios na rua e mais uma longa lista de violações que nós mulheres ouvimos todos os dias, que facilmente deixariam de ocorrer se os homens entendessem o significado da palavra CONSENTIMENTO. 

Do dicionário:



O significado da palavra não poderia ser mais explícito, precisa haver MANIFESTAÇÃO de autorização e, o NÃO é uma palavra mundialmente conhecida como uma MANIFESTAÇÃO NEGATIVA, seja em relação a autorização nestes casos ou qualquer outra ação, em relação ao que foi consultado. No entanto, o "não" feminino tende a ser relativizado de acordo com a vontade do homem. Não bastasse todas as implicações negativas que isto tem na nossa vida, o ato de apontar esta incapacidade masculina também tende a nos trazer mais problemas. Experimente questionar à um homem, a dificuldade dele em respeitar o seu "não" e veja o que acontece! 

Para falar do ponto de vista de mulheres, heterossexuais, que mantem relacionamentos abusivos, é assustadora a quantidade de casos em que elas são estupradas rotineiramente dentro de seus lares. Mais uma vez a ideia de que o "não" da mulher, está subjetivo à vontade do parceiro, faz com que todos os dias mulheres sejam submetidas a este "desejo" incontrolável de homens e seu não, mais uma vez, seja desprezado. Muitas mulheres não sabem que também é estupro quando é cometido pelo seu companheiro, mas, forçar ou intimidar a companheira afim de conseguir sexo é igualmente violento.


CRÉDITOS: FONTE: IPEA

A ideia de que a mulher precisa consentir está longe, por exemplo, das 42,7% de pessoas mostradas nesta pesquisa do IPEA que concordam que as mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas, voltando lá na definição do dicionário, consentimento envolve expressar o acordo e A ROUPA QUE A PESSOA USA não é convenção mundial de afirmação, apenas na cabeça dos homens machistas da nossa sociedade e de mulheres que reproduzem esta ideia. Um número também alto e assustador de pessoas acredita que, se a mulher soubesse se comportar, haveria menos estupros e mais uma vez o absurdo se mostra, o que seriam estes "comportamentos" que validam o estupro? Uma vez que é sabido que estupro é uma violência, não sexo? 

Falando de outras personagens, igualmente ou por vezes mais violentadas, a situação das mulheres LGBT também não é fácil. A sociedade precisa buscar uma "justificativa" para àquela mulher "não gostar do óbvio", que em situações estruturadas sob, é o homem. Assim a negativa de uma mulher que se relaciona com mulheres em no que diz respeito a tentativa de homens também gera agressões, violações e, em casos extremos, a morte. "Como assim você não quer um homem?", "Você não quer mesmo, nem experimentar?", ou a clássica, "Você só fica com mulheres porque não encontrou um homem que te "pegue de jeito" e te faça mulher!". Estas e outras expressões são características do desrespeito dos homens ao nosso "não". 

Como mostrado ao longo deste texto é preciso que os homens, primeiramente, abandonem esta postura defensiva de, antes de enxergarem o problema, fazerem uma salvaguarda de si e enxerguem que o problema é macro e sistemático. Adotar uma postura correta, porém individual, não basta se seu amigo ou colega do lado continua insistindo em se comportar de maneira abusiva e você fecha os olhos. Entendam que consentimento é necessário e precisa ser explícito para que qualquer relação aconteça, afinal, aprendemos também quando crianças que "quando um não quer, dois não brigam". 

sábado, 8 de julho de 2017

AS BASES EXCLUSIVAS PARA PELE NEGRA "NEGRA ROSA" CHEGARAM A BELO HORIZONTE

julho 08, 2017 0
BASES EXCLUSIVAS PARA PELE NEGRA "NEGRA ROSA" CHEGAM A BELO HORIZONTE | Foto: Fernanda Rodrigues
No último dia 24 de junho aconteceu em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), o lançamento das bases da Negra Rosa. Teve post aqui no blog falando da novidade e MUITA GENTE (mesmo) entrou em contato procurando saber como e onde adquirir as bases da marca, mas, o blog ou eu mesma não comercializamos a base, ok? No entanto, fui convidada pela Camila, dona da marca Empoder'Artes, para estar presente neste evento que marcou a abertura de mais um ponto de venda da base aqui em Minas Gerais.
O evento teve a presença da dona da marca, Rosângela, a blogueira carioca que agora é empresária do ramo de cosméticos veio dividir com a gente sua trajetória até aqui e apresentar seus produtos, que envolveram um longo processo de criação e, principalmente, um trabalho que de fato atendesse um maior número e mulheres negras.
BASES EXCLUSIVAS PARA PELE NEGRA "NEGRA ROSA" CHEGAM A BELO HORIZONTE | Foto: Fernanda Rodrigues
Muitas de nós estamos tendo pela primeira vez, contato com uma linha de maquiagens que não exige misturas mirabolantes para alcançar nosso tom, pensando nisso o evento que aconteceu no Espaço Caracóis Cachos, no bairro Eldorado, também teve a presença da Ingrid Lorrane, maquiadora profissional que aplicou a base nas clientes que foram até o evento comprar o produto. Acredito que este tipo de atenção faz sim toda a diferença, uma vez que a maioria de nós não tem tanta familiaridade com bases feitas e pensadas exclusivamente para nossa pele. 
BASES EXCLUSIVAS PARA PELE NEGRA "NEGRA ROSA" CHEGAM A BELO HORIZONTE | Foto: Fernanda Rodrigues
Foi muito bom poder ouvir a história da linha de produtos e ter a certeza de que estamos sendo muito mais representadas, referente aos nossos tons, dentro desta marca. Rolou um bate papo sobre a questão estética, sobre batom e tem vlog no canal mostrando um pedacinho deste dia no lançamento.

BASES EXCLUSIVAS PARA PELE NEGRA "NEGRA ROSA" CHEGAM A BELO HORIZONTE | Foto: Fernanda Rodrigues
Se você é de Belo Horizonte ou Região Metropolitana e tem interesse em adquirir as bases da Negra Rosa, basta entrar em contato com a Camila, da Empoder'Artes, para fazer o seu pedido. Este é o Facebook da loja, pode falar direto com ela e encontrar o melhor tom para você: FACEBOOK EMPODER'ARTES

terça-feira, 4 de julho de 2017

INFORMAÇÃO É UM PRIVILÉGIO. E VOCÊ, COMO DISTRIBUI O SEU CONHECIMENTO?

julho 04, 2017 0
A informação, assim como a ciência e o conhecimento acadêmico, são "poderes", isto é, quem os detém pode manipular, compartilhar, esconder, ajudar ou prejudicar pessoas e muito mais. O que fazemos com o conhecimento que temos é responsabilidade nossa e você já parou para pensar o que você está fazendo com as informações que detém?
Vira e mexe é comum encontrar pelas redes sociais pessoas que debocham, fazem pouco caso ou piada de dúvidas que podem parecer "bobas" para muitos, mas, que para outros, pode ser algo muito importante e valioso e é aí que mora a diferença entre os seres humanos. Ter informação as vezes só faz de você um idiota com referências e conhecimento se você escolhe usar estas informações para subjugar o outro, sabia?
Dividir o conhecimento com o próximo, seja na intenção de apenas partilhar ou mesmo para ensinar o outro deveria ser tão praticado quanto nosso tradicional "bom dia" ou "boa tarde" ao encontrar alguém que precisa da informação, ao invés de usar do poder que o privilegiado pela informação detém para achincalhar o próximo, que tal?
Este videozinho curto no Facebook convida a reflexão e propõe que façamos um uso mais inteligente do nosso conhecimento. 

sábado, 1 de julho de 2017

DIA NACIONAL DE TEREZA DE BENGUELA E DA MULHER NEGRA | MULHERES NEGRAS DA HISTÓRIA

julho 01, 2017 0
Tereza de Benguela - Líder do Quilombo de Quariterê (Vale do Guaporé - MG)
O imaginário do povo negro brasileiro está sendo, aos poucos, ressignificado, povoado e composto por histórias de representantes que vieram do nosso povo. Quando criança, aprendi que a bondade da princesa Isabel havia libertado os escravos, que eu mesma era descendente de escravos, que o povo negro só sabia reagir na base das revoltas, violência e selvageria, que para as mulheres negras era reservado o espaço de agressivas e raivosas dentro da sociedade e hoje, mesmo que aos poucos, já vejo alguma mudança no imaginário que estamos criando na mente das nossas crianças. Mas, vivemos numa sociedade em que o homem sempre é considerado figura central nos atos heroicos ou revolucionários e a outra parte desta ressignificação envolve trazer a tona a participação das mulheres negras na nossa história.
O dia 25 de julho foi instituído, primeiramente, como DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA, LATINO-AMERICANA E CARIBENHA, em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana e desde então a data vem sendo comemorada por atos em todo o mundo, onde a nossa força e resistência são contados, recontados, lembrados e transmitidos para as novas gerações. Como disse, na minha realidade é um pouco mais recente esta perspectiva de destacar boas ações, coletivas ou individuais, do povo negro, o primeiro encontro por exemplo, aconteceu há 25 anos e só recentemente tomei conhecimento de como foi instituída a data. 
O que menos gente ainda conhece, é que no Brasil o dia 25 de julho tem um outro significado igualmente importante. Em 2014 o planalto sancionou a lei 12.987 que coloca nesta data a comemoração oficial do dia de Tereza Benguela e da Mulher negra¹, o texto foi feito pela então senadora Serys Slhessarenko, que justificou a proposta de criar a data como forma de entregar às mulheres negras do país mais uma referência de mulher, negra e da luta que foi ponto determinante nos rumos da nossa história.
Tereza de Benguela foi uma heroína negra que viveu no Mato Grosso, Vale do Guaporé, durante o século XVIII e, segundo os registros históricos que se tem da época, passou a liderar o quilombo Quariterê onde vivia, até então, sob o comando de seu esposo José Piolho, que foi morto por soldados, muito provavelmente durante a resistência. Os quilombos não eram, como muita gente costuma pensar, espaços onde apenas se escondiam escravos fugitivos, eram muito mais que isto, os quilombos eram comunidades com uma forte administração, divisão clara de tarefas e papéis de cada um que, sem toda uma organização não sobreviveriam tanto tempo. O quilombo Quariterê, comandado por Tereza Benguela, existiu, segundo as fontes, de 1730 até 1795, sessenta e cinco anos de resistência e, destes, 25 anos foram após a morte de nossa heroína. Tereza Benguela foi assassinada em 1770 (algumas fontes dizem que ela suicidou-se outras mostram uma doença como causa da morte), mas o quilombo resistiu sob sua liderança até ser atacado pelas tropas do então governador da capitania, Luís Pinto de Sousa Coutinho, que investia contra o quilombo ostensivamente enquanto foi administrador da região (1769-1772). As evidências de sobrevivência do quilombo após a morte de Tereza Benguela ainda são pouco discutidas por falta de documentação, mas, sabe-se que existem registros da coroa portuguesa citando o Quilombo de Quariterê (por vezes descrito como "Quilombo de Guaporé"), até por volta de 1793².
Tereza criou uma sofisticada organização para o Quilombo que, como já foi dito, contribuiu a para sua longa sobrevivência e importância na história do povo negro, 
“Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados, sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo” (Anal de Vila Bela do ano de 1770)³
Após a instituição, a data passou a ser lembrada e vivida no Brasil ainda com mais força do que diante da instituição lá de 1992, como um dia internacional, passando a ter um significado ainda mais forte e próximo para as mulheres negras e brasileiras.
No nosso país as mulheres negras recebem, em média, 1/2 do valor de salários recebidos pelas mulheres brancas e 1/4 dos valores de salários recebidos por homens brancos, na média geral do mercado, morrem numa proporção maior, sofrem mais abusos e estupros, proporcionalmente, são as maiores vítimas da violência obstétrica, além do racismo que nos abate todos os santos dias. Instituir e fazer lembrar nossos símbolos de resistência são um ponto chave para que a nossa auto-estima coletiva seja aos poucos recuperada. 
A grande maioria da documentação histórica que retrata a história do povo negro brasileiro, no período escravocrata, ou é da igreja ou da metrópole, são fontes, também em sua maioria, escritas por pessoas brancas em situação de privilégio em relação aos negros (padres, reis, governadores, senhores de escravos), porém não podem ser desprezadas e dali podem sair grandes dados para nossa história, desde que lidas se lembrando de que o opressor sempre conta a história do ponto de vista que lhe trouxer maior vantagem.


¹ Línk para lei: LEI Nº 12.987, DE 2 DE JUNHO DE 2014. Disponível 1/7/2017 em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12987.htm>
² Fonte: Territórios quilombolas em linhas de fronteira: quilombolas do Forte Príncipe da Beira. Emmanuel de Almeida Farias Júnior. Disponível 1/7/2017 em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252013000100015&script=sci_arttext>
³ Fonte: Tereza de Benguela, uma heroína negra. Portal Geledés. Disponível 1/7/2017 em: <https://www.geledes.org.br/tereza-de-benguela-uma-heroina-negra/#gs.vWy3JuY>

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