segunda-feira, 30 de abril de 2018

SOBRE VESTIR: QUEM TEM QUE CABER É A ROUPA OU VOCÊ?

abril 30, 2018 0
Você serve às suas roupas ou as suas roupas servem em você? Projetado pelo Freepik
Uma das coisas mais chatas que existem é tentar entrar numa roupa e não conseguir. É bem um problema desses que não tem importância, mas, no fundo tem, sabe?
Para abrir mão de se encaixar num padrão, primeiro você precisa ter consciência do que é fazer parte deste padrão. Mulheres negras não são o padrão social num país racista, pensar isso não seria sequer lógico. Afinal, se o padrão é branco [eu arradiquei!], por princípio, os itens que vem depois (magra, alta, loira, cabelo liso) estão automaticamente debaixo deste grande "guarda-chuva" de regras.

SOBRE VESTIR: QUEM TEM QUE CABER É A ROUPA OU VOCÊ?
Deu para entender? É basicamente para dizer que, para nós, mulheres negras, é mais difícil abrir mão completamente do padrão e nos sentirmos bem fora dele, porque, mesmo que tenhamos os três requisitos dentro do guarda-chuva, o básico para ser consideradas padrões, ou seja, o próprio guarda-chuvas, não temos. 
Estando conscientes desta dificuldade e encarando ela de frente, fica mais fácil partirmos para o ponto central desta discussão: na hora de falar de tamanho de corpo, eu tenho que caber neste padrão ou ele terá de se adequar a mim? 

Se você entrar numa loja para experimentar uma roupa que viu na vitrine e ela não servir em você, isso te deixa mal?

O Brasil é um país miscigenado, isso não é um post para discutir o que penso sobre isto, neste momento é importante reconhecer que esta miscigenação (e por consequente, o racismo) tem influência, inclusive, no nosso modelo corporal. Na tv, nas revistas e jornais, na maior parte do tempo o que se vê são corpos que aparentemente não passaram por esta influência, isso acaba refletindo em corpos esguios e que cabem perfeitamente nestas roupas de fast fashion que tanto desejamos e quase nunca entramos.

Mas, não entrar nestas peças é um problema seu ou das roupas?

Se as roupas são feitas para um "padrão", falando apenas de tamanho de corpo, que não é o seu, então são elas que estão sendo feitas para o tamanho errado e não você que "foi feita" errado. Entender isso é o primeiro passo. O segundo é ter consciência corporal.

A distorção da autoimagem é bem percebida quando falamos de casos severos de transtornos alimentares. Isto é quando olham no espelho e têm uma visão deturpada do próprio corpo. Como por exemplo, ser magra e se ver gorda no reflexo. Mas, isto também pode acontecer num outro grau, onde o espelho é a mídia, a propaganda no geral. Olhar para você através de um espelho distorcido, que pode ser a tv, a revista ou a internet, tende a gerar na sua cabeça uma imagem de você que não é real. Daí você vai se olhar de uma maneira, entender que determinadas peças te servem e se frustrar ao tentar vestir percebendo que não é bem assim.

Nem precisa ir tão longe, não precisa sequer chegar ao provador da loja porque talvez isso já tenha acontecido com você na sua própria casa. Sabe aquela calça jeans que você não usa há anos, mas, não desapega porque sempre que olha para ela, tem a impressão de que vai usar algum dia? Até que tenta usar e, adivinha? Não entra!
Você pode ter passado tanto tempo olhando para aquela roupa no seu corpo que, na sua cabeça, ela ainda corresponde a sua realidade. Mas, na verdade não! E retomar esta "consciência corporal" não é nada fácil. 

A consciência corporal é muito mais do que ter noção de qual tamanho vestir.

É quase uma filosofia que recomenda que você conheça e reconheça seu corpo como um todo, entenda que cada parte está ali por uma razão e que, juntas, todas estas partes cumprem a maravilhosa missão de te fazer existir.
No nosso caso, mulheres negras, esta consciência corporal também envolve nossa pele, nossa "casca". Mas, vamos nos ater as roupas que vestem estes corpos.

É preciso ter consciência do seu "tamanho" e entender que isto é seu, é único. Nem todas as mulheres que vestem 42 entram na mesma roupa. Existem as que não vestem nem 42, nem 44 e o "43" não existe nas lojas.

Experimente começar a fazer um exercício de desapego, olhar bem para cada uma das suas roupas e se perguntar, primeiro: "Você me serve ou eu te sirvo?". E segundo: Eu sou feliz com você aqui? Isto é, feliz ainda que peça não te sirva naquele momento, mas também não lhe provoca nenhuma angústia em estar ali, "esperando pra servir de novo". Se qualquer uma destas respostas lhe causar incomodo é porque com certeza esta hora de se desfazer daquela peça. 

Parece óbvio, mas, entender o tamanho que você veste não é tão simples. E descobrir isto pode fazer de você uma pessoa muito mais feliz: com menos peças inúteis no seu armário, menos dinheiro gasto em coisas que sequer entram no seu corpo e o vivendo seu consumo de maneira muito mais saudável.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

RESENHA LITERÁRIA: "O QUE É ENCARCERAMENTO EM MASSA?" [vídeo]

abril 27, 2018 0
Em março de 2018 o Grupo Editorial Letramento trouxe mais um dos volumes da coleção "Feminismos Plurais", coordenada pela filósofa Djamilla Ribeiro. O livro da autora Juliana Borges discute este fenômeno social brasileiro, contextualizando historicamente e propondo um novo olhar sob as formas de punição exercidas no Brasil.




A resenha literária já está no canal. Quer saber o que achei do livro? Confere o vídeo:


segunda-feira, 23 de abril de 2018

DIA MUNDIAL DO LIVRO: O MUNDO LITERÁRIO DE LAVÍNIA ROCHA

abril 23, 2018 0
Uma boa hora de começar com o hábito de leitura é na infância, a literatura infanto-juvenil é um mercado diverso no nosso país e pode ter vários títulos interessantes para "pescar" o interesse de jovens leitores. "O brasileiro não tem hábito de leitura!" Já ouviu dizerem isto? Pois, se não tem, que tal criarmos? 

Confesso que não sou muito dada aos livros de fantasia, mas, sei que a falta de hábito deste tipo de leitura vem, com certeza, do contexto da minha criação, onde a leitura não era tão estimulada. Isto fez com que, além de não encontrar muitos títulos dentro de casa, o que gerou o atual sonho de montar uma biblioteca em casa, quando encontrei eram livros com gêneros mais adultos, assim já comecei a ler coisas para além da minha idade, o que construiu o gosto pela leitura que tenho hoje. 

Mas, nada melhor que pescar nossa juventude e incentivar seu gosto para leitura, com autores e autoras que desenvolvem temáticas atrativas e emocionantes, com respeito, preocupação com a empatia e a formação de jovens meninos e meninas conscientes, não é mesmo?

DIA MUNDIAL DO LIVRO: O MUNDO LITERÁRIO DE LAVÍNIA ROCHA (Foto: arquivo pessoal)
Lavínia Rocha é uma escritora mineira, de apenas 20 anos, autora dos livros "Entre 3 mundos" "Entre 3 segredos" "De olhos fechados" e "Um amor em Barcelona". A mineira escreve para o público infanto-juvenil e também faz palestras em escolas públicas e privadas, sobre a importância de acreditar nos próprios sonhos, como foi se tornar escritora ainda na adolescência e sobre como é se posicionar como feminista negra, assim, tão jovem.

DIA MUNDIAL DO LIVRO: O MUNDO LITERÁRIO DE LAVÍNIA ROCHA (Foto: Reprodução Editora D'Plácido)

Em sua terceira edição, o livro "De olhos Fechados", editado pela D'Plácido, é um dos títulos da autora que mais tenho vontade de ler. A sinopse:

"“Ignorar é a solução”, foi o que pensou Cecília quando alguns papéis beges começaram a surgir no seu quarto, na bolsa e nos seus livros. O que seriam aquelas ameaças e informações sem nexo? Quem estaria mandando? Como se não bastasse, a cada vez que os lê, uma imagem passa em sua mente. Talvez isso pudesse ser menos estranho se Cecília não fosse cega desde o dia que nasceu. Para desorganizar ainda mais sua vida, Tiago – o garoto novo da escola – começa a balançar seu coração e a fazer com que sinta o que ela jamais sentiu. Sua dificuldade agora é acreditar no que sempre tentou passar às pessoas: ser cego não é sinônimo de limitação e tristeza. Entre os desafios do dia-a-dia e da adolescência, Cecília se vê envolvida em um mistério que pode afetar sua vida e de todos os belo-horizontinos, e ela não vai descansar até descobrir – e entender – um grande segredo do passado da cidade que os livros de História jamais ousaram contar." (Site Editora D'Plácido)

Além de falar sobre a vida de uma jovem com deficiência visual e como é estar numa cidade como Belo Horizonte, sob esta condição, Lavínia vai mostrar como a autonomia e independência destas pessoas é possível e real em vários campos da vida.

Opinião dos leitores:                                                    

"Percebi que se desenvolve ali o ponto de vista de mais que apenas uma deficiente visual, mas, uma criança deficiente visual.  Uma coisa que às vezes a gente não pára para pensar, sabe? Quando a gente imagina deficientes visuais, pensa: "essa pessoa já nasceu adulta"! A gente não pensa, geralmente, que estas pessoas tem um processo de vida, na infância de como isto seria para elas enquanto elas são crianças. Acho que isto foi o mais interessante para mim. Perceber como isto [ser deficiente visual] é na vida de uma criança." (Ygor Gabriel, 20 anos)         

                                                            
"Em algumas partes do livro, Lavínia coloca bem como deve ser a sensação de uma pessoa que não tem visão. Durante a leitura, ficamos um pouco apreensivos porque existem ações da personagem, do tipo pegar um ônibus sozinha, que nos preocupa, achamos que ela não é capaz. Isto reflete muito sobre o que pensamos sobre pessoas com necessidades especiais. Sendo que, como qualquer um, com o tempo e a depender da sua criação, esta pessoa vai se acostumar a realizar várias atividades. Se eu deixar uma criança hoje, que nunca pegou ônibus sozinha, ela também vai sentir como um desafio, mas, com o tempo irá aprender, sendo deficiente visual ou não. Além disso, o livro desperta curiosidade, dúvida e é muito interessante saber o que acontece com Cecília. Às vezes temos uma determinada concepção sobre a maneira como vive um deficiente visual, quando a gente lê o livro, desconstruímos muitos destes conceitos. Fora a questão da inclusão, é um livro que é impossível parar de ler, pois há um mistério que envolve a história e que nos instiga a querer desvendá-lo a todo momento. É empolgante, entusiasmante e provoca uma interação real com a história. Gostei muito!"  (Clarice Guimarães, 20 anos)       

Acredito que estimular nossos jovens a pensar a realidade de outras pessoas, é uma das formas mais bonitas e eficientes de treinar empatia e respeito. E, "De Olhos Fechados", de Lavínia Rocha, é um ótimo começo para convidar nossos jovens a serem pessoas melhores.

A primeira exigência de um livro é ser interessante, prender a atenção de um leitor, claro, mas, se este livro for bom e ainda vier com uma mensagem positiva, repassada de maneira didática e eficiente, não é ainda melhor? Então, fica a dica de presente para instigar o gosto para leitura dos nossos jovens meninos e meninas.
Se o hábito de leitura não se cria sozinho, é nosso papel enquanto comunidade incentivar isto nas nossas crianças.

Além deste título, Lavínia também é autora de outros títulos voltados para este público

DIA MUNDIAL DO LIVRO: O MUNDO LITERÁRIO DE LAVÍNIA ROCHA (Foto: Reprodução Facebook)

sexta-feira, 20 de abril de 2018

MINHA ROTINA DE CUIDADOS COM A PELE OLEOSA - [VÍDEO]

abril 20, 2018 0

A pele oleosa exige, além de aceitar suas características principais, cuidados para que a oleosidade não fuja do controle. Este vídeo mostra qual os produtos que utilizo dentro da MINHA ROTINA DE CUIDADOS COM A PELE OLEOSA.

São produtos básicos, em conta, acessíveis e que podem ser encontrados com facilidade. Lembrando que este vídeo não substitui uma consulta com um dermatologista.


quarta-feira, 18 de abril de 2018

INSERÇÃO DE DIU DE COBRE: COMO FOI PARA MIM?

abril 18, 2018 0
Como é o processo de inserção do DIU de Cobre
Durante o processo de decisão para inserção do DIU de cobre fiz muitas pesquisas, li muito material do Ministério da Saúde e da OMS, mas, também li muitos relatos pessoais para entender como havia sido a experiência individual de cada uma. Claro, sabia também que cada mulher é única e, portanto, poderia ser completamente diferente comigo. Como os relatos foram importantes para mim decidi dividir aqui no blog o meu relato pessoal com vocês.

É importante dizer que cada médico tem uma conduta e o ideal é que você fale com o médico sobre todo o procedimento e a forma que ele realiza a inserção. Para saber mais sobre o DIU, já tem post aqui no blog, basta clicar aqui.

COMO FOI O PROCESSO ATÉ CHEGAR AQUI?

O processo até chegar a inserção foi extremamente demorado, cansativo, burocrático e moroso. Atribuo muito disto à falhas humanas, uma burocracia criada apenas com o intuito de impedir o acesso ao DIU, com base em juízo de valor de um médico, que burocratiza o processo, afim de fazer a maioria das mulheres desistir de realizar a inserção. No meu caso, desde a primeira manifestação de interesse em utilizar o DIU de cobre, até a inserção, se passou 14 meses.

O SUS tem OBRIGAÇÃO de fornecer o DIU de cobre (modelo padrão TCu 380A), bem como informar a todas as mulheres sobre vantagens, desvantagens, riscos, taxa de eficiência e tudo que envolve o processo, mas, são poucas as mulheres que resistem as burocracias impostas por vários médicos. Porque não "gostam" de inserir DIU de cobre, porque não sabem ou porque fazem juízo de valor com base numa medicina ultrapassada. Enfim, vários podem ser os motivos da burocratização e poucas mulheres aguardariam tanto tempo quanto eu. Eu sei. Sei também que nem todo mundo que acessa o SUS tem possibilidade de obter as informações necessárias para enfrentar esta burocracia inútil.

Após vários telefonemas, argumentações e contatos, fui encaminhada ao médico que realizou a inserção do meu DIU de cobre. O Dr. Marcelo Eduardo atende pelo SUS na minha cidade, Ibirité. A primeira consulta com ele foi realizada no dia 02 de abril e a inserção foi realizada no dia 16 de abril. Ou seja, Dr. Marcelo resolveu em 14 dias (duas semanas), o que o outro médico da mesma rede de saúde não resolveu em 13 meses. Isto, para mim, é mais uma prova de que muito desta demora tem a ver com a qualidade (ou falta dela) do serviço prestado por certos profissionais do SUS. 

O SUS pode funcionar, tem profissionais incríveis e tem sim um déficit de investimento muito grande no nosso país, mas, funciona na medida do possível e na medida em que os profissionais envolvidos não criam burocracias desnecessárias para desmotivar os usuários.


EXAMES PRÉ-INSERÇÃO


Segundo a Organização Mundial da Saúde, o DIU de cobre pode, inclusive, ser utilizado como  contracepção de emergência, isso quer dizer que EM TEORIA não demanda nenhum exame demorado ou complicado. Esta informação pode ser confirmada no MANUAL GLOBAL PARA PROFISSIONAIS E SERVIÇOS DE SAÚDE da OMS (página 52 e acessível neste link). No mesmo manual, na página 137, consta: "Em muitos casos, uma mulher pode começar a usar o DIU a
qualquer momento se houver certeza razoável de que ela não está grávida." Então, basicamente, é preciso não estar grávida e a anamnese é que vai indicar se há ou não riscos que indiquem necessidade de outros exames mais complexos. 
No caso da minha inserção foi solicitado: ULTRASSOM ENDOVAGINAL PARA ESTUDO DE ÚTERO (com a intenção de confirmar se meu útero estava na posição típica, em anteversoflexão), exame de Papanicolau (que já havia sido feito por solicitação da outra unidade de saúde burocrática). Alguns médicos colocam exigências como estar menstruada, não foi o caso do médico que realizou minha inserção. 

O DIA DA INSERÇÃO

A consulta estava marcada para 09:30hrs no "PACS Sede", no centro da cidade de Ibirité, com Dr. Marcelo Eduardo. Extremamente atencioso e interessado em resolver meu problema, porque esta inserção já havia se tornado um incoveniente.

Chegando ao consultório, o médico conferiu o resultado da ultrassom, fez anotações no meu prontuário e em seguida me encaminhou para a maca. Inseriu o espéculo para avaliar visualmente o colo do útero, nada anormal. Ok. A enfermeira chefe da UBS acompanhou e auxiliou no procedimento a partir daí.

Havia toda uma parafernália cirúrgica assustadora, parecia que era até algo grave, mas, eram apenas materiais estéreis para a manipulação do útero, que é delicada. Finalmente começou a inserção.

Como li muitos relatos pessoais antes de passar por este processo, tantos que nem sei precisar, me preparei para sentir uma dor incapacitante. Li várias mulheres que desmaiaram, caíram a pressão, então eu realmente me preparei para sentir a "dor da morte".

Primeiro ele fez a assepsia do canal vaginal e esta é, sem dúvida, a parte mais chata, mais incomoda de todas. Não sentir dor, mas, incomoda aquela gaze "esfregando" no canal vaginal.
Depois de inserir um outro espéculo, pediu para enfermeira direcionar o foco de luz para fazer a histerometria (processo de medição manual do útero, feito com uma cânula graduada em mm, se não me engano) e me avisou de que eu sentiria um "beliscão", foi o que senti, um beliscão leve e NADA ATERRORIZANTE. Fiquei o tempo todo pensando "é agora, hein, agora vai doer", e este momento nunca chegou.

Bom, feita a medição o médico pegou o DIU que a enfermeira já havia aberto e comparou com a medida encontrada. Me avisou que eu sentiria uma cólica, não senti muito, na verdade. Eu costumo ter cólicas bem fortes de uns tempos para cá, foi bem mais leve do que sinto normalmente. Então ele  inseriu e logo depois tirou o tubo que coloca o DIU de cobre dentro do útero, pegou uma tesoura enorme e cortou as cordinhas, não senti nem cócegas para isso. 

Não estava menstruada e após o procedimento permaneci com um leve sangramento por algumas horas, não durou até a noite. A cólica também durou um pouco depois da inserção, mas, um comprimido de Buscopan deu conta do recado.

Terminado o procedimento, o médico me entregou o cartão de paciente e colocou a data de troca do DIU para 2023. Porém, o DIU TCu 380A tem uma duração comprovada de, no mínimo, 10 anos. Nos EUA já aprovaram o uso por 12 anos. Não questionei a data, sei que o modelo fica 10 anos e achei mesmo que isso não seria motivo de discussão. O médico disse que: "não gosta que o DIU de cobre fique mais de 5 anos dentro da paciente, porque pode quebrar as cordinhas e dificultar a retirada do mesmo. Mas, até "uns" 7 anos (porque eu mencionei que talvez eu tenha outro filho quando acabar meu doutorado - estou na graduação ainda) ele aguenta!".

Eu estou muito feliz por não ter sentido dor nenhuma comparado ao que me preparei, sei que dor depende muito da sensibilidade de cada uma, mas, acho que ler coisas positivas sobre ela também ajuda.

A taxa de eficácia do DIU de cobre TCu 380A normoposicionado é de 99,4%. Lembrando que DIU normoposicionado é DIU de Cobre DENTRO do útero. Não importa a posição, a distância do fundo do útero. Precisa estar TOTALMENTE dentro do útero para funcionar. Apenas isto.

A recomendação agora é uma nova ultrassom após o primeiro ciclo menstrual, para avaliar a posição do DIU dentro do corpo. Após isto, não é preciso ficar fazendo exames de imagem sempre, apenas acompanhar pelo autoexame o posicionamento das cordinhas, tentando perceber se estão maiores que de costume ou se sente alguma ponta "endurecida" na saída do colo do útero, o que pode ser sinal de expulsão parcial do dispositivo.

domingo, 15 de abril de 2018

COMO ESCOLHER O TEMA DO CANAL DO YOUTUBE

abril 15, 2018 1
E se perguntarem a uma blogueira negra, qual seu sonho, o seu objetivo nas redes?
O nosso é dominar o mundo, levar nosso trabalho e nosso estilo de vida por aí, podendo estar presentes em todos os lugares possíveis. 
Confira nossa entrevista para o "Influu" (Ecossistema de Influenciadores Digitais).

Com a participação de: Carlinha Rodrigues, do Blog Carlinha Rodrigues, Kelly Souza, do Blog Beleza Black Power, Lívia Teodoro, do Blog Na Veia da Nêga, e Nattany Martins, do Blog Nattany Martins.



quinta-feira, 12 de abril de 2018

HISTÓRIA: ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO, VOCÊ CONHECE?

abril 12, 2018 1
Visita Guiada ao Arquivo Público Mineiro - UFMG. Foto: Lívia Teodoro
Nos dias de hoje é imprescindível "saber" História, mas, está muito longe disso representar apenas conhecer as datas e o nome de cada revolta de cor e salteado. Afinal, o papel da História, enquanto disciplina, não é ensinar decorebas, mas antes de tudo, preparar homens e mulheres para reconhecerem o passado e aprenderem algo - bom ou ruim - com ele. 

Como vocês devem saber, curso história há 4 semestres na UFMG e cada dia mais tenho certeza que escolhi o curso certo, a profissão certa. Como disse, ser historiadora me dá muito mais que a chance de decorar datas, mas me dá a oportunidade de conhecer e utilizar a história como ferramenta de transformação.
Visita Guiada ao Arquivo Público Mineiro - UFMG. Foto: Lívia Teodoro
O que pouca gente para e pensa é que a História não é exclusiva aos acadêmicos, doutores, "detentores" de todo o saber. A história da nossa cidade, do nosso país, do mundo é pública e pode estar ao alcance de todos. É este um dos papéis do Arquivo Público Mineiro - APM, publicitar a história, não só de Minas Gerais, mas, de todo o Brasil. 

Sem que isto se torne um discurso nacionalista, é importante sabermos O MÍNIMO das nossas origens. Digo "o mínimo" porque enquanto mulher negra, num país construído por cima do tráfico de pessoas escravizadas, é praticamente impossível saber sobre meus ancestrais com exatidão em documentos públicos. No entanto o Arquivo Público Mineiro pode ser útil com informações gerais, sobre localidades, fazendas, instâncias, enfim, lugares que podem dar uma ideia de por onde nosso povo passou.

Visita Guiada ao Arquivo Público Mineiro - UFMG. Foto: Lívia Teodoro
Na última quarta-feira aconteceu uma visita especial e noturna da nossa turma ao Arquivo Público Mineiro. O horário de funcionamento normal é de Segunda à Sexta, de 09:00 às 17:00hrs, mas, em caráter especial, fomos recebidos por Denis Soares da Silva, Diretor de Arquivos Permanentes, que guiou uma visita ao espaço, apresentou os setores do arquivo e preparou uma "mini exposição" de documentos raríssimos que se encontram sob guarda do Arquivo Público Mineiro. 

Visita Guiada ao Arquivo Público Mineiro - UFMG. Foto: Lívia Teodoro
A curadoria da "mini exposição" foi feita pelo nosso colega de turma e estagiário do Arquivo Público Mineiro, Ygor Alves de Souza, que separou raridades incríveis e que deixam a nós, historiadores, fascinados. Como estas fichas, do arquivo da Polícia Política do DOPS, que mostram os registros da nossa Presidenta Dilma Rousseff, do nosso atual Governador Fernando Pimentel e do antigo prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda. 
Visita Guiada ao Arquivo Público Mineiro - UFMG. Foto: Lívia Teodoro
Este "trabalho de campo" foi orientado pela professora Regina Horta, na nossa matéria de Brasil III, que confesso amar. Já vimos colônia, em Brasil I, Império, em Brasil II e agora estamos vendo a Primeira República, em Brasil III. Não é fácil entender este país com tanta matéria, imagina então sem?

Cerca de 20%, segundo Denis, do acervo do Arquivo Público Mineiro estão disponíveis para consulta pública on-line, ou seja, não tem desculpa para não acessar, caso esteja em outro estado. Filmes, microfilmagens e digitalizações estão disponíveis neste site (http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/) e qualquer pessoa pode ter acesso. Além disso, dentro do horário de funcionamento do arquivo, todo o arquivo está disponível para consulta presencial. 

O Arquivo Público Mineiro fica localizado à Av. João Pinheiro 372, Funcionários, em Belo Horizonte, MG - Brasil. E você encontra maiores informações no site do espaço. Além de documentações "antigas", para falar de maneira geral", o Arquivo Público Mineiro ainda preserva a função de abrigar TODA a documentação em papel gerada pelos órgãos do Poder executivo em Minas Gerais, com exceção de algumas secretarias que tem falhado em cumprir os prazos de envio de documentação, você pode encontrar registros bem recentes no espaço. 

O mais importante é que tenhamos vontade de nos apropriar da nossa história, conhecer, ler, procurar e principalmente usufruir do que é de conhecimento público. Esta é uma das maneiras, quem sabe, de entendermos a história como fonte de aprendizado positivo.

domingo, 8 de abril de 2018

FILTROS VSCO ESTILO TUMBLR [PELE NEGRA] - EDIÇÕES FAVORITAS

abril 08, 2018 2
A pior coisa que pode acontecer com uma foto linda e ser editada e ficar "esbranquiçada", com os traços "chapados", retirando toda a dramaticidade da foto. E isto é o que acontece quando aplicamos a maioria dos filtros sugeridos para edições mais tradicionais estilo "tumblr". Por isto resolvi testar combinações no VSCO que favorecessem a minha pele e realçasse o que ela tem de mais bonito: a cor. O resultado são estas edições maravilhosas, aproveitem!

Filtro HB2 (+12), Exposição (+1,4) e Nitidez (+4,0)
Filtro HB1 (+12) e Nitidez (+5,6)
Filtro A9 (+9,2), Exposição (+0,5), Nitidez (+4,4), Saturação (-1,5), Temperatura (-1,9) e Tom de Pele (-0,3)

Filtro HB2 (+12), Exposição (+0.8), Contraste (+0.8) e Saturação (+1,3)
Filtro A5 (+12), Exposição (+1,3), Nitidez (+2,9) e Temperatura (-1,6)

sábado, 7 de abril de 2018

O QUE LUTHER KING, MANDELA E LULA NÃO TEM EM COMUM

abril 07, 2018 0
De um lado um grande líder identitário e ativista antirracista, do outro lado, o Ex-Presidente Lula
Tenho me assustado com algumas manifestações em favor do ex-presidente, Lula, aqui nas redes sociais. Explico o porquê.

Antes de qualquer coisa, precisamos reconhecer que estamos falando de um ex-presidente, chefe maior do estado brasileiro, homem que representou e representa muito para o país, reconhecido e respeitado internacionalmente (inclusive por mais países e líderes do que o homem que atualmente figura como presidente brasileiro, Michel Temer). Não podemos perder de vista isto e entender que, independentemente partido, é preciso tratar com respeito a figura pública de um ex-chefe de estado.
Não falo aqui de "respeito cristão", "não pode ofender o coleguinha", também não pode, claro! Mas, falo aqui de respeitar juridicamente, dentro daquilo que se determina para a figura do chefe de estado. 

Violações de direito num estado democrático já acontecem com as pessoas negras desde que fomos sequestrados para cá, fato, o que não podemos perder de vista é que, reconhecer isto não minimiza o fato de que podemos e devemos questionar e nos preocupar agora com o tratamento jurídico que vem sendo dado ao ex-presidente. Ao que foi dado à Ex-Presidenta Dilma. 
Estão passando por cima de leis, estão tomando atitudes inconstitucionais, só pela polarização política que se tornou esse país.

Defender a democracia virou "coisa de petista".
Gente, Lula está longe de ter desenvolvido um governo 100% socialista, mas muito longe mesmo, viu? Defender a democracia é tentar fazer permanecer o conjunto de regras que se peleja para estabelecer desde 15 de novembro de 1889, COINCIDENTEMENTE, um ano e pouco após a abolição. 

Outra coisa que tem me deixado assustada, é a bestialização que a mídia tenta atribuir ao povo que neste momento defende a democracia, não o Lula. Ontem li uma matéria, cuja a chamada dizia "Se o Lula mandar, voto até em um cachorro. - Diz Militante Pró-Lula", isto é preocupante em tantos graus que nem sei por onde começar. A mídia está aí é para isto, meus caros, sejamos sensatos. É legal fazer piada com "Lula Ladrão Roubou meu coração", eu também faço, mas, precisamos embasar nossos argumentos para não parecermos uma manada de zumbis repetindo "Lula 2018".

Mandela e Lula em Moçambique - 2008

Por último, não menos importante se você chegou até aqui: é preciso parar de comparar a luta do Ex-Presidente Lula à dos líderes identitários como Martin Luther King, Mandela e Malcolm X. É preciso comparar o motivo da perseguição jurídica destas pessoas, Lula não está sendo perseguido porque defendeu o direito das pessoas de existirem pacificamente, não sejamos inocentes. Lula foi o "administrador" de um país, nesse período fez e desfez acordos e DE NENHUMA MANEIRA "só trabalhou pelos pobres", as indústrias, bancos e empresários deste país lucraram muito de 2003 a 2011. Acordos costurados não permanecem para sempre e do momento que não fica mais interessante para alguns, alianças costumam ser quebradas.

Reconheço todos os avanços deste país que saiu do mapa da fome (e Michel Temer já tratou de recolocá-lo), subimos a nossa linha da pobreza, avançamos tecnicamente, aumentamos a possibilidade de pessoas negras e indígenas nas universidades, Ciências sem fronteiras, diversas medidas que beneficiaram a população negra. E não foi porque o Lula tomou para si a luta da população negra, sim porque estas medidas eram necessárias para colocar o Brasil em patamar de país avançado. 

Entendam, a população negra representa mais da metade deste país e só se andaria para frente, colocando o país em situação mais importante no mundo, se essa população andasse. Não é à toa que a "fama" do Brasil só tem caído com os demais países considerados desenvolvidos, não é porque o Lula não é mais presidente, é porque o atual governo deixou de tomar medidas que faziam o país ANDAR PARA FRENTE. 
Perdemos direitos porque o país parou de andar, não porque estes direitos foram feitos especificamente para a população negra. Nos beneficiamos de medidas internacionalmente reconhecidas como positivas para EVOLUÇÃO GERAL. Aí, como estamos aqui dentro, andamos. O Brasil tomou medidas MÍNIMAS para ser considerado "politicamente civilizado", era o MÍNIMO que não tínhamos e foi com este MÍNIMO que fomos beneficiados. CONSEGUEM ENTENDER ISSO?
Número de Pessoas mortas por polícias no Brasil - 2001 - 2017 . FONTE: PORTAL G1

O estado continuou sendo agente de genocídio negro, e a intenção neste caso não é uma comparação com X ou Y partido, é para mostrar que: entre direita e esquerda continuamos sendo negros, continuamos morrendo.

Reconheçamos então todas as ações positivas pelo Ex-Presidente Lula, reconheçamos que é inadmissível o desrespeito a democracia. Reconheçamos também que é muito mais do que "Lula" ou "Petê". Sejamos maduros para não polarizar a política, mas, e PRINCIPALMENTE, vamos estudar para entender que cada caso é um caso, cada líder é um líder.

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