quarta-feira, 19 de setembro de 2018

QUEM PARIU MATEU QUE O EMBALE?

Mulheres de negócios têm espaço para ser mães?
Muitas mulheres têm escolhido não ter filhos e isso não é nenhum problema. A autonomia feminina também passa pelo campo de escolher não gerar filhos ou mesmo adotar, optar pelo trabalho, carreira acadêmica etc. Mas, e quanto às mães, o que fazemos com elas dentro dos espaços de negócios?
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A maior parte da dificuldade da maternidade é social. Sejam as mães que têm uma rede de apoio ou as que não têm, a maior parte dos problemas enfrentados não é gerada por uma criança. Com isso quero dizer que nossos problemas enquanto mães, na sua maioria, são causados por uma sociedade que não sabe lidar conosco. E, bom, não estou pedindo para lidar com nossos filhos, mas, conosco na nossa completude e os filhos fazem parte da completude de mulheres mães. Não é difícil raciocinar isso.
Além das questões afetivas, do modelo de criação escolhido por cada mãe, há questões de ordem prática. Nem toda mulher tem à sua disposição uma equipe que cuida das refeições, deveres de casa, roupa limpa, visitas ao médico, ou seja, ainda que ela seja uma mulher de negócios, precisa desempenhar a segunda ou terceira jornada de ser mãe. Em espaços femininos de negócios, dificilmente se pensa na mulher mãe. Espaços nos quais as crianças possam estar, cuidadores que assessorem essas mães, porque a sociedade simplesmente ignora essa outra faceta.
“Quem pariu Mateu que o embale?”
(e quem meteu Mateus?)
A sociedade ignora as demandas de mães muitas vezes por ser cômodo, outras como uma maneira de penalizar a mulher que não desempenha a função de mãe como acreditam ser o certo. Afinal, lugar de mulher não é liderando projetos, empresas ou pessoas: é em casa cuidando dos filhos!
No Brasil, mais da metade das famílias é chefiada por mulheres e sem a figura paterna presente no lar, então, não é uma opção para essas mulheres estar em casa “apenas” cuidando dos filhos – entendendo aqui quão complexa e difícil é essa tarefa – quando o sustento precisa vir de algum lugar. O Brasil – algumas regiões mais que as outras – sequer tem creches suficientes para receber todas as crianças da região. Você já parou para pensar o quanto a vida profissional dessas mulheres é prejudicada? E, é bom lembrar que devemos encarar enquanto vida profissional TODAS as profissões, todas as mulheres têm o direito de poder construir suas carreiras mesmo sendo mães.
“Então não tivesse filhos...”
(Bom, não temos muitas opções nesse país!)
Além da maternidade ser totalmente compulsória, o Brasil falha miseravelmente na aplicação das políticas de planejamento familiar, na informação de mulheres em idade reprodutiva, além de muitas vezes dificultar o acesso a métodos considerados mais seguros, como o DIU, por exemplo.
Outro ponto é que DIREITO REPRODUTIVO também quer dizer o direito de escolher quantos e quando ter filhos, o que deveria formar uma sociedade que respeita as mulheres que escolheram ser mães, com espaços que recebam aquelas que, além de mulheres, são mães.
Muitas vezes, as pessoas não refletem sobre o fato de que ninguém questiona a existência de um adulto, mas, questiona as crianças e consequentemente questiona a presença ou mesmo a existência de mães em certos espaços.
É preciso pensar de maneira que as mães se sintam incluídas e aceitas nos espaços de negócios. Pensar que a maternidade é MAIS UMA faceta da mulher e não o determinante que irá excluí-la de atividades e espaços. Pensar atividades que contemplem as mães não é um “favor”, é se mostrar parte de uma sociedade que, bom, crianças não nascem grandes e temos rigorosas leis que protegem esses seres sociais.
Creches, espaços para crianças em eventos, seminários, empresas e outros círculos em que são realizadas negociações importantes e mulheres não devem ser excluídas.
Como disse, o problema da maternidade muitas vezes não está na criança, mas, na sociedade que esquece que a criança também é parte dela.

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