quinta-feira, 29 de setembro de 2016

ELA É NEGRA E PINTA O CABELO DE LOIRO PORQUE TEM VERGONHA DE SER NEGRA

setembro 29, 2016 3
Quando as pessoas confundem empoderamento estético com apenas cabelo, logo vem a tona esta crítica à cor que escolhi para os meus cabelos: se você tem tanto orgulho de ser negra, porque pinta os cabelos de loiro?
ELA É NEGRA E PINTA O CABELO DE LOIRO PORQUE TEM VERGONHA DE SER NEGRA
Esta é uma pergunta que sempre surge, quando o imaginário das pessoas admite apenas para as pessoas brancas esta cor de cabelo. Que nada mais é, do que a cor que escolhi para o meu cabelo. Não tem um código por trás desta cor específica (que vale dizer, nem sei que cor é, tantas foram as transformações feitas aí), não tem um significado mediúnico nesta cor, eu acordei um dia decidida a deixar claro e deixei, é simples. Mas apesar de ser só uma cor, há por trás da escolha dela muito empoderamento sim, porque para a mulher negra deixar de lado todos os padrões estéticos conhecidos, é preciso uma boa dose de afronta.
Negros naturalmente loiros, nas Ilhas Salomão - LEIA MAIS SOBRE ELES AQUI
Pois bem, passada a parte mais difícil de aprender e internalizar que, não é uma exclusividade da raça branca ter cabelos loiros, passamos para a próxima parte que é, entender por onde passam as questões do empoderamento estético.
É importante lembrar que, de todas as opressões que nós sofremos na infância, a maior parte delas está relacionada aos nossos cabelos. Não pode soltar, não pode pentear, dá trabalho, é feio, tem aparência de sujo, ressecado e todo aquele senso comum reproduzido dia após dia, fazendo com que as nossas crianças negras acreditem que nossos cabelos tem de fato algum defeito. Com o passar do tempo e o fato de muitos pais (ou responsáveis) alisarem os cabelos crespos, com a justificativa de assim "darem menos trabalho", a nossa lista de possibilidades que já não era grande, diminui ainda mais. Não pode pintar, não pode colorir nem descolorir, porque geralmente as químicas de transformação não são compatíveis com as químicas de coloração (outra grande polêmica mas, farei um post depois explicando a diferença entre estas duas), daí nós passamos anos com o cabelo "na mesma", porque é impossível fazer qualquer outra coisa, se quisermos manter ele no padrão que a sociedade diz que devemos permanecer. 
Quando então conseguimos nos livrar das amarras do padrão "Europa", imposto de forma cruel a nós, mulheres negras, vem também a percepção de que nossos cabelos são livres e com isso, podemos ter o cabelo da cor e da forma que a gente quiser. Escovado, natural, com tranças, colorido, platinado, enfim quando a gente se liberta para o cabelo natural, se abre um mundo de possibilidades. 
Assumir o próprio cabelo e a própria negritude, nos devolve parte da liberdade que nos foi tirada a tantos anos atrás, nos devolve a liberdade de pensar e decidir por nós mesmas, respeitando nossa essência e nossas características. A liberdade de brincar com as cores, de entender que você não precisa ter a pele branca ou o cabelo liso para ousar e se reinventar. Nos desprendemos então do preconceito que diz à mulher negra, o lugar que ela deve permanecer e, qual a forma que devemos nos apresentar. 
ELA É NEGRA E PINTA O CABELO DE LOIRO PORQUE TEM VERGONHA DE SER NEGRA
Por isso, ousar e experimentar novas cores é exercitar a liberdade que o cabelo natural nos traz, é afrontar um padrão que além de limitador é cruel, é dizer ao mundo que nós, mulheres negras, existimos, resistimos e não nos importamos mais se vocês dizem que "cabelo loiro não combina com a nossa pele", porque nós simplesmente temos um cabelo que nos permite fazer o que quiser.
Então vocês não acham mesmo que nós, que passamos tanto tempo presas num padrão estético que nos limitava, vamos deixar de aproveitar a vida e as cores que ela nos oferece, por causa de mais um padrão idiota, não é mesmo? 

TAG: LOUCA POR BATOM

setembro 29, 2016 0
TAG - Louca Por Batom (By Camila Coelho)

PERGUNTAS

1. Quantos batons você tem na sua coleção?
2. Com quantos anos você começou a usa batom?
3. Um batom que você não vive sem?
4. Um batom pra arrasar?
5. Qual foi o último batom que você comprou?
6. Um batom que você se arrependeu de ter comprado?
7. O seu batom queridinho do momento?
8. O seu batom mais caro e o mais barato?
9. Um batom desejo do momento?
10. Você gosta, ama ou é viciada em batons?
11. Mande um beijo para uma pessoa especial e diga qual batom te faz lembrar ele(a).


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

LUDMILLA NÃO É A MAIOR DESCONSTRUIDONA QUE VOCÊS RESPEITAM

setembro 28, 2016 2
As situações as quais nós mulheres negras, principalmente as de pele escura e cabelo crespo, somos submetidas todos os dias, muitas vezes nos expondo ao ridículo, nos levando a depressões e outros problemas psicológicos, parecem não terem somente os racistas como impositores.
LUDMILLA NÃO É A MAIOR DESCONSTRUIDONA QUE VOCÊS RESPEITAM
As dezenas de compartilhamentos que vi hoje, das fotos da cantora Ludmilla após todas as suas cirurgias plásticas, vieram de pessoas negras. Homens e mulheres, não foram dois ou três amigos, foram mais de vinte vezes em que eu tive de ocultar essa publicação na minha timeline. Bom, é normal e esperado que tudo que passe na minha linha do tempo venha de pessoas negras, afinal, são mais 70% dos meus amigos nesta rede social. E também é bem verdade que esta discussão vem rolando nas redes sociais a vários dias, Ludmilla vem fazendo transformações nas suas características negroides a várias semanas. 
O problema não está em compartilhar piadas, eu não sou aquela que virou ativista e não sabe mais rir de piadas, mas sim, em expor ao deboche novamente uma mulher negra, que certamente chegou a este ponto por todo deboche e pressão que sofreu durante a vida. 
Esqueçamos aqui quem é a Ludmilla, celebridade e que aparece na mídia conquistando fãs e haters, mas vamos tratá-la como um mulher negra "qualquer", destas que nós encontramos na rua todos os dias. Sempre que eu vejo uma mulher negra numa destas situações que nos causam "vergonha alheia", eu não consigo mais debochar ou ficar de piadinhas, porque eu sei que poderia ser eu naquele lugar ou qualquer outra mulher negra, que como tal, não precisa de mais piadas e mais opressão, já fizeram isto o bastante para que ela chegasse até o tal ponto. 
Não consegue associar essa situação com nenhum caso "comum"? Eu ajudo a pensar numa situação mais próxima. Por muitos anos, eu usei aplique nos cabelos. Das muitas preocupações de quem usa aplique estão duas, cair uma mecha numa situação inoportuna, ter menos cabelo no aplique do que se deveria e ele ficar totalmente separado do seu cabelo, dando aquele efeito mais falso possível. E não é raro ver isto nas ruas, um aplique tão mal feito, mas tão mal feito, que você pensa: "nossa, como essa mulher preferiu se submeter a esse papel, do que assumir o próprio cabelo?" Mas não podemos esquecer, que ela prefere ter aquele cabelo "mais ou menos bonito" do que o seu próprio porque provavelmente, ela deve considerará-lo muito "pior" que aquilo. Consegue imaginar o quanto de opressão essas mulheres sofrem, para aceitarem ser sujeitadas a este papel vexatório?
Porém hoje, nós temos os super heróis da auto-estima negra, os "empoderadões", aqueles que já transcenderam todas as opressões, não se importam mais em serem chamados (por vezes aos gritos) de "cabelo duro" nas ruas, não se importam mais em ter o nariz ou a boca como centro de piadas, ou até se importam, mas sabem responder à altura e exaltar a sua estética em revide a esse tipo de comentário racista. E não há nenhum problema nisto, a menos que você se esqueça que nem todos são "os desconstruidões que você respeita"!
Assim como diversas mulheres negras se sujeitam aos mais diversos papéis que nós, criaturas que não sofrem de auto-ódio, não nos sujeitaríamos, a Ludmilla não está imune a isto. O fato dela ser uma celebridade, não a protege dos racistas. Ter dinheiro neste país, não nos blinda dos racistas, nunca nos esqueçamos disto. 
Por último em relação a todas as piadas, xingamentos, deboches e ofensas que a Ludmilla tem recebido, seria interessante os negros pensarem: já pararam para ler e perceber, que vocês estão falando exatamente como os nossos opressores nestes comentários? Não se trata aqui de defender a Ludmilla, há diversos traços no comportamento dela que não concordo, mas sim de me posicionar ao ver vocês desconstruidões da internet, criticarem uma mulher preta que está apenas tentando fugir da nossa estética, que todos os dias é diminuída, ridicularizada e alvo de RACISMO. O racismo é uma máquina, que nos esmaga todos os dias, das mais diversas formas, somos alvos de piadas, nenhum meme ou vídeo viral sobre "cabelo ruim" tem uma personagem branca, loira e lisa como centro, porque será? Vamos fazer neste momento um exercício de consciência, quantas vezes vocês imaginam que, por ser uma pessoa exposta na mídia, esta mulher sofreu com o racismo? Quantas vezes a mídia não deve ter exigido que esta mulher se embranquecesse para alcançar o sucesso? É sabido que no Brasil, a preta que faz sucesso tem cabelo liso ou ondulado, pele clara e nariz fino. 
Por tudo isso, façamos o exercício de entender que a Ludmilla é apenas mais uma mulher negra, sucumbindo ao sistema de branqueamento que opera nesse país desde que o negro é negro por aqui, que ela está reagindo a opressão exatamente como muitos de nós reagimos tempos atrás, que a mídia que paga o trabalho dela exige isso para que ela continue ganhando dinheiro e, imagino que ninguém aqui esteja muito disposto a deixar de ganhar dinheiro pela militância, não é mesmo?

terça-feira, 27 de setembro de 2016

LEI 10.639/2003 - O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA É OBRIGATÓRIO NO BRASIL, VOCÊ SABIA?

setembro 27, 2016 0
Entrevista com a Secretária de Educação do Estado de Minas Gerais, Macaé dos Santos Evaristo, falando sobre assuntos pertinentes ao movimento negro, dentro do campo educacional.
Macaé Evaristo dos Santos - Secretária de Educação do Estado de Minas Gerais (Foto: Rosália Diogo)
A lei 10.639/2003 altera a Lei  9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Isto passa a ser obrigatório, nas instituições de ensino fundamental e médio, sendo públicas ou particulares. Mas infelizmente, sob as mais infundadas justificativas inclusive religiosas, muitas das nossas instituições de ensino, não tem cumprido esta lei que é federal, ou seja, vale para todo o país.
Nesta entrevista feita no dia 24 de julho, tive a honra de conversar com Macaé Evaristo sobre diversos aspectos da lei, envolvendo sua aplicação, as dificuldades na implantação e a importância dela. Além é claro, de falarmos sobre a atual situação política do nosso país, dando destaque aos retrocessos na educação.

Sobre a Lei 10.639, para você, qual o significado dela dentro do movimento negro do Brasil?


"Primeiro eu acho que a lei é uma ação afirmativa curricular, ela é muito importante porque ela altera a lei de diretrizes e bases da educação, para incluir História e Cultura dos Africanos e dos Afro Brasileiros nos currículos escolares, eu entendo que a lei é um marco porque ela vai depois ter reflexo em várias outras normativas educacionais, inclusive na construção de diretrizes curriculares, para educação (dentro) das relações étnico-raciais, ensino de história e cultura africana e dos afro brasileiros. A lei também vai acabar abrindo e tornando visível, a necessidade de diretrizes específicas para tratar da educação das populações quilombolas, então digo que esta lei é um marco porque a partir dela vai ficar visível, o despreparo das nossas instituições de ensino superior responsáveis pela formação de professores, no cumprimento desta determinação, porque nós não tínhamos dentro das nossas instituições núcleos de pesquisas, de estudo, produção de materiais, para a formação de professores e que pudessem ser utilizados na educação básica. Cabe destacar que, no momento da homologação da lei, nós tínhamos no Brasil cinco centros de estudos africanos em universidades, mas estes centros estavam preocupados com outras áreas de conhecimento, pouco preocupados em pensar uma agenda curricular para a educação básica que incorporasse a produção africana das ciências, artes, literatura."

Além das mudanças operacionais, quais as mudanças estruturais que a Lei 10.639/2003, trouxe para o nosso sistema educacional?


"Após a lei o MEC vai construir alguns editais que vão ser muito importantes, vai construir um edital do Uniafro por exemplo, que vai favorecer que instituições superiores no país, possam  começar a constituir os seus primeiros núcleos de estudos africanos africanos, núcleos de ações afirmativas e núcleos que vão tratar a questão da juventude negra. Este edital do Uniafro, ajudou a instituir vários cursos de pós-graduação nesta área e serão destes cursos, que depois nós teremos aí os nossos primeiros mestres e doutores que vão trabalhar toda esta agenda. O cenário hoje, treze anos depois da lei, é muito distinto do que nós tínhamos em 2003, tanto no que diz respeito à profissionais com formação necessária para formar professores na educação superior mas também, na educação básica, a questão do material didático eu posso dizer isto, porque em 2004 eu coordenava a área de política educacional de Belo Horizonte, nós fizemos o primeiro edital para aquisição de livros em cumprimento à lei, foi um kit de literatura afro brasileira e naquele momento nós conseguimos comprar 56 obras sobre o tema, mesmo assim muitas das obras tinham 30, 40 anos, não tinhamos um recente de publicações nesta temática, dois anos depois, quando fomos fazer o segundo kit  nós já recebemos mais de 100 títulos, então foi muito importante essa agenda, o mercado editorial captou rapidamente e abriu portas para uma literatura africana e afrobrasileira, assim como abriu campo também para uma maior conexão da literatura dos escritores brasileiros com escritores dos países africanos de língua portuguesa, cada vez ampliando mais para todo o continente africano. "

Muitos atribuem à falta de qualificação dos professores, a dificuldade em se encontrar profissionais que consigam ajudar a escola no cumprimento da lei. Outros porém, atribuem a falta de material didático. O que percebemos claramente, é um "jogo de empurra-empurra" na hora de explicar porque não se cumpre às determinações nas escolas. À que devemos atribuir esta dificuldade?


"A parte de materiais, eu falo que eu adoro principalmente literatura infantil, é uma coisa que sempre consternava quando você ia trabalhar com crianças,  é que você não tinha um material que apresentasse a população negra de uma maneira afirmativa, como reis e rainhas, para que ela (a criança) gostasse de se ver naquela obra. Hoje nós temos inúmeras , hoje não é porque não temos material, a dificuldade de fazermos isto na escola não é pela falta de material ou não ter a formação de professores (é claro que a gente precisa fazer muito mais), é preciso nós entendermos que como uma ação afirmativa, esta lei atua fazendo uma “disputa” de concepção, então a escola assim como a sociedade brasileira, ela também é racista e, nós vamos enfrentar isso. "

Como pais e outros membros da comunidade escolar, podem enfrentar e denunciar, casos de descumprimento da lei dentro das instituições?


"Mas, como enfrentar? Eu acredito que hoje, nós temos mecanismos como, procurar a secretaria de educação, procurar o ministério público, nós temos ouvidorias na área de educação, as pessoas devem procurar, as famílias devem atuar e entender que quando nós estamos falando de um ensino de história, cultura dos africanos e dos afro brasileiros, não estamos falando de proselitismo religioso, porque eu também defendo o estado laico, cada pessoa ou família escolhe a sua crença, a sua fé, o seu sagrado, não cabe a escola ter nenhum tipo de influência nesta área, agora, traduzir a cultura, a memória, a produção cultural e científica dos africanos, a uma ideia de religião, também é uma forma de opressão, também é uma forma de desconstrução (negativa), eu acho que quanto a isto a gente precisa estar atento e forte, denunciar e agir."

Estamos vivendo em nosso país, um momento grave e de muitos golpes também contra a educação. Escola sem partido, propostas de alterações nos currículos escolares, flexibilizações que prejudicarão os docentes e os discentes. Qual a sua visão sobre isto?

"Eu acho que nós estamos neste momento, um momento grave, esta repressão ela vem de diferentes formas. Eu quero falar do “A escola sem Partido”, eu acho que é muito grave isto, isto é quebrar a constituição de 88, é quebrar a nossa lei de diretrizes e bases da educação nacional, onde diz da liberdade de aprender, de ensinar, da pesquisa, ou seja, da liberdade de docência. Isto é muito grave, porque um estado que concebe, que cinco famílias podem ser proprietárias dos maiores veículos de comunicação, que disputam visão de mundo e concepção e quando se faz qualquer coisa contra esses grupos midiáticos, as pessoas falam que nós estamos batendo na liberdade de expressão, mas as pessoas não tem nenhum pudor, de bater na liberdade de docência. Eu acredito, na educação brasileira, na escola pública, acredito nos educadores e nós não vamos nos calar. A docência ela precisa ser livre, porque isto é uma marca de uma sociedade democrática, não existe democracia, sem liberdade de pensamento. "

Macaé Evaristo, também falou ao blog Na Veia da Nêga, sobre sua trajetória acadêmica e, os desafios que ainda não conseguimos superar na educação da população Afro brasileira. CONTINUAR LENDO...

AÇÕES AFIRMATIVAS: OS CONSERVADORES BRASILEIROS ACUSARAM UM GOLPE E, POR ISTO, DERAM UM GOLPE

setembro 27, 2016 0
Entrevista com a Secretária de Educação do Estado de Minas Gerais, Macaé dos Santos Evaristo, falando sobre assuntos pertinentes ao movimento negro, dentro do campo educacional.
Macaé Evaristo dos Santos - Secretária de Educação do Estado de Minas Gerais (Foto: Rosália Diogo)
Em 2016, completamos quatro anos de uma das mais significativas mudanças na área da educação, no que diz respeito às políticas de ações afirmativas de reparação, para a comunidade negra do Brasil. A política de cotas, só foi aprovada em 2012, antes disto o movimento negro já lutava por mudanças e depois dela também já vieram outras conquistas. As cotas raciais e sociais, ainda que alguns considerem "pouco", são um marco importante na caminhada dos Afro brasileiros.

Comparando as várias fases do nosso cenário educacional, o que mudou e o que ainda deve mudar, na educação oferecida à população negra?

"Bom, eu acho que é importante a gente considerar que, primeiro a nossa sociedade ela se estruturou sobre o racismo e a nossa herança pós-abolição foi a exclusão das políticas públicas e, isto não é diferente, quando a gente fala de educação. É sempre bom quando a gente fala ações afirmativas, de cotas raciais, nos lembrarmos que no final do século XIX, nós tivemos dois decretos do estado brasileiro, que proibiam o acesso de crianças negras à escolarização. E adultos negros, só poderiam ter acesso à educação, se o professor aceitasse, se houvesse vaga e no horário noturno. Eu falo que estes dois decretos vão marcar, toda a lógica da organização educacional, ao longo do século XX. Ou seja, nós temos uma tarefa por fazer, que é garantir acesso à educação em todos os níveis, desde a educação infantil até a educação superior, para a população negra. Eu fiz o curso superior, na década de noventa, num contexto de que algumas mulheres negras conseguiram fazer educação superior, trabalhando o dia todo, porque eu fiz o curso de magistério de nível médio, fiz concurso para a rede pública de Belo Horizonte e como eu fui aprovada no concurso, consegui deixar minha família no interior, me manter em Belo Horizonte e pagar os meus estudos, ou seja, eu trabalhava manhã e tarde, para pagar meus estudos à noite. Naquele momento, nós não tínhamos nenhum cenário ou nenhuma política pública que apoiasse a inserção de jovens, mulheres e homens negros, na educação superior. Naquele momento, nós também não tínhamos universalizado, o que poderia chamar de “os anos iniciais” do ensino fundamental. É importante demarcarmos no âmbito da educação, que nós vamos universalizar, de 6 a 14 anos, o acesso à educação, na década de noventa. E só agora, com o novo plano nacional de educação, é que nós estamos preconizando a universalização do acesso, para a população de 4 e 5 anos e  para os jovens de até 17 anos. Então, nós chegamos ao século XXI com uma tarefa por fazer, no que diz respeito à educação, que veio do século XIX, porque se fez a abolição da escravatura, mas se negou o direito à políticas educacionais, de saúde, políticas de habitação, de acesso à terra, para a maioria da população brasileira, porque naquele momento nós já éramos maioria da população brasileira. "

Você se formou há 20 anos atrás num curso superior, dentro de uma instituição particular e reconhecidamente ocupada por, aqueles que podemos chamar, "herdeiros sociais", de lá pra cá, o que você acredita ter mudado no cenário da educação superior?

"O que mudou, eu acho, na cena educacional? É inegável e nos devemos reconhecer que a universalização do ensino fundamental, a ampliação do acesso ao ensino médio e políticas de ações afirmativas, que muitas vezes se iniciaram pela ação, do movimento negro, ou dos negros em movimento, foram colocadas em atuação. Só para gente ter uma ideia, a Frente Negra, lá no inicio do século XX, a primeira metade do século XX, já preconizava e já dizia da importância ao acesso do jovens negros, à educação superior. E nós só vamos conseguir aprovar cotas, nas instituições federais de ensino superior, em 2012, numa perspectiva de que o projeto ele teria quatro anos para se efetivar na sua integralidade, então 50% das vagas de todos os cursos, de todas as turmas, deveriam ser compostas por alunos  oriundos da escola pública e, ao pensar cotas sociais, se incorporou também o critério de cotas raciais, com a compreensão de que no Brasil, não se trata somente de uma questão de classe social, entender que o componente racial, como categoria sociológica, raça como uma construção social e política é importante, porque isso determinou muitos lugares, acessos.

Estes "lugares" determinados pela sociedade, como eles influenciaram nessa clara divisão das universidades, que até então, eram ocupadas pelos tais "herdeiros sociais"?

"Se a gente olhar, estudos por exemplo, tem muitos estudos hoje que recuperam a história da escola no Brasil no final do século XIX, nós já tínhamos professores negros, já tínhamos estudantes negros, participando no ensino fundamental e até na educação superior, porque o contingente populacional de negros, não era só de negros cativos, nós já tínhamos negros alforriados, que trabalhavam no Brasil em diferentes situações e o que a gente vai ver pós-abolição, é um branqueamento do acesso, ou seja, da população negra nesses espaços, considerados espaços de poder, porque sim, são capazes de transformar as relações sociais, mas também podem incidir fortemente nas relações de classe e de mobilidade social. "


Então hoje, o que temos de novo no campo educacional, reconhecido pelo movimento negro brasileiro? Você acredita que as redes sociais e blogs, como o meu por exemplo, podem contribuir positivamente às mudanças?

"Então hoje, o que a gente tem de novo, no século XXI? Ainda temos uma agenda, do século XIX  por fazer, mas eu acho que nós temos um componente diferente hoje, que é a possibilidade de uma maior articulação e expressão pública do movimento negro e da constituição de redes, eu acho que esta é uma ferramenta nova. Ao mesmo tempo que é uma ferramenta nova para a opressão, ela também é uma ferramenta nova que pode ser usada no sentido emancipatório. E acho que a gente consegue hoje, quando eu estou aqui, falando com dois jovens que estão utilizando a internet, fazendo canal, fazendo uma mídia educativa, uma mídia alternativa que rompe com a lógica dos grandes grupos midiáticos no país, eu acho que este conteúdo é diferente. E nós tivemos políticas públicas que também é importante a gente reconhecer isto, nos últimos anos nós tivemos editais específicos, nós tivemos a construção  dentro dos governos, de setores específicos, então a construção de um ministério, de uma secretaria especial de políticas de promoção da igualdade racial, de criação dentro do ministério da educação, de uma secretaria de educação continuada, alfabetização, diversidade e inclusão, foi muito importante, na área de saúde inclusive, nós tivemos em diferentes áreas, organizações (de áreas) que se preocuparam em instituir políticas públicas para a população negra. Isso deu tanto efeito, que a gente vê agora, no momento que nós vivemos um golpe, a primeira linha de frente para ser atacada, foram as políticas de diversidade e as políticas de inclusão, tamanha a força que se reconhece nessas áreas. Que nós, que somos ativistas e militantes, ainda achamos que “foi pouco”, mas os setores conservadores da sociedade brasileira acusaram um golpe e, por isso, deram um golpe. "

Macáe Evaristo, também falou ao blog Na Veia da Nêga, sobre as dificuldades de aplicação e avanços, provocados pela lei 10.639/2003. CONTINUAR LENDO...

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

12 CORES DE BATONS NA PELE NEGRA - BATONS QUEEN

setembro 26, 2016 0
Todo mundo sabe que, na pele negra, os batons tem um contraste especial e por muitas vezes, nos surpreendem com um resultado totalmente diferente do apresentado em peles que não são negras. 
No post de hoje e no vídeo do dia no canal do Youtube, vou mostrar à vocês alguns batons da Queen com aplicação em pele negra.


Queen 01
12 CORES DE BATONS NA PELE NEGRA - BATONS QUEEN

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12 CORES DE BATONS NA PELE NEGRA - BATONS QUEEN

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12 CORES DE BATONS NA PELE NEGRA - BATONS QUEEN

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12 CORES DE BATONS NA PELE NEGRA - BATONS QUEEN

Queen 08
12 CORES DE BATONS NA PELE NEGRA - BATONS QUEEN

Ficou curiosa para ver as outras cores? Confere o vídeo de hoje no canal, além de nove batons da primeira coleção da Queen, tem três batons bônus da marca:

sábado, 24 de setembro de 2016

ACONTECE EM BEAGÁ: PRIMEIRA MOSTRA DA MULHER NEGRA DE BELO HORIZONTE

setembro 24, 2016 0
Em julho deste ano, aconteceu em Belo Horizonte, a Primeira Mostra da Mulher Negra realizada pelo Instituto Casarão das Artes
ACONTECE EM BEAGÁ: PRIMEIRA MOSTRA DA MULHER NEGRA DE BELO HORIZONTE (Foto: Rosália Diogo)
As Blogueiras Negras de Belo Horizonte, participaram em julho da, Primeira Mostra da Mulher Negra, que aconteceu no Memorial Minas Vale - Praça da Liberdade. A mostra apresentou painéis com mulheres de peso, na música, cultura, literatura, empreendedorismo e nós tivemos a honra, de integrar um destes painéis, o  tema era "Ativismo Digital: Abordagens Positivas e Negativas na Internet". Trocamos ideias sobre diversos pontos, que podem ser discutidos dentro da pauta do ativismo digital como, quando conseguimos promover mudança na mídia, no mercado cosmético, no combate à violência contra mulher, na plurissignificação positiva do corpo negro e a nova cara do cinema, tudo isto usando a internet como ferramenta de mobilização.
ACONTECE EM BEAGÁ: PRIMEIRA MOSTRA DA MULHER NEGRA DE BELO HORIZONTE (Foto: Rosália Diogo)
A mestra de cerimônias desta mostra, foi ninguém mais, ninguém menos, que Cristal Lopez. Cristal é uma mulher negra, ativista pelos direitos das mulheres trans, rainha de bateria do bloco afro Angola Janga e muito, mas muito consciente, da sua representatividade neste evento pioneiro em Belo Horizonte.
ACONTECE EM BEAGÁ: PRIMEIRA MOSTRA DA MULHER NEGRA DE BELO HORIZONTE (Foto: Rosália Diogo)
O painel sobre ativismo digital, foi uma bela oportunidade para nós, blogueiras negras de Belo Horizonte, podermos mostrar um outro lado do nosso trabalho. Engana-se quem pensa que a vida da blogueira negra e ativista, é um mar de rosas, maquiagens e looks do dia. Primeiro, porque é possível sim discutir todos estes assuntos colocando-os dentro de um recorte social e de raça, depois porque não é possível nos dias de hoje, se manter totalmente alheia à situação do povo negro no país. Ainda que estejamos hoje, inseridas num meio que discute muitos assuntos menos substanciais dentro da comunidade negra, estamos aprendendo a fazer ativismo, representatividade e diversão andarem juntos, ainda que não seja possível em todo o tempo.
ACONTECE EM BEAGÁ: PRIMEIRA MOSTRA DA MULHER NEGRA DE BELO HORIZONTE (Foto: Rosália Diogo)
Agradeço ao Instituto Casarão das Artes que deu oportunidade ao Na Veia da Nêga, mostrar  ao público um pouco mais da base que constitui o meu trabalho aqui no blog, a pesquisa e os bastidores de todo o conteúdo que chega até vocês. É sempre um imenso prazer poder ter contato com o público, seja ele politizado ou não, para poder ser representatividade real e ao alcance de todas as pessoas. 
Durante esta semana vai ao ar aqui no blog, a entrevista que realizei com a secretária de educação do nosso estado. Além da conversa sobre ativismo digital, nós fizemos nosso papel de mídia negra e trouxemos entrevistas com as convidadas da mostra. Foi um papo maravilhoso e um momento de total aprendizado com a Macaé Evaristo e a entrevista está incrível.
E, não poderia finalizar este post sem agradecer, o camarim organizado para nós blogueiras com muito carinho e atenção. 
Para saber mais sobre as ações do Instituto Casarão das Artes, você pode acompanhar a página do instituto nas redes sociais - Facebook -, para não perder nada da programação, sempre enegrecida e empoderada, que eles oferecem à Belo Horizonte. Já tem post aqui no blog, sobre a mostra preparada por eles no dia Internacional da Mulher em Belo Horizonte, um belo espetáculo para o povo negro.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DESCULPE O TRANSTORNO, MAS, É PRECISO FALAR SOBRE PROFESSORES RACISTAS

setembro 22, 2016 1
A escola de modo geral, é um ambiente inóspito para pessoas negras, eu posso falar disto com toda a certeza em generalizar, porque exceções existem, mas elas só vem para confirmar a regra: escolas são ambientes racistas!
DESCULPE O TRANSTORNO, É PRECISO FALAR SOBRE PROFESSORES RACISTAS
A vida toda fui aluna de escola pública, com exceção apenas da pré-escola, pois na minha região este ensino não era oferecido pela administração pública às crianças e, para eu não chegar ao ensino fundamental sem saber nada, minha mãe fez um esforço além das suas possibilidades para me colocar numa escola particular, que nos dias de hoje, custaria algo em torno de R$100,00. Muito humilde, muito simples e, tinha lá seus defeitos, foi onde aprendi a ler, escrever e que a vida não seria nada fácil na escola.
Dizem que ninguém nasce racista e eu acredito nisto, mas se aprende muito cedo a ter esse comportamento lamentável. Com sete anos, as crianças que estudavam na mesma escola que eu, já sabiam fazer piadas maldosas com o meu cabelo, minha cor da pele, meu nariz largo e com os meus lábios grossos. As crianças, em sua maioria negras nesta escola, sabiam inclusive, separar os de pele clara para "pegar mais leve" nas piadas. 
No ensino fundamental I, não foi diferente. Era uma escola muito grande, mais de 200 alunos só na mesma série em que eu estava, todos os dias uma ofensa ou piada diferentes, quase todas envolvendo meu cabelo ou o fato das minhas pernas ficarem "russas" com facilidade. E obviamente não era só comigo, mas todas as crianças negras que ali estavam, como sendo maioria, os negros por vezes oprimiam seus iguais, fruto de um aprendizado com os maiores e principalmente, da omissão dos professores e coordenação da escola. Era uma época em que era "comum", chamar o colega negro de macaco e os professores não reprimirem aquele comportamento.
Os anos passaram e ao invés de reduzir, o racismo na escola só aumentava. A pré-adolescência é um período difícil para todas nós, mas ser mulher e negra nesta fase da vida, é muito próximo do inferno. Os colegas são cruéis, as colegas consideradas "padrão" são cruéis, os professores além de omissos passam a tratar, principalmente os meninos, com um racismo ainda maior e, as meninas, com uma objetificação sem fim.
Um estudante de 14 anos, negro, foi chamado de macaco por uma professora durante uma discussão no Instituto de Educação Clélia Nanci, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. O caso aconteceu na segunda-feira, mas a docente, identificada como Nádia Restum, só foi afastada da escola estadual nesta quarta. A mãe do aluno registrou uma queixa por injúria racial na polícia.
Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/professora-chama-aluno-negro-de-macaco-durante-discussao-em-sala-de-aula-20152093.html#ixzz4L17YjWa0

Toda a minha trajetória escolar, foi marcada pelo racismo sem dúvidas e, ledo engano de quem acha que, ao chegar no ensino superior, a história vai melhorar. Não, não vai e se bobear, piora!
Atualmente, curso história numa universidade federal que é considerada uma das melhores do Brasil, mas, que não é diferente em nada, da primeira escola pública em que estudei. Ou melhor, é diferente no fato de que os professores não são apenas omissos, mas tão ou mais racistas, que meus colegas de universidade. Como já disse, existem as exceções que estão aí para confirmarem a regra, mas no geral, entendo o porque do comprometimento da saúde mental de tantos dos nossos estudantes negros país afora, a Universidade é um ambiente racista também.
No curso de história, um dos termos preferidos dos meus professores é o tal anacronismo, que quer dizer basicamente, o erro cometido ao contextualizar um tempo histórico com base no seu tempo atual, é mais ou menos como eu querer analisar, levando em consideração os valores da nossa sociedade hoje, algo ocorrido no século 19. Pois bem, este termo é usado por muitas vezes para justificar eles ainda serem racistas, como alguns gostam de dizer, "em pleno 2016". Exemplo disto, é um determinado professor, que em todas as suas teses, artigos publicados e aulas dadas, afirma a teoria de que EXISTEM e QUE SOMOS todos frutos de uma mestiçagem positiva e romantizada, por isso, não somos negros e sim, MESTIÇOS, PARDOS OU MULATAS. Isto mesmo, mulatas, em 2016, um termo reconhecidamente racista e já debatido por diversos estudiosos que hoje, reconhecem o racismo nesta expressão. Mas, para não ser anacrônica, é preciso separar quando se usa este termo para referir-se à um tempo em que, a expressão era comummente usada, do nosso tempo agora, em que muitos estudiosos reconhecem o caráter depreciativo desta expressão. Menos, é claro, este professor citado.
O ambiente acadêmico é branco, sendo assim, ao estudante negro restam poucas alternativas: debater, adoecer ou embranquecer!
Podemos então continuar considerando normal e esperado, que a ancestralidade negra seja massacrada no ambiente acadêmico? A ponto de aceitar o estudante negro, somente se ele for levado ao seu ponto máximo de exaustão?
Diariamente são vinculadas na mídia reportagens retratando racismo por parte de professores, o que não é de espantar. Nossos professores estão sendo formados em um ambiente racista, por outros racistas, que num ciclo, já se formaram com outros mestres igualmente preconceituosos. E é sabido que o meio docente, não é dado a aceitar críticas e muito menos, descer de seus pedestais. Precisamos sim quebrar este ciclo, mas, como faríamos isto se a universidade continua funcionando como um ambiente inóspito para as pessoas negras, assim como todo o ciclo básico escolar?
Sabemos que é preciso resistência, seguiremos então abrindo espaços, há dez anos atrás era muito mais difícil que hoje. Sigamos todos denunciando sempre estes casos, promovendo debates, levando para dentro das paredes blindadas da acadêmia, nossas pautas e contra-argumentos, sempre que possível, nos baseando em pesquisa. Apenas quando ocuparmos os espaços de formação, com a produção de novos educadores, é que conseguiremos modificar este ciclo racista.

CREMES HIDRATANTES FAVORITOS DO MOMENTO

setembro 22, 2016 0
Cuidar da sua autoestima, é hoje um privilégio para muitas mulheres negras e, uma destas formas de se amar, pode ser dando mais atenção aos cuidados com a sua pele.
CREMES HIDRATANTES FAVORITOS DO MOMENTO
Por um longo período da minha vida, minha autoestima não foi "lá grandes coisas" e, os motivos são vários, mas todos, com a origem que todas nós conhecemos bem e desde a infância, o racismo. Um dos traços que mais me incomodava, quando criança, era a famosa "canela russa", digo famosa pois esta era uma das minhas características escolhidas, entre os pequenos racistas com os quais eu era obrigada a conviver na escola, para fazer piadas e zombarias. Por isso, desde muito novinha, desenvolvi a preocupação em ter sempre um creme hidratante por perto e, como nem sempre sobrava dinheiro para este luxo (porque sim, creme hidratante, ainda é luxo para muitas pessoas, que dirá há quinze anos atrás), perdi as contas de quantas vezes usei uma misturinha de sabonete e água, para "hidratar" (leia-se, esconder o russo) as pernas. 
Hoje, tenho consciência de que este cuidado com a pele, não é uma obrigação, mas sim uma escolha que tenho o privilégio de poder fazer. Cuidar de mim, como uma forma de carinho e não uma maneira de esconder algo que é meu. Aos poucos, estou conseguindo me livrar desta obsessão por não sair de casa sem creme hidratante, em nenhuma hipótese. Já consigo percorrer pequenas distâncias, sem ficar me preocupando se a pele está ou não acinzentada. Afinal, quem não é negro também fica acinzentado algumas vezes e vive normalmente com isto. Porque nós, mulheres negras, temos que nos torturar?
Dito tudo isto, vamos agora a indicação de hidratantes que tenho usado no momento, para como já disse, cuidar da minha pele e da minha autoestima, dedicando algum tempo a mim mesma, sem pressão, apenas usufruindo deste privilégio que hoje, posso ter e não descarto. 
CREMES HIDRATANTES FAVORITOS DO MOMENTO
O Creme Basic + Care, é conhecido das frequentadoras das lojas americanas. Sempre via deste creme por lá e, depois de algum tempo, resolvi experimentar. Adoro cremes de algodão, porque todos tem um cheiro muito suave e tendem a ser, com a textura mais leve. A marca tem vários produtinhos, todos do jeito que eu mais amo: com precinho bem amigo, mais um motivo para eu testar este produto. E o resultado, foi que eu amei. O creme tem uma textura leve e é mesmo muito hidratante, rende bastante e vem nessa embalagem de 500ml, custando apenas $6,00. Um ponto negativo, é que ele demora um pouco para ser absorvido pela pele e "desaparecer" após a aplicação, mas nada que prejudique o investimento, vale muito a pena.
CREMES HIDRATANTES FAVORITOS DO MOMENTO
Dos cremes que eu mais desejava, na minha infância, esse com certeza está no topo da lista. Era considerado um dos mais caros, na época, ter ele significava ostentação. Os hidratantes Paixão sempre se destacaram pelo perfume e hoje, considerados mais baratos, mantiveram essa característica que eu amo. Confesso que escolho eles pelo cheiro e não pelo tipo de pele, para qual são indicados. Neste pote de 200ml, paguei R$4,90, também na loja Americanas. Além do cheiro maravilhoso, o Paixão contém óleo de amêndoas e promete uma pele hidratada por 24hrs. 
CREMES HIDRATANTES FAVORITOS DO MOMENTO
O creme nativa spa - ameixa, da O Boticário, é o atual queridinho da minha vida e que já estou sofrendo previamente pensando no fim. Como vocês já sabem, eu tenho uma relação de amor e ódio com a O Boticário, o amor porque adoro os hidratantes da marca, não posso ser hipócrita e dizer que os produtos são ruins ou que eu não goste. Mas ódio, porque eles tem um péssimo atendimento com as pessoas negras, não contratam funcionárias negras e, principalmente, não entendem nadinha de recorte racial. Inclusive, o dia de retirar este creme na loja, foi mais um dia de provação espiritual, de funcionárias me atendendo mal e toda a rotina costumeira para mim, ao entrar numa loja da rede. Mas agora, vamos falar do creme: Perfume e hidratação garantidos, o preço desta embalagem de 200ml é de R$29,99 no site da marca. 
CREMES HIDRATANTES FAVORITOS DO MOMENTO
Por último nesta lista, um creme específico para as mãos. Das áreas mais ressecadas do meu corpo, as mãos estão no topo da relação, além de serem muito mais sensíveis. Outro fator que me fez adotar os cremes de mão e, incluí-los a minha rotina, é que na maior parte das vezes, os sabonetes disponíveis em locais públicos, como shoppings ou mesmo na faculdade, são muito fortes e ressecam muito as mãos e, andar com um creme específico na bolsa, pode ser uma ótima solução. A parte ruim, é que eles são sempre carinhos, não é mesmo? Encontrei este, da Monange, que virou meu favorito porque custa menos de R$5,00, o que ainda está dentro dos meus privilégios. Ele contém óleo de amêndoas, é indicado para peles normais e secas, não deixa as mãos "melecadas" e tem um cheirinho super suave.

Para aquelas que, como eu, são amantes de cremes hidratantes, a dica de hoje é maravilhosa, com cremes bons, baratos e muito indicados para a pele negra. Se deu certo para mim, tem altas chances de dar certo para você também. Deixem nos comentários as dicas de hidratantes que vocês também tem usado no momento, para que eu possa conhecer também. E, outra coisa importante assim como cuidar da pele do corpo, é cuidar dos lábios para evitar o ressecamento, então aproveita para visitar o post aqui no blog, com meus hidratantes labiais favoritos.

sábado, 17 de setembro de 2016

SHAMPOO BOMBA EMBELLEZE MEUS CACHOS: E AÍ, CRESCEU?

setembro 17, 2016 3
O shampoo bomba Meus Cachos Embelleze, promete, a nós crespas e às cacheadas, um cabelão dos sonhos. Usei por trinta dias e, hoje , é dia de vocês conferirem o resultado.
SHAMPOO BOMBA EMBELLEZE MEUS CACHOS: E AÍ, CRESCEU?
No mês passado iniciei, junto à outras blogueiras, do Clube de Blogueiras Negras de Beagá, um projeto de crescimento capilar. Não é para ficar "loca" e, colocar nos cabelos, tudo aquilo que dizem ser bom, para o crescimento deles. Mas sim, experimentar produtos e comportamentos saudáveis, que levem a um crescimento, também saudável, dos nossos cabelos crespos. Você pode ler, aqui no blog, sobre esta decisão de iniciar o projeto de "Crescimento Capilar".
SHAMPOO BOMBA EMBELLEZE MEUS CACHOS: E AÍ, CRESCEU?
Usei por trinta dias, por conta própria, já que o fabricante não faz indicação de período mínimo para obtenção de resultados, gostei bastante do efeito e, além de auxiliar no crescimento, a principal mudança notada é que, os cabelos deixaram de cair em 75%, além de aumentar em muito o volume, deixando os fios mais encorpados.
O Shampoo bomba Embelleze funcionou para o meu cabelo, que não tem um crescimento muito bom, devido à má alimentação, mas isto já venho tentando mudar (tem post no blog sobre alimentos que ajudam no crescimento capilar).
SHAMPOO BOMBA EMBELLEZE MEUS CACHOS: E AÍ, CRESCEU?
No meu caso, eu preciso levar em consideração, não só o crescimento em comprimento, mas, principalmente, a redução drástica na queda dos cabelos. Estava perdendo muito cabelo, em cada lavagem ia além do normal, a queda para um cabelo ser considerado saudável. O Shampoo Bomba Embelleze Meus Cachos, reverteu essa queda assustadora e, isso com certeza, contribuiu para o crescimento sadio e, sem neura, dos meus cabelos.
Tem vídeo no canal, mostrando a comparação de uma mesma mecha, para vocês notarem o desenvolvimento real, dos meus cabelos crespos. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

CAMISAS PARA COMPOR O LOOK - DANDO UM UP NA COMBINAÇÃO

setembro 14, 2016 0
Estamos caminhando para o final do inverno e começo da primavera, este tempo que não faz calor e nem frio suficiente inspira nas camisas. Então ouse no look na combinação e arrase!
Look do Dia: Camisa + Shortinho e Alpargata = ♥
Quem acompanha o blog já sabe que eu sou realmente viciada num brechó e é de lá que saem estas ideias maravilhosas! Eu amo uma combinação diferenciada, fugir do óbvio e do que todo mundo está usando ultimamente: enquanto todos foram para as listras, eu me jogo nas bolinhas!
A inspiração deste look é pura vontade de usar aliada a criatividade de ousar e pronto, só isso que você precisa para tornar seu guarda-roupas um mundo de enormes possibilidades. Vale sim combinar estampas, neste caso a onça e o poá conversaram muito bem e a bolsa na cor forte, ajuda a dar vida ao look.
Look do Dia: Camisa + Shortinho e Alpargata = ♥
Estamos numa parte da estação que nem o frio está tão intenso, nem o calor chegou com tudo, isso ajuda a combinar as pernas de fora com a camisa mais quente. 
E por falar nisso, as camisas nos dão infinitas possibilidades de tornar o guarda-roupas um celeiro de looks infinito, quer ver só?
Look do Dia: Camisas femininas para diversificar o armário
No caso da camisa jeans é uma peça realmente coringa, combina com quase tudo e vai do estilo clássico ao despojado, vai depender só de como você combinar. Vale muito a pena investir numa peça destas para o seu armário e sem gastar muito, só garimpando no brechó.
Look do Dia: Camisas femininas para diversificar o armário
Vai bem com calça, saia ou short, o que manda é exclusivamente como você se sente bem. E nada de "Ah, mas isso não combina comigo", sem sequer experimentar antes e saber como fica!
Aproveite este tempo fresquinho para experimentar misturar e sobrepor algumas peças algumas peças para criar um look novo. Quando a gente imagina que não tem roupa, talvez seja só uma questão de combinar outra vez.

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